Vice da CBF ataca Del Nero: "Ele tem que se explicar. Não somos bobos" Delfim de Pádua Peixoto Filho, presidente da Federação Catarinense, ironiza mandatário da CBF por não viajar "nem para comprar muamba"

Delfim Cardoso contesta ações de Del Nero
(Foto: Guilherme Frossard)

Marco Polo del Nero, presidente da CBF, foi ironizado e fortemente contestado por um de seus vices, Delfim de Pádua Peixoto Filho, presidente da Federação Catarinense de Futebol, nesta quinta-feira. Delfim, o primeiro na linha sucessória do comando do órgão, questionou que Del Nero tenha deixado de viajar desde que seu antecessor, José Maria Marin, foi preso na Suíça como parte do escândalo de corrupção na Fifa. 

Delfim ironizou a situação. Disse que o presidente da CBF, antes habituado a viajar, agora perdeu esse gosto. Del Nero, nesta quinta, foi oficialmente substituído por Fernando Sarney no Comitê Executivo da Fifa.

- Ele, mesmo em São Paulo, ia de avião para uma cidade pequena, onde tinha afazeres importantes. Ele gostava muito de andar de avião e helicóptero. Mas com tudo na vida pode acontecer de haver enjoo. Pode enjoar da cervejinha, do uísque, do vinho, do time que torce. Eu enjoei de torcer pelo Vasco, porque com o presidente que o Vasco tem, não tem como torcer pelo Vasco. Enjoar é normal. Ele enjoou de viajar de avião. Mas adepto como ele era de conhecer o mundo, usando as benesses da CBF e da Fifa, é estranho que deixe de viajar. 

Segundo Delfim, ele próprio aconselhou Del Nero a viajar sem medo de ter o mesmo destino de Marin. E voltou a ironizar o dirigente.

- Tive coragem de dizer: "Presidente, o senhor não fez nada, não tem nada de errado, o senhor não cometeu nenhum deslize, pegue o avião e vá representar o Brasil na Fifa. Vá ao Paraguai, que é pertinho". Ele não vai nem para comprar muamba mais, que não precisa ir de avião, é só atravessar a ponte. Então, alguma coisa há. Ele tem que se explicar. Não somos bobos. Eu não sou bobo. Como vice-presidente e com muito mais anos de futebol que ele, estou cheio dessas bobagens e dessa enrolação. 

Delfim também contestou a ausência de Del Nero na entrega das medalhas de campeão brasileiro ao Corinthians.

- Veio o Feldman (Walter Feldman, secretário-geral da CBF) com a conversa de que ele quer dar a vez para os outros aparecerem. Isso não cola. A imprensa não é tola. Os torcedores não são tolos. Os dirigentes do Brasil não são tolos. Pelo menos tenha a hombridade. Não quer sair, não saia. É um negócio difícil tocar uma confederação do jeito que ele está tocando. Eu estive muito tempo calado. 

O presidente da Federação Catarinense acredita que Marin, em acordo com a Justiça americana, pode comprometer outros dirigentes que estariam envolvidos no esquema de propinas da Fifa.

- Acho que o Marin já começou a falar. Ele não está totalmente calado. Já falou alguma coisinha e vai falar mais. Na CPI, vem dinamite pura. Mas no Brasil tudo demora. Alguma mudança na CBF só pode acontecer por intermédio do que está acontecendo nos EUA e na Suíça. A Fifa, por seu conselho de ética, está tomando posições duras. O presidente da Federação da Colômbia e recentemente o do Chile saíram porque tiveram que sair. Saíram e já pegaram avião para Miami. O negócio está apertando. Os roubos passaram pelas finanças dos Estados Unidos, pelos bancos dos Estados Unidos. Não estou acusando ninguém. 

Delfim garante que seu interesse não é o cargo de Del Nero - caso o atual presidente saia, será ele o sucessor natural, por ser o vice mais velho. 

- Não quero nada. Não penso em CBF. Só quero que se esclareça o que está acontecendo no futebol brasileiro. Falaram do Ricardo Teixeira, mas ele nunca deixou de representar o Brasil na Fifa, mesmo nas horas difíceis. Ele ia. Esse, de repente, foge do país-sede do futebol mundial e não vai nem na fronteira, nem em Foz do Iguaçu. Explique: só estou querendo que explique.

Procurada pelo GloboEsporte.com, a CBF disse que não comentará as declarações. 

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