Guto Ferreira tem uma missão clara assim que a bola rolar nesta quarta-feira (25), às 19h15, no Castelão: parar a molecada e o sonho do São Paulo de terminar a noite na liderança do Campeonato Brasileiro. Algo curioso, já que o treinador do Ceará teve, há 25 anos, um trabalho até oposto, de revelar garotos que mais tarde explodiriam pelo time de cima do Morumbi.
Muitos anos antes de assumir o apelido carinhoso de "Gordiola", Guto teve uma passagem de bastante sucesso pelo São Paulo, logo após sair do XV de Piracicaba. Ele foi técnico da equipe sub-17 entre os anos de 1995 e 1996, além de acumular trabalhos esporádicos e interinos no time sub-20 e também nos aspirantes.
O trabalho de Guto no Tricolor rendeu uma temporada histórica em 1995. O técnico e seus juvenis venceram todos os cinco títulos possíveis da categoria, em um ano que ficou marcado pela conquista de todas as edições do Campeonato Paulista, de infantil a aspirante. A exceção foi o profissional, cujo troféu acabou com o Corinthians.
Com o treinador, o Tricolor venceu o Paulistão, o Quadrangular de Penápolis (contra Palmeiras, Araçatuba e Penapolense), o Torneio de Páscoa de Wiedenbrück, na Alemanha (contra Kaiserslautern, Stuttgart, Dundee United, Borussia Dortmund e Parma), a Copa Luciano do Valle (contra Sant'Anna e Ponte Preta) e o Torneio Internacional Rolando Marques, em São Bernardo do Campo.
Os dados são do historiador do São Paulo, Michael Serra.
O elenco dirigido por Guto tinha, entre outros nomes, o zagueiro Jean, o lateral-esquerdo Fábio Aurélio, o volante Fábio Simplício (que na época atuava na lateral direita) e o meia-atacante Edu. Todos subiram aos profissionais e foram campeões pelo time de cima do São Paulo. Os quatro ajudaram o clube a conquistar o Paulistão em 2000, enquanto Jean e Simplício venceram também o Rio-São Paulo em 2001 e o Supercampeonato Paulista de 2002.
Em 1996, Guto Ferreira seguiu no comando do sub-17 do São Paulo, quando foi bicampeão do Torneio Rolando Marques e vice do Paulistão, ao perder a final para o Rio Branco. Esse time tinha o meia Harison, que anos depois ganhou fama por "colocar Kaká no banco de reservas".
O treinador viria a trabalhar com outros nomes também, mas de forma rápida no sub-20, como o zagueiro Júlio Santos, o volante Fabiano e o atacante Emerson Sheik. Nos aspirantes, chegou a dirigir Roni, que depois teve sucesso no Fluminense, e também França, quinto maior artilheiro da história tricolor, com 182 gols.
Guto deixou o Morumbi em 1997 para assumir o Internacional, também na base, e de lá deu o último passo da migração para o futebol principal. Hoje bem mais experiente, com três títulos estaduais e dois regionais por Chapecoense, Bahia, Sport e Ceará, o "Gordiola" reencontra o São Paulo, dirigido no momento por Fernando Diniz.
Se o São Paulo tenta a liderança, o Ceará precisa voltar a vencer, o que não acontece no Brasileirão há um mês. Desde 24 de outubro, quando fez 2 a 1 no Coritiba, o Vozão empatou com Botafogo, Sport e Atlético-MG, além de perder para o Grêmio e cair para o Palmeiras, nas quartas de final da Copa do Brasil. O time alvinegro é o 16º colocado, com 25 pontos, um acima do Vasco, que abre a zona de rebaixamento.
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