Washington conversa com Paulo Autuori em passagem por Atlético-PR (Foto: Monique Silva)
De dentro do campo para o comando do time, Washington é mais um ex-jogador que decidiu encarar de frente os desafios de se tornar técnico de futebol. O "Coração Valente", que controlou doenças crônicas e problemas cardíacos para continuar jogando bola por times como Fluminense, São Paulo e Atlético-PR na última década, se capacita para uma nova fase no esporte. Uma temporada de sete dias no Atlético-PR, ao lado de Paulo Autuori, na última semana, foi o início do curso prático como treinador. E o coração, segundo o ex-jogador, está mais que preparado para ficar à beira do gramado.
- Muitos já brincaram com isso. Fui almoçar com o Levir (Culpi) esses dias. Ele falou: se o seu coração foi valente como jogador, como treinador, quero ver se vai ser mesmo, porque é diferente. Você não se preocupa só com você mesmo, mas como treinador tem que cuidar de 40... Além de outras situações, comissão técnica. Mas com certeza tá bem preparado, tá prontinho - conta, descontraído.
Washington teve muitos exemplos de técnicos ao longo da carreira de jogador. No Caxias, clube de formação, foi comandado por Tite, quando o técnico da seleção brasileira ainda dava os primeiros passos na função. Na chance que teve na Seleção, na Copa das Confederações de 2001, foi convocado por Felipão. Outro técnico que marcou a carreira de Washington foi Levir Culpi, quando esteve no Atlético-PR em 2004. Pelos clubes que passou, também acumulou encontros com Vadão, Renato Gaúcho, Muricy Ramalho e Nelsinho Batista. Agora, o ex-jogador prefere combinar um pouco da característica de cada um deles para formar seu próprio estilo.
- É difícil dizer “quero ser igual a ele”, porque cada um vai ser da sua maneira. Mas hoje, quem está em alta, é o Tite. Foi o treinador que tive no comecinho, no Caxias. Começo dele da carreira como treinador e no meu começo como jogador, e então me inspiro bastante nele. Mas eu também gosto bastante do estilo do Levir Culpi. Ele consegue combinar a seriedade profissional com certa brincadeira, uma amaciada no grupo. Em questão tática, gosto muito do esquema do Nelsinho Batista. Hoje ele está no Japão há não sei quantos anos...
Primeiro passo para se tornar treinador foi com Autuori (Foto: Arquivo Pessoal)
A vontade de ser treinador surgiu inspirada nos grandes nomes que Washington ouviu quando ainda entrava em campo de chuteiras. Agora certificado pela CBF, ele vai ter a oportunidade de voltar aos gramados com a mesma motivação que tinha, na época de jogador.
- Eu sempre tive vontade de continuar no futebol, ou como gestor, ou até como treinador. Nesse tempo todo fiquei parado, um pouco para descansar mesmo. Aí, quando comecei a pensar em retornar, fiz curso de gestão e de treinador, mas teve algum momento dos meus cursos que eu optei por ser treinador, por estar mais dentro de campo mesmo. Matar um pouco mais aquela vontade de ex-jogador que eu sempre tinha, de estar dentro de campo, trabalhar com os atletas diretamente. Isso que me deu esse diferencial.
Se o coração está preparado para o novo ofício, a mente corre atrás de se preparar da melhor forma possível. Além do primeiro estágio no Furacão, Washington já agiliza conversas para períodos de treinamento em outros grandes clubes da Série A. Diz ter combinado com Abel Braga uma semana no Fluminense e com Renato Gaúcho uma etapa de formação no Grêmio. Ele também planeja um aprendizado no Atlético-MG, acertado com Roger Machado. Com o currículo em crescimento, Washington desconversa sobre as propostas que já recebeu para assumir o comando de clubes pequenos.
Teve algumas namoradinhas, alguém me procurando, conversando. Mas por enquanto quero esperar esse momento, esses dois meses. Provavelmente, em abril, eu já esteja totalmente pronto para assumir
Washington
- Teve algumas “namoradinhas”, alguém me procurando, conversando. Mas por enquanto quero esperar esse momento, esses dois meses. Provavelmente, em abril, eu já esteja totalmente pronto para assumir. Claro que o começo não vai ser numa grande equipe e nem quero. Prefiro fazer trabalho no começo com equipes menores. Desempenhando esse trabalho, para que o crescimento venha naturalmente.
Apesar dos estágios programados, Washington acredita que o que vai fazer a diferença, enquanto treinador, é a bagagem que adquiriu ao longo dos 15 anos como atleta profissional. Ele diz que de nada adiantam as apostilas se o técnico não souber lidar com as emoções da boleirada – arte que, pessoalmente, ele domina muito bem.
- A principal (experiência) é a vivência de vestiário com os jogadores. Você vai fazer a leitura inteira do que eles pensam, do que querem, como vão agir. Qual o jeito que eles gostam. Essa sensibilidade de vestiário com os jogadores é o principal. Claro que a parte tática e técnica é importante também, mas esse feeling de vestiário, saber o que os jogadores querem, o que precisam, e o que podem dar de retorno, é nisso que eu vou levar um pouco de vantagem.
Por enquanto, só uma ambição motiva Washington, e é a mesma que ele tinha quando era jogador: atingir o melhor nível possível. Com os exames em dia e a prancheta na mão, o novo técnico já se coloca à disposição nos próximos meses e pode ser a aposta de muitos clubes no tradicional rodízio de treinadores do futebol brasileiro.
Varjota Esportes - Ce. / Globoesporte.
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