Miranda elogia Thiago Silva e diz preferir Copa América a Olimpíadas Zagueiro acredita que vitória nos EUA, mesmo sem Neymar, pode revolucionar momento do Brasil, mas não exclui ainda a sua presença nos Jogos Olímpicos


Miranda Milão Inter (Foto: Claudia Garcia) 
Luxo e moda agora são com ele. Miranda trocou Madri por Milão e escolheu o bairro mais moderno e luxuoso da cidade para se instalar com a esposa e os dois filhos. No meio de lojas de grife, restaurantes e construções modernas, o zagueiro do Internazionale e da Seleção tem ainda uma vista privilegiada sob todos os pontos da cidade da varanda do seu 20º andar. Miranda está mais do que adaptado e garante não querer deixar Milão, apesar dos rumores que o colocam fora do Inter caso o clube não se classifique para a próxima Liga dos Campeões. Dessa vaga depende também a presença do atleta nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro: se tiver que disputar a fase eliminatória da Champions, no final de agosto, o clube já deixou claro que não vai liberá-lo para as Olimpíadas. Caso contrário, o zagueiro poderia até participar das duas competições com a Seleção de Dunga. Mas se tiver que optar por uma, não tem dúvidas sobre qual escolheria:

- A Seleção está num momento difícil e eu acho que a Copa América é um ponto que pode dar a volta por cima. Eu optaria pela Copa América para tentar mudar o ambiente, porque com uma vitória as coisas voltariam à normalidade - afirmou o paranaense em entrevista ao GloboEsporte.com, na sua casa, em Milão.
Miranda Milão Inter (Foto: Claudia Garcia)


Miranda não fugiu de nenhum dos temas que atormentam o futebol brasileiro. O afastamento do colega Thiago Silva da Seleção, o comportamento do capitão Neymar em campo, as críticas a David Luiz, os problemas que os cartolas da CBF enfrentam com a justiça americana e o trabalho de Dunga no comando do grupo. Único jogador que atuou em todos os 22 encontros da segunda era Dunga tem, no entanto, uma opinião contrária à do seu treinador sobre o caso Thiago Silva.

- Eu acho que o Thiago é um grande defensor, é um defensor que merece estar na seleção brasileira pelo talento que tem, mas ao mesmo tempo é a escolha do treinador e a gente tem de respeitar. Assim como eu estive fora da seleção brasileira por um tempo e soube respeitar esse momento. Cada um tem sua função e quando toca jogar, tem de jogar bem. Às vezes, não está na Seleção por um motivo ou outro e isso tem de ser respeitado. Acho que defensor para uma seleção brasileira é questão de gosto de seu treinador. Eu não vejo problema em jogar com o Thiago, porque é um grande jogador, assim como é o David, o Gil e o Marquinhos.

Confira a entrevista completa de Miranda ao GloboEsporte.com:

Como é que você vive, de dentro, este momento da seleção brasileira?

A Seleção está passando um momento de dificuldade, eu acho que em momentos difíceis todos os jogadores, comissão técnica e povo brasileiro precisam se unir mais, tem de ter uma troca de carinho muito grande, porque só unidos é que vamos conseguir superar essa fase. É uma fase difícil sim, mas temos talento e condição de superá-la.
Vocês, jogadores, percebem uma falta de identificação da torcida brasileira com a Seleção atual?
O torcedor brasileiro gosta de futebol, gosta da Seleção, mas é natural que se identifique mais com o seu clube, porque acompanha o dia a dia do seu clube e consegue ver esses jogadores com mais frequência. Mas o torcedor brasileiro gosta da Seleção e quer ver a Seleção bem, nós jogadores temos de fazer por merecer, se dedicar mais e voltar a ser uma potência do futebol.
Miranda Milão Inter (Foto: Claudia Garcia)Miranda gostaria de disputar a Copa América (Foto: Claudia Garcia)
O que é que falta para o Brasil conseguir isso?
Falta uma sequência de vitórias, acredito que depois disso tudo voltará à sua normalidade, porque com uma sequência de vitórias os jogadores conseguem ter mais confiança e desempenhar um bom futebol.
Qual é a diferença entre os treinadores brasileiros e os que você trabalhou e trabalha na Europa?
Os treinadores brasileiros estão evoluindo muito e isso se nota, o futebol brasileiro está um pouco em decadência, porque todos os melhores jogadores brasileiros vêm para a Europa, então é normal estar em decadência. Mas ao mesmo tempo, você vê a evolução de outros times europeus graças aos jogadores brasileiros. Os jogadores brasileiros fizeram o futebol europeu evoluir, tantos que se destacam no Brasil depois vêm jogar para cá. Aí, vocês veem a capacidade que a gente tem para se superar e voltar a fazer do Brasil uma potência.
A CBF deve manter a confiança nos técnicos brasileiros?
Eu acho que tem de manter a confiança nos brasileiros. Não tem muitos treinadores brasileiros na Europa porque não falam o idioma, é mais fácil ter chileno, argentino, uruguaio, porque o espanhol é mais falado na Europa.
Afinal, você vai jogar a Copa América os Jogos Olímpicos ou os dois?
Gostaria sim de estar na Copa América e nos Jogos Olímpicos, mas o clube não tem obrigação de me liberar para os Jogos Olímpicos. Mas se eu for chamado, eu gostaria sim de representar o Brasil numa competição importante que o país nunca venceu. Nesse momento prevalece muito o desejo do jogador. O Dunga não me passou nada diretamente, mas eu sou um jogador que tento retribuir a todos os que depositam confiança em mim e dar sempre o meu melhor.
Mas se tivesse que optar, qual das duas você escolheria?
Acho que seria bem difícil, mas a Seleção está num momento difícil e eu acho que a Copa América é um ponto que pode dar a volta por cima. Eu optaria pela Copa América para tentar mudar o ambiente, porque com uma vitória as coisas voltariam à normalidade.
O Brasil pode vencer esse troféu sem o Neymar?
Eu acredito que sim. A Seleção tem muitos jogadores de qualidade e tem substitutos à altura do Neymar. A gente não pode depender só dele, mesmo se tratando de um craque como o Neymar, porque tem vários jogadores com qualidade suficiente para se destacarem e demonstrarem o seu valor. Nós jogadores depositamos a nossa confiança no Neymar, porque é um craque, então às vezes a jogada busca o Neymar, porque é um jogador diferenciado. Mas quando ele não resolve, têm de aparece outros talentos.
D'Ambrosio Miranda Inter de Milão (Foto: AFP)
Você gostaria de ter Thiago Silva ao seu lado na zaga da Seleção?
Eu acho que o Thiago é um grande defensor, é um defensor que merece estar na Seleção brasileira pelo talento que tem, mas ao mesmo tempo é a escolha do treinador e a gente tem de respeitar. Assim como eu estive fora da seleção brasileira por um tempo e soube respeitar esse momento. Cada um tem sua função e quando toca jogar, tem de jogar bem. Às vezes, não está na seleção por um motivo ou outro e isso tem de ser respeitado. Acho que defensor para uma seleção brasileira é questão de gosto de seu treinador. Eu não vejo problema em jogar com o Thiago, porque é um grande jogador, assim como é o David, o Gil e o Marquinhos.
Você se sente prejudicado pelas críticas à zaga brasileira e ao David Luiz mais especificamente?
O David Luiz é um dos melhores defensores da Europa. É normal que quando uma defesa toma dois gols as críticas aparecem, não só nele mas e mim e todos os defensores. Quando a equipe não toma gol, ela já é criticada por alguma ocasião do adversário e a partir do momento que toma dois ou três gols, as críticas são maiores ainda.
Você acredita na classificação do Brasil para a Copa do Mundo da Rússia?
O grupo confia em si e a gente sabe o nosso potencial. Eu acredito que esse grupo vai levar a Seleção até com tranquilidade para a próxima Copa do Mundo.
A Champions tem uma conta aberta com o Atlético de Madrid"
Miranda
O Neymar recebeu cinco cartões amarelos e um vermelho nos últimos 10 jogos com o Brasil. Pode um capitão ser tantas vezes suspenso com cartão amarelo?
Nas eliminatórias bastam dois cartões para ficar fora. O capitão chama muito a responsabilidade a si e cobra muito tanto do seu time como da própria arbitragem, por isso, por vezes, acaba sendo prejudicado.
O grupo é afetado pelos problemas externos da CBF?
Acho que a comissão técnica, o próprio Gilmar, que são as pessoas mais próximas, tentam deixar bem claro que a nossa função é jogar futebol e todos os problemas é a CBF quem tem de assumir e procurar resolver.
Como é que foi o seu primeiro ano aqui em Milão?
Para mim foi um bom ano, porque você chega num campeonato diferente e mesmo assim consegue ter um bom desempenho, manter um nível muito alto, para mim, pessoalmente, foi bom. O Inter de Milão contratou muitos jogadores e é normal oscilar muito durante um campeonato, quando você tem tantos jogadores novos. Eu ainda acredito na possibilidade de conquistar a vaga na Champions, estamos num caminho certo. É um grupo forte e, com a continuidade desses jogadores, com certeza vamos bater de frente com qualquer time na Europa.
Por que deixou o Atlético de Madrid?
Eu necessitava de uma mudança. Tudo o que eu vivi com o Atlético foi muito bom, foi uma passagem vitoriosa, mas eu queria dar um salto, buscar outras conquistas e a Inter de Milão me abriu a porta para isso. Eu acho que é um desafio. O Inter é um dos maiores clubes da Europa. Eu sou um cara que gosta de desafios, no momento em que eu cheguei no Atlético, o time não estava num bom momento. Eu aceitei e deixei o Atlético em melhores condições do que quando cheguei. Eu quero fazer com que o Inter de Milão volte a ser um clube que sempre fo, que joga a Champions e briga por títulos importantes.
MIranda Brasil x Peru (Foto: André Mourão / MoWA Press)Miranda em ação pela Seleção contra Guerrero no duelo contra o Peru (Foto: André Mourão / MoWA Press)
Qual é a principal diferença entre o futebol italiano e espanhol?
Aqui é mais difícil se ganhar um jogo. Na Espanha, quando você está num time grande, você crava seguro que você vai ganhar aquele jogo. Aqui é mais complicado, porque quantos mais italianos tem numa determinada equipe, mais difícil é de ganhar. Taticamente eles são muito obedientes, muito bem organizados.
Então, aqui Cristiano Ronaldo e Messi não marcariam 40 gols numa temporada?
São dois jogadores acima da média, com certeza fariam muitos gols em qualquer campeonato. Aqui, eles não teriam tanta facilidade de estar na frente do gol como na Espanha. Porque taticamente os times são melhores do que na Espanha?
O Simeone disse recentemente que gostaria de treinar o Inter de Milão um dia, você vai aguardar por ele aqui?
Eu vejo ele hoje como um treinador do Atlético de Madrid. O Atlético está bem servido de treinador e o Inter também. São dois treinadores diferentes, o Simeone está feliz em Madri e acho que ele vai permanecer por muito tempo.
Como é que você viveu a vitória do Atlético de Madrid sob o Barcelona na Champions? Bateu uma saudade?
Fiquei muito feliz, porque jogam ali muitos de meus ex-companheiros, amigos, pessoas com quem trabalhei. O Atlético provou, uma vez mais, que é um dos grandes da Europa e espero que essa equipe vença a Champions esse ano. A Champions tem uma conta aberta com o Atlético.
Conta um pouco como é o Simeone como treinador? Como é que ele prepara o time para estes jogos de mata-mata?
O Simeone é um cara que cobra bastante, durante o dia a dia, ele quer tirar o máximo de seus jogadores que você vê que estão sempre em evolução. Ele exige o máximo de cada um dentro de campo, os jogadores estão sempre em seu limite. Justamente porque ele teve uma passagem aqui na Itália e taticamente os italianos são muito fortes, ele me passou muito do que aprendeu aqui e me ajudou muito. Grande parte dessa evolução que eu tive pessoalmente, eu devo ao Simeone.
Vocês ainda conversam?
Bem pouco, porque eu procurei me desligar um pouco do Atlético. Eu tenho de viver o Inter de Milão, o Inter é a minha casa, o meu clube e eu tenho de me dedicar ao que faço.
Você marcou o seu único gol com a camisa do Inter precisamente diante do olhar do Mourinho, pensa em trabalhar com ele?
Fico feliz que ele tenha gostado do meu futebol. O Mourinho é vitorioso, por onde passou, ganhou, ele merece o meu respeito. Mas o meu pensamento é terminar bem essa temporada e conquistar títulos com esta camisa.
Se o time não se classificar para a Champions, você pensa em sair?
Não penso ainda, são muitas as especulações que aparecem. O meu pensamento é dar o meu melhor, fazer com que a Inter volte a jogar a Champions, se não for nessa ocasião, na próxima seguramente será, mas não penso de momento, mudar de clube. 

  Varjota  Esportes - Ce.          /           Globoesporte.

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