Carta olímpica e assembleia: como 'golpe de estado' pode ser alternativa para COI adiar Jogos para 2021

Sede do COI em Lausanne, na Suíça © Getty Images Sede do COI em Lausanne, na Suíça
Quando irá ocorrer a próxima edição dos Jogos Olímpicos? A questão continua sem resposta exata, enquanto que o mundo se vê diante de medidas de isolamento por conta da pandemia do coronavírus.
O Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou no domingo que irá tomar uma decisão em até quatro semanas a respeito da data do evento a ser realizado em Tóquio.
No mesmo dia, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) manifestou seu desejo de que a Olimpíada ocorra no meio de 2021 e demonstrou“confiança moderada” de que isso venha de fato a acontecer.
Porém, o que diz exatamente a Carta Olímpica, que é como a constituição dos Jogos Olímpicos?
“Em todos os casos, o período de validade de qualquer contrato concluído por um Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos não deve estender além de 31 de dezembro do ano dos Jogos Olímpicos em questão”, diz o documento.
Dessa forma, representaria o adiamento para 2021 a violação da Carta Olímpica? Com a palavra, Katia Rubio, professora da Faculdade de Educação da USP, membro da Academia Olímpica Brasileira e autora de livros como “Atletas Olímpicos Brasileiros” e “Heróis Olímpicos Brasileiros”.
“A Carta Olímpica é clara de que o período de uma Olimpíada são 4 anos e acontece em anos pares. O fato é que na história olímpica nunca houve um motivo como esse que levasse a consideração do cancelamento ou da transferência. As três edições suspensas, de 1916, 1940 e 1944 foram por conta da Primeira e da Segunda Guerra. Mesmo diante dos boicotes de 1980 e 1984, não foi alterado o calendário dos Jogos. Fato é que essa pandemia é também uma coisa inédita na história recente da humanidade. O que digo recente são os dois últimos séculos. Não há precedente. Para jogar os Jogos para 2021 significa uma quebra na Carta Olímpica, e, para isso acontecer, é preciso haver uma assembleia do COI com os seus membros delegados determinando que isso aconteça dessa forma”, declarou a especialista.
“E pensar em uma assembleia na atual conjuntura também me parece uma coisa bastante improvável, porque os delegados precisariam se locomover de seus países até Lausanne (Suíça), e isso também é absolutamente impraticável neste momento.”
O que representaria a violação da Carta Olímpica?
“A Carta Olímpica é algo tão precioso para o movimento olímpico quanto é a constituição para um país. Ou seja, é a norma que rege a conduta de atletas, comissões técnicas, dirigentes, e também as regras dos Jogos Olímpicos que são a face pública do olimpismo. Não seguir a Carta Olímpica seria mais ou menos como ter um golpe de estado e desrespeitar a constituição. Por isso que quem é do movimento olímpico fala o tempo inteiro sobre essa questão do respeito à carta olímpica”, afirmou Katia Rubio.
Sendo assim, qual é o melhor procedimento a ser tomado no atual cenário?
“O melhor cenário é aquele que não coloca em risco a saúde dos atletas. Ou seja, é preciso agora haver uma queda da pandemia, para que todos possam voltar a treinar e completar o seu treinamento para chegar nos Jogos. A questão é que ainda há vagas em aberto para preencher as competições. Então neste momento deveria estar acontecendo alguns pré-olímpicos e algumas seletivas para preencher estas vagas. Na verdade o COI vai ter que fazer um belíssimo exercício de criatividade, coisa que eles não são muito bons, para tentar encontrar saída para esse cenário, que é absolutamente único.” 

  Varjota Esportes - Ce.               /             MSN.

Nenhum comentário:

Postar um comentário