O gramado do Engenhão atraiu opostos neste domingo. Um time assustado
pelo risco de queda, com peças atrapalhadas, foi salvo pelo estalo de um
talento individual contra um adversário organizado, esperançoso de título, mas
em tarde discreta de seus principais nomes. Golaço de falta de Adryan no
segundo tempo evitou que o Flamengo perdesse a quinta seguida no Brasileirão. O
empate por 1 a 1 fortaleceu o Grêmio na luta pela ponta - já que Fluminense e
Atlético-MG perderam na rodada. Marcelo Moreno marcou para os gaúchos ainda na
etapa inicial.
O Flamengo viveu momentos de terror. Chegou a ter uma derrota combinada
com vitória do Sport sobre o Inter - resultados que o deixariam a um ponto da
zona de rebaixamento. Mas foi apenas susto. Saiu o empate no Engenhão, e o
Colorado buscou a igualdade no Beira-Rio. Com isso, o Rubro-Negro segue em 16º,
com 28 pontos, quatro à frente do Z-4. Está há sete partidas sem ganhar. Mas
saiu aplaudido pela torcida após o apito final.
- Jogamos bem. Tivemos uma desatenção no primeiro tempo, mas sabíamos
que se tocássemos a bola, marcássemos e mostrássemos vontade, com certeza
chegaríamos no ataque para fazer o gol. A torcida também está de parabéns,
apoiou do começo ao fim porque reconheceu o que fizemos dentro de campo. O
importante é somar pontos. Queríamos os três, conseguimos um - disse Vágner
Love na saída.
Para o Grêmio, o panorama poderia ter sido melhor. Mas é ingratidão
reclamar da rodada. Com as derrotas do líder e do vice, o time de Vanderlei
Luxemburgo foi a 48 pontos, na terceira colocação. Tem três a menos que o
Atlético-MG e cinco de defasagem para o Fluminense.
- O empate não é ruim, não. As equipes que estão na frente perderam.
Poderíamos ter encostado, mas é sempre difícil jogar aqui contra o Flamengo -
comentou Zé Roberto.
Ibson tenta levar o Flamengo ao ataque
(Foto: Alexandre Loureiro / Vipcomm)
As duas equipes voltam a campo no domingo, ambas fora de casa. O
Flamengo encara o Atlético-GO às 16h. O Grêmio enfrenta o Atlético-MG às
18h30m.
Quantidade
não é qualidade
Zé Roberto tem a bola sob seu controle. Até se enrola com ela, mas
consegue acionar Pará. Do lateral, a jogada flui para Elano. Marcelo Moreno já
liga as antenas e parte para receber às costas da zaga. E marca. O gol do
Grêmio, aos 17 minutos do primeiro tempo, é uma troca de passes, uma ação
coletiva, uma trama. É justamente aquilo que, rodada após rodada, o Flamengo
não consegue encontrar.
saiba mais
O Grêmio fechou a etapa inicial na frente do Flamengo mesmo com menos
posse de bola (52% a 48%), menos finalizações (seis contra quatro), muito menos
bolas levantadas na área (seis a um). É que quantidade não é qualidade. Jogadas
gratuitas, aleatórias, não combinam com precisão. E o time tricolor soube ser
preciso. Fernando, suspenso, não fez falta. A impressão é de que quaisquer que
sejam as peças no meio-campo azul, o time vai funcionar. Marco Antônio, um
meia, foi o substituto do volante.
O Flamengo, é bem verdade, já jogou pior neste Brasileirão. Mas a
entrada de Léo Moura no meio não corrigiu, num passe de mágica, os problemas
visíveis da equipe de Dorival Júnior. Os atletas seguem jogando como se não
tivessem a mínima ideia de onde está o colega - o que talvez justifique o
excesso de jogadas áereas, uma bengala comum para os times que não conseguem
criar com a bola raspando no gramado.
Os donos da casa até tiveram uma ou outra chance. Já no primeiro minuto,
Luiz Antonio bateu cruzado, e Liedson, no meio do caminho, desviou para fora. O
mesmo atacante, aos 24, acertou o travessão de Marcelo Grohe, depois de mais um
cruzamento de Ramon afastado pela zaga adversária. De resto, foram chutes de
longe - ou defendidos pelo goleiro (caso de uma tentativa de Wellington Silva),
ou mandados para longe (como num arremate torto de Vágner Love).
O pé
direito de Adryan
Quando o conjunto é vazio, resta apelar para a qualidade individual. É o
que Adryan, o substituto de Luiz Antonio no intervalo, tem. Uma cobrança de falta
preciosa do garoto, aos 15 minutos do segundo tempo, deu vida ao Flamengo. A
chuteira que ele calça em seu pé direito encontrou a bola, e a bola encontrou o
ângulo de Marcelo Grohe - que não encontrou nada. Golaço. 1 a 1.
O Flamengo voltou melhor no segundo tempo. O time gaúcho não resistiu ao
cacoete de recuar. Vágner Love, ainda antes do gol de Adryan, já poderia ter
marcado. A bola caiu na rede, mas por fora.
O Grêmio tentou recuperar corpo no jogo. Elano, perigoso, arriscou duas
vezes, mas sem sucesso. Enquanto isso, o time da casa seguia disposto a
eliminar seu drama no campeonato. Nixon, que entrou no lugar de Liedson,
recebeu em profundidade de Léo Moura e quase virou. Parou em Grohe. Bottinelli
mandou pancada de longe, perto da meta tricolor.
Os minutos finais foram de tensão. As duas equipes (especialmente os
cariocas) davam sinais de que ainda poderiam buscar algo melhor. Mas não
conseguiram. O empate por 1 a 1 nem aproximou o Flamengo do inferno, nem colou
o Grêmio no céu.
Varjota Esportes - Ce. / Globoesporte
Nenhum comentário:
Postar um comentário