Fred, Barcos, Luis Fabiano, Alexandre Pato, Guerrero, Leandro Damião, Forlán, Borges e Jô são nove dos atacantes que iniciaram o Brasileirão como favoritos à artilharia. Entre os boleiros, aliás, o 9 do Fluminense sobrou em pesquisa realizada pelo GLOBOESPORTE.COM. Seus colegas o apontavam como barbada para goleador da competição. Passadas 26 rodadas e mais de quatro meses, o panorama é bem diferente. Nenhum dos anteriormente citados faz parte nem sequer do "G-4" da artilharia, atualmente formado por Éderson (Atlético-PR) - com 15 gols -, Gilberto (Portuguesa), William (Ponte Preta) - ambos com 13 - e Fernandão (Bahia) - com 11. Na opinião do líder dos goleadores, há uma explicação: a pouca fama fez as defesas rivais se preocuparem menos nas primeiras rodadas do Brasileiro, enquanto os figurões sofriam marcações duríssimas.
- No começo do campeonato tudo mundo pensava nos caras de nome disputando a artilharia e eles estavam sendo muito bem marcados, muito visados por todos os times. E nós não. Éramos apenas desconhecidos e, querendo ou não, ficávamos mais sozinhos (livres de marcação). Isso levou um pouquinho a gente a fazer muitos gols, mas agora a marcação apertou bastante (risos). Está cada vez mais difícil fazer gols - disse o camisa 77 do Furacão, que ainda soma quatro gols pela Copa do Brasil.
Contratado no fim de 2006 pelo Rubro-Negro paranaense, quando tinha apenas 17 anos, Éderson foi emprestado três vezes - duas ao Ceará, clube que o revelou, e uma para o ABC - até se firmar em Curitiba. Hoje aos 24, pensa em defender um gigante brasileiro, mas faz questão de afirmar que já joga por um grande.
- Fui emprestado e adquiri muita experiência. Em 2012, fiz uma bela Série B pelo ABC (marcou 12 gols), me destaquei muito e peguei muita confiança. Todo jogador sonha com uma equipe grande, mas eu já estou numa equipe grande, que é o Atlético-PR. Agora que todo jogador tem um sonho de infância, isso tem. Planejo jogar bem pelo Atlético e, devagarzinho, realizar todos os meus sonhos - afirmou, novamente mostrando muita serenidade.
O clube para o qual Éderson, sob a influência de sua avó, torcia ainda em Pentecoste, no Ceará, é o Palmeiras. O Alviverde, aliás, parece que conta com o carinho de artilheiros nordestinos. Hulk, nascido em Campina Grande, na Paraíba, também é palmeirense.
Na cola de Éderson vem o alagoano Gilberto, também de 24 anos e natural da cidade de Piranhas. Não só os gols, a idade e o fato de ter nascido no Nordeste o aproximam do atual artilheiro do Brasileiro. A humildade é outra característica comum à dupla. Perguntado sobre o que projetava antes de estrear pela Lusa, citou diversas vezes "o grupo" e a necessidade de livrar o time do rebaixamento. Como debutou apenas na nona rodada, no dia 23 de julho, na derrota por 3 a 2 para o Atlético-PR do "rival" Éderson, não se imaginava fazendo tantos gols.
- Eu não estava sonhando com isso quando cheguei, pensava só em fazer gols. Quando cheguei aqui falei que queria fazer 15 gols no campeonato e é uma meta que quero cumprir. Queria fazer 15 e hoje tenho 13. Vou lutar pelos 15 e, se chegar neles, depois vou estipular outra meta. Estou cumprindo aos poucos, mas depois penso na artilharia. O mais importante para mim sempre foi ajudar a Portuguesa. Graças a Deus estou conseguindo ajudar com gols, mas também seria ótimo se ajudasse com passes ou de outra forma. O mais importante é o grupo, meus companheiros estão me ajudando muito - insistiu.
Preocupado em livrar a Portuguesa da queda, Gilberto difere de Éderson quanto à paixão de berço: era corintiano. A exemplo do colega, também sonha com um clube de maior destaque no cenário nacional, só evita um: o Internacional, detentor de seus direitos econômicos.
- Com certeza esse ano está sendo muito bom aqui na Lusa, espero que no próximo ano vá para outro time. Só não quero voltar para o Inter. Espero que torcida do Inter e o pessoal de lá não fiquem magoados comigo por conta disso, mas não pretendo mais voltar. Tive duas passagens e não fui tão bem, meu ciclo lá se encerrou. Espero buscar um novo lugar e fazer a minha história. O problema é que eu não joguei (no Inter). Aqui, desde quando cheguei, tive oportunidade de dar continuidade ao meu trabalho. Quero ir para um time e dar continuidade ao meu trabalho - projeta.
Fenômeno surpreendente, porém não incomum
Não é uma novidade jogadores desconhecidos brigarem pela artilharia. Nos anos 2000, Dill (em 2000), Dimba (2003) e Souza (2006), todos com a camisa do Goiás, terminaram como goleadores da Série A. Em 2007, Josiel, do Paraná, e no ano seguinte Keirrison, do Coritiba, foram as surpresas. Para o comentarista do SporTV Wagner Vilaron, o fenômeno se dá pelo fato de clubes com elencos reduzidos ou mais carentes tecnicamente centralizarem suas aspirações geralmente em um nome.
- Se a gente pesquisar, vai ver que isso é recorrente. Os atletas que estão lá em cima, por pertencerem a equipes que estão em posições inversamente proporcionais na classificação, às vezes acabam batendo pênalti, faltas. Tudo que é bola parada sobra para eles. As equipes de baixo dependem muito desses caras por terem elencos menores e teoricamente inferiores. Não por acaso estão lá embaixo, então têm de apostar nesses homens-gol, algo mais do que normal. O Cruzeiro, por exemplo não tem um grande artilheiro. Há vários jogadores com muitos gols, até o Nílton é artilheiro. Quanto mais enxuto é o elenco e quanto menor é o nível técnico dele, os times ficam mais dependentes e acabam jogando para esses jogadores (em função dos mesmos) - avaliou Vilaron.
Globoesporte / Varjota Esportes - Ce.
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