Botafogo teve “espírito de Libertadores”…mas afinal, o que é isso?

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Você já ouviu isso. Está em todos os cantos. É o argumento número 1 para falar do sucesso ou fracasso de times na Libertadores, seja após uma vitória difícil ou uma derrota de um brasileiro tido como “superior”. Mas afinal, o que é esse “espírito de Libertadores” e “ser copeiro” que tanto falam por aí?

O jogo do Botafogo ontem serve de exemplo para mostrar como a Libertadores é um campeonato difícil, diferente, mas muito ligado a mitos e ideias pré-concebidas. A construção de que o campeonato é “mais brigado que jogado” começou na década de 1960, com o Santos mudando seu estilo de jogo nos Bi em 1962 e 1963 e a sequência de títulos do Indepiendente. Nascia aí a cartilha de pressão na bola, intensidade, futebol reativo e procura pelos lances de bola parada ou cruzamentos para vencer.

Foi exatamente o que o Estudiantes, em seu 2º jogo oficial em 2017, fez: 2 linhas de 4, marcação por encaixes no setor com muita intensidade e muita pressão no portador da bola - bastava um botafoguense receber que um argentino encostava, diminuía o tempo e o espaço de ação e, juntamente com o time, criava uma zona de pressão que impedia o Bota de ir para o campo de ataque, como na imagem.



2 linhas recuadas, pressão no portador da bola e quando recupera, contra-ataque. Geralmente em 2 toques: um pra dominar, outro pra passar. O Estudiantes deu um calorzinho no Bota assim, explorando também a lentidão na transição defensiva com Otero, o nome do primeiro tempo. E o Bota se via tendo que propor o jogo, grande dificuldade do trabalho de Jair Ventura. Tocava, triangular, mas não criava.









Não é fácil jogar com um time assim. Um, dois, três lances e o time não avança. Qualquer contra-ataque é perigoso. Além do cansaço físico, o jogo mental do Estudiantes - e de qualquer time hermano que siga essa "cartilha" pesa contra a ansiedade natural dos jogadores brasileiros, acostumados a avançar na área e não criar jogadas de apoio.

O Bota compensou com concentração. Os dois gols nascem de jogadas de linha de fundo: bola pelo lado, cruzamento para o centro. O perigo vem de “ocupar” a área do adversário com 3 ou 4 jogadores, aproveitando um rebote, uma sobra…o ponta faz a “diagonal”, um volante ou meia chega de surpresa. Todos precisam “acreditar” que a bola vai chegar na área para fazerem esse movimento, que geralmente cansa.
 









O modelo de jogo do botafogo é semelhante ao de 2016 e o time sofre quando precisa criar, mesmo com Montillo e Camilo, passado à direita do 4-2-3-1 botafoguense. Dificuldade compensada pelo tal “espírito” de Libertadores, o clichê-mor da competição mais cobiçada no Brasil.

Varjota  Esportes - Ce.              /                  Globoesporte.

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