Nem mesmo uma transmissão ao vivo inibiu o assédio de um torcedor contra a repórter Bruna Dealtry, dos canais Esporte Interativo. Um homem tentou beijá-la quando ela trazia informações durante o pré-jogo do Vasco na Libertadores, no início deste mês, no Rio de Janeiro.
A ação do assediador escancarou frente às câmeras uma situação recorrente vivida por mulheres na cobertura esportiva no Brasil, dentro e fora dos estádios de futebol. O episódio sofrido por Bruna é apenas um dos que motivaram manifesto “Deixa Ela Trabalhar”, organizado por cerca de 50 jornalistas, em combate ao assédio moral e sexual e ao preconceito, e lançado no domingo passado. O vídeo do grupo foi exibido no Maracanã, na final da Taça Rio, e compartilhado nas redes sociais. A campanha teve rápida repercussão, conquistando o apoio de clubes de todo o Brasil, inclusive de Ceará e Fortaleza.
Repórter do Globoesporte.com no Ceará, Thaís Jorge diz que o assédio e o preconceito são problemas antigos na cobertura esportiva, em todas as esferas: das redações às arquibancadas.
“A campanha vem dizer que a gente não se cala mais. Nossa voz, muitas vezes, é contestada, silenciada e questionada (por sermos mulheres). É importante a conscientização da nossa classe. O Deixa Ela Trabalhar não é uma ideia de permissão, é um pedido de respeito”, afirma Thaís, que já foi assediada e presenciou assédios contra colegas de profissão.
Repórter esportiva da TV Ceará e da Rádio O POVO/CBN, Germana Pinheiro já sofreu com xingamentos, gestos obscenos e ameaças. “Por vezes, me chamaram de vagabunda, rapariga. É difícil estar à beira do campo e ficar bem com torcedores atrás de você. É como se só o homem pudesse entender. É uma luta diária, principalmente quando se está no estádio. Eu super apoio o manifesto.”
ESTÁDIO SEM MEDO
Em janeiro, O POVO noticiou sobre a campanha de torcedoras contra o assédio nos estádios
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