É seguro dizer que a exclusão da classe Finn das Olimpíadas, a partir de Paris-2024, deixou grande parte do mundo da vela incomodada. Em entrevista ao LANCE!, Jorge Zarif (um dos principais nomes brasileiros na classe e quarto lugar no Rio-2016) já tinha exposto sua indignação com a medida.
O grande alvo das críticas é a World Sailing, Federação Internacional da modalidade, que decidiu pela retirada da classe. Torben Grael, bicampeão na Star em Atlanta-1996 e Atenas-2004 ao lado de Marcelo Ferreira, é um dos vice-presidentes da entidade, eleito em 2016.
Torben não exclui a possibilidade do surgimento de um torneio similar no Finn, mas reforça que tudo depende de uma organização interna dentro da classe. Durante o Prêmio Brasil Olímpico, o velejador - que entrou para o Hall da Fama do Comitê Olímpico do Brasil (COB) - reforçou ao LANCE! que o jogo da política no esporte tem seus personagens lutando por seus próprios interesses, não necessariamente o bem geral da modalidade.
O grande alvo das críticas é a World Sailing, Federação Internacional da modalidade, que decidiu pela retirada da classe. Torben Grael, bicampeão na Star em Atlanta-1996 e Atenas-2004 ao lado de Marcelo Ferreira, é um dos vice-presidentes da entidade, eleito em 2016.
Em 2011, a lenda do esporte brasileiro viu a classe que o consagrou ser retirada do programa olímpico a partir dos Jogos Rio-2016 - em seu lugar entrou a 49erFX, em que Martine Grael e Kahena Kunze garantiram o ouro. Em resposta à exclusão da Star, um grupo de mais de 100 velejadores se uniu em 2012 para a criação da Stars Sailors League. A ideia era clara: recolocar a classe em evidência com uma disputa mais atrativa.
Torben não exclui a possibilidade do surgimento de um torneio similar no Finn, mas reforça que tudo depende de uma organização interna dentro da classe. Durante o Prêmio Brasil Olímpico, o velejador - que entrou para o Hall da Fama do Comitê Olímpico do Brasil (COB) - reforçou ao LANCE! que o jogo da política no esporte tem seus personagens lutando por seus próprios interesses, não necessariamente o bem geral da modalidade.
- Isso vai depender um pouco da organização do próprio Finn. A Federação Internacional é um negócio extremamente complicado, difícil, político. São muitos interesses, e a maioria das pessoas pensa nos seus interesses imediatos e econômicos, muito mais do que no esporte em si. A maneira de operar é realmente muito complicada. Está se estudando uma mudança de governança para atender a esse problema. Um estudo será apresentado agora em 2018. Acho importante para que haja uma mudança na maneira decisória - contou.
Jorge Zarif já disse ter seu futuro em aberto nas Olimpíadas pós-Tóquio. Com a saída do Finn, classe em que disputa há dez anos, o velejador não negou as chances de mudar de barco. Torben reforçou a torcida para que o brasileiro não abandone os Jogos - mas o ícone do esporte acha mais prudente pensar primeiro no torneio em 2020.
- Com o atual panorama, ele não necessariamente tem que deixar de velejar, só vai ter que migrar para uma classe diferente. Ele tem que se preocupar com fazer resultados em Tóquio e depois pensar no passo seguinte. É a terceira Olimpíada dele no Finn. Nas primeiras ele ainda estava um pouco imaturo, aqui no Rio fez uma participação boa, acabou pertindo de medalha em quarto lugar. Ele amadureceu bastante nesse período dos Jogos para cá. Espero que ele se dê ainda melhor em Tóquio - completou.
Outros tópicos da entrevista exclusiva com Torben Grael:
- Significado da homenagem no Hall da Fama do COB: Fico honrado com essa homenagem. Dediquei praticamente minha vida à vela, ao esporte. Faço parte do Hall da Fama da Federação Internacional de Vela (World Sailing) e outras organizações, então fazer parte desse grupo no Comitê Olímpico Brasileiro com os resultados que alcancei é legal para caramba. Fico muito orgulhoso.
- Presença no Hall da Fama aumenta a visibilidade da vela? Acho que sim. A imprensa tem uma grande responsabilidade pela diferença que há entre o futebol e os demais esportes. Essa diferença vai existir sempre, mas acho que faz parte um pouco da obrigação dos meios de comunicação de divulgar os demais esportes. Não é que nós não tenhamos resultados, temos resultados fantásticos em uma série de esportes. Acho que há um excesso de preocupação com audiência. E aí você não vai educar a audiência nunca para os outros esportes.
- Expectativas para Tóquio-2020: Nossa expectativa é chegar em Tóquio com condições de medalha no maior número de classes possível. Se você chega com chances em uma classe, a chance de sucesso é muito menor. Se chegarmos em três, quatro, classes, as chances melhoram, como foi no Rio de Janeiro. Das dez classes, sete estiveram na medal race, a regata final. Acabamos com dois quartos lugares mas, em compensação, ficamos com um ouro. Foi um bom resultado. O objetivo é replicar, e se possível melhorar. A gente sai da condição ideal para a vela, que é velejar em casa, com conhecimento do local de regata, à condição mais cara possível, que é velejar do outro lado do planeta. Além disso, temos uma redução de recursos significativa. É difícil.
- Sucesso da vela brasileira em Olimpíadas: Temos condições ideais para a prática da vela, temos clubes com uma excelente infraestrutura pelo Brasil. É muito pela dedicação dos atletas. Hoje, posso dizer que temos uma estrutura muito melhor do que tivemos no meu tempo, mas ainda estamos bastante aquém de outros países. Temos que continuar trabalhando para melhorar ainda mais nossa estrutura, dando ainda mais condições aos nossos atletas. A gente está sofrendo um corte de recursos bastante significativo quando se tem uma Olimpíadas que é muito mais cara do que a passada. Pra gente, é complicado.
Jorge Zarif já disse ter seu futuro em aberto nas Olimpíadas pós-Tóquio. Com a saída do Finn, classe em que disputa há dez anos, o velejador não negou as chances de mudar de barco. Torben reforçou a torcida para que o brasileiro não abandone os Jogos - mas o ícone do esporte acha mais prudente pensar primeiro no torneio em 2020.
- Com o atual panorama, ele não necessariamente tem que deixar de velejar, só vai ter que migrar para uma classe diferente. Ele tem que se preocupar com fazer resultados em Tóquio e depois pensar no passo seguinte. É a terceira Olimpíada dele no Finn. Nas primeiras ele ainda estava um pouco imaturo, aqui no Rio fez uma participação boa, acabou pertindo de medalha em quarto lugar. Ele amadureceu bastante nesse período dos Jogos para cá. Espero que ele se dê ainda melhor em Tóquio - completou.
Outros tópicos da entrevista exclusiva com Torben Grael:
- Significado da homenagem no Hall da Fama do COB: Fico honrado com essa homenagem. Dediquei praticamente minha vida à vela, ao esporte. Faço parte do Hall da Fama da Federação Internacional de Vela (World Sailing) e outras organizações, então fazer parte desse grupo no Comitê Olímpico Brasileiro com os resultados que alcancei é legal para caramba. Fico muito orgulhoso.
- Presença no Hall da Fama aumenta a visibilidade da vela? Acho que sim. A imprensa tem uma grande responsabilidade pela diferença que há entre o futebol e os demais esportes. Essa diferença vai existir sempre, mas acho que faz parte um pouco da obrigação dos meios de comunicação de divulgar os demais esportes. Não é que nós não tenhamos resultados, temos resultados fantásticos em uma série de esportes. Acho que há um excesso de preocupação com audiência. E aí você não vai educar a audiência nunca para os outros esportes.
- Expectativas para Tóquio-2020: Nossa expectativa é chegar em Tóquio com condições de medalha no maior número de classes possível. Se você chega com chances em uma classe, a chance de sucesso é muito menor. Se chegarmos em três, quatro, classes, as chances melhoram, como foi no Rio de Janeiro. Das dez classes, sete estiveram na medal race, a regata final. Acabamos com dois quartos lugares mas, em compensação, ficamos com um ouro. Foi um bom resultado. O objetivo é replicar, e se possível melhorar. A gente sai da condição ideal para a vela, que é velejar em casa, com conhecimento do local de regata, à condição mais cara possível, que é velejar do outro lado do planeta. Além disso, temos uma redução de recursos significativa. É difícil.
- Sucesso da vela brasileira em Olimpíadas: Temos condições ideais para a prática da vela, temos clubes com uma excelente infraestrutura pelo Brasil. É muito pela dedicação dos atletas. Hoje, posso dizer que temos uma estrutura muito melhor do que tivemos no meu tempo, mas ainda estamos bastante aquém de outros países. Temos que continuar trabalhando para melhorar ainda mais nossa estrutura, dando ainda mais condições aos nossos atletas. A gente está sofrendo um corte de recursos bastante significativo quando se tem uma Olimpíadas que é muito mais cara do que a passada. Pra gente, é complicado.
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