Ao caminhar pelo paddock do autódromo de Interlagos, um garoto de 15 anos mostrava-se atento aos detalhes. Aos pilotos que caminham aparentemente despreocupados entre mecânicos, engenheiros, oficiais de prova e convidados. Aos jornalistas, que buscam informações. As câmeras de TV, que disputam parte daquele espaço privado do mundo da Fórmula. Assim estavam os olhos de Caio Collet, o piloto brasileiro de Kart que mira entrar neste mundo.
Foi a primeira vez que Caio esteve presente no paddock, reconhecendo em entrevista para o ESPN.com.br "viver um dia como turista", mas não foi a primeira vez que o garoto assistiu ao Grande Prêmio do Brasil, em Interlagos. A F-1 já faz parte da vida do piloto.
Ele tem como empresário o francês Nicolas Todt, filho de Jean Todt, responsável pela carreira de Felipe Massa, que está se aposentando. Todt tem ajudado Caio Collet a traçar o caminho que pode colocá-lo na Fórmula 1 daqui há alguns anos.
"Ele é um bom piloto, tem muito talento e eu tenho segurança ao dizer que ele será o futuro do Brasil na Fórmula 1. Acho que ele pode alcançar o mesmo nível de Felipe Massa, embora eu não seja favorável a esse tipo de comparação. A idade para ingressar na F-1 é 18 anos. Acho que vai demorar um pouco mais para ele, que tem 15. Creio que em quatro ou cinco anos veremos ele presente na Fórmula 1", disse Todt para o ESPN.com.br.
Paulistano, Collet carrega no sangue o gosto pelo automobilismo. É filho de Carlo Collet, um famoso piloto de rally, com participações em Dacar e um número significativo de vitórias no Rally dos Sertões. O pai foi o maior incentivador para ele ingressar nesse mundo.
"Acho que ele sempre quis que eu corresse como ele. Desde os três anos eu piloto. Comecei mesmo com o quadriciclo, mas depois eu fui para o outro lado. Fui para o asfalto e deixei a terra de lado", disse o garoto.
A mudança foi aos sete anos, quando passou a correr Kart na categoria mirim. Na temporada seguinte foi vice-campeão nacional e, em 2011, ganhou o primeiro título da carreira. Foi campeão Paulista na categoria cadete. Em categorias diferentes, também ergueu taças em 2012 e 2013.
A melhor temporada foi em 2014. Na categoria Junior Menor, ele faturou nada menos do que sete títulos, além de dois vice-campeonatos. O desempenho o fez receber o troféu Capacete de Ouro, prêmio concedido pela revista "Racing" aos melhores pilotos do ano.
Em 2015, ganhou holofotes internacionais. Ao ficar na terceira colocação no Mundial de Kart, na categoria KF Junior, quebrou um jejum de 17 anos do Brasil, período em que o país deixou de ter pilotos no pódio. Ele tinha apenas 13 anos.
Nicolas Todt apareceu na vida dele no início deste ano e o ajudou a direcionar a carreira para passos mais grandiosos.
"Para mim foi uma grande oportunidade fazer parte da seleção de pilotos dele. Mas é muito bom você ter ao seu lado um cara que confia em você e que tem um caminho traçado para você. Só depende basicamente de mim. Vou tentar dar o máximo possível para chegar lá", disse Caio.
"Este ano tive um pouco de dificuldade, mas os outros anos consegui ótimos resultados. Já estou planejando o próximo ano. Minha meta é um dia chegar a Fórmula 1, se Deus quiser", prosseguiu o garoto.
Uma mudança certa é que ele se mudará para a Europa no próximo ano. Ainda não decidiu se será na Itália ou na França. A ideia é focar ainda mais no automobilismo. Isso hoje não tem sido possível porque ele alterna a rotina nas pistas com as aulas na FAAP, onde cursa o primeiro ano do colegial.
A situação não é inusitada apenas para ele, mas também para os colegas de sala.
"Eu tento manter os mundos separados. É claro que não é segredo para ninguém. Não falo muito da minha vida, não falo muito do que faço nas pistas. Deixo mais de lado. Não gosto de expor. Senão todo mundo fica perguntando. Eles sabem até porque eu estou mais fora do que dentro da escola", disse o garoto.
Sobre o possível futuro na F-1, Caio Collet trata o assunto como sonho, ciente de que terá de esperar mais alguns anos, mas sabe que há uma expectativa grande do público para que um brasileiro ocupe logo o posto deixado por Felipe Massa.
"Ter a chance de ser um representante do Brasil na Fórmula 1 é sempre uma motivação extra. Eu já penso nisso, que posso ter essa oportunidade, daqui a alguns anos, de ser o representante do Brasil. Hoje, infelizmente, será triste ligar a TV e não ver um brasileiro nos representando. Eu sempre tento buscar uma motivação. Eu ainda estou morando no Brasil para conciliar com a escola, o que está bem difícil, mas ano que vem vou morar fora. A partir do momento que me mudar vou conseguir ter o foco 100% direcionado para o que quero, que é estar Fórmula 1".
© Divulgação Caio Collet Caio Collet em ação numa prova de Kart
Varjota Esportes - Ce. / MSN.
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