Repercussão negativa faz Aidar tirar namorada de negociações do Tricolor "Querem denegrir imagem da administração", esbravejou presidente tricolor, cuja parceira receberia comissão por negócios do clube. Ele aproveita para atacar Juvenal

Carlos Miguel Aidar São Paulo (Foto: Marcelo Prado)Aidar se mostrou muito irritado com a repercussão (Foto: Marcelo Prado)
Muito irritado com a repercussão da notícia de que sua namorada, Cinira Maturana, tem contrato para receber comissão nos negócios que ela levar para o clube (divulgada pelo jornal Folha de São Paulo), o presidente do São Paulo, Carlos Miguel Aidar convocou uma coletiva na tarde desta quarta-feira, no Morumbi, para explicar a natureza do contrato.

Ele confirmou que Cinira participava de algumas negociações em nome do clube e garantiu que não havia nada de errado nisso. No entanto, resolveu acabar com a participação dela para evitar novas polêmicas

- A Cinira está desautorizada e não vai procurar mais nada para o São Paulo. Não acho justo que continue agora que é minha namorada - disse, logo após coletiva. Durante a entrevista, ele havia dito que estava considerando rescindir o contrato, mas que queria conversar com ela antes. Depois, resolveu tomar a atitude. 

Em alguns momentos da coletiva, Aidar mostrou-se transtornado e chegou a bater na mesa, esbravejando.  
- Estou tomado de indignação por colocações absurdas que estão sendo colocadas. Querem denegrir a imagem dessa administração e não vão conseguir - afirmou.

Aidar negou que o contrato do clube com sua namorada representasse um conflito de interesses: 
- Eu fui ao Conselho e disse que existia um contrato entre São Paulo Futebol Clube e Cinira Maturana. O contrato está aqui e foi assinado em maio desse ano. O documento não é diferente de inúmeros que o São Paulo e qualquer clube têm no futebol. Qualquer um dos senhores que trouxer negócios, independentemente de quem seja, ganhará comissão de 20% - afirmou. 

Segundo Aidar, Cinira prospectou uma série de novos negócios para o São Paulo, mas nenhum deles se concretizou. 

- Ela trouxe a (fornecedora de material esportivo) Puma, mas as condições comerciais não eram as melhores para o São Paulo e não aceitamos. Ela não ganhou nada por isso - continuou. O São Paulo acertou em uma empresa americana por R$ 135 milhões.
Quando assumiu a presidência, em abril, Aidar nomeou a filha, Mariana, como uma de suas assessoras. Diante de denúncias de que ela também estaria levando comissões em negócios relativos ao futebol, Mariana pediu demissão.
Ataques a Juvenal Juvêncio
A notícia da comissão ocorre num momento conturbado do Tricolor na temporada. A expectativa do clube é de um déficit de R$ 53 milhões em 2015 - com previsão de receber R$ 284,4 milhões e débitos estimados em R$ 337,4 milhões. O orçamento foi aprovado em reunião do Conselho do São Paulo, na noite de segunda-feira, quando o ex-presidente Juvenal Juvêncio e o atual mandatário entraram novamente em rota de colisão. Juvenal Juvêncio retrucou todos os ataques sofridos por Aidar, eleito com seu apoio no mês de abril. 
Durante a coletiva desta quarta, Aidar voltou a atacar o antecessor, que deixou o clube com dívidas. Aliás, depois de comentar o contrato com sua namorada, Aidar passou a atacar seu antecessor e a conselheiros ligados à antiga gestão. 

- Estou aqui com o balanço de 2013, que as pessoas falavam que tinha superávit. Mentira. Está aqui, R$ 92,8 milhões de dívidas bancárias. Apresentamos o orçamento de 2015 com o déficit de R$ 52 milhões porque essa é a realidade. Não posso prometer o que não posso cumprir.
As desavenças com seu antecessor continuam dominando a conversa: 

- No meu escritório, ninguém tem ciúme. Por que tem isso? Por que esse apego à cadeira do presidente? O São Paulo mudou. Não é melhor, maior que ninguém. É diferente. 

Aidar também atacou outros desafetos, além de Juvenal Juvênio: 

- Eu me contive na reunião (do Conselho Deliberativo) de segunda-feira. Vi três cidadãos subirem no palco para fazer discurso. Um deles levou a bíblia e falou de Judas Iscariotes. Esse cidadão presta serviços ao São Paulo, recebe honorários. Era assessor do presidente e recebia. Do mesmo jeito que o vice-presidente que renunciou (Roberto Natel) vendia gasolina ao São Paulo - acusou. 


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