futebol deveria ser dirigido por personalidades ligadas diretamente ao esporte, como os ex-jogadores, disse o capitão da seleção brasileira campeã do mundo em 1970, Carlos Alberto Torres, nesta segunda-feira, em meio às denúncias de corrupção na Fifa.
"Acho que deveria haver uma mudança geral, tem tanta gente boa que poderia assumir", afirmou Torres à Reuters em entrevista por telefone.
"Uma denúncia como essa que aconteceu afasta até as grandes empresas, tira o objetivo das grandes empresas de investir no futebol", acrescentou.
Acusações de corrupção envolvendo dirigentes do comitê executivo da Fifa, que estão sendo investigados pela comissão de ética da entidade, levaram à suspensão do vice-presidente da Fifa e presidente da Concacaf, Jack Warner, e do presidente da Confederação Asiática de Futebol, Mohamed Bin Hammam, no fim de semana.
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, foi inocentando da mesma investigação e agora vai concorrer sozinho por um quarto mandato à frente da entidade responsável pelo futebol mundial, depois que Bin Hammam retirou sua candidatura em consequência das acusações.
As alegações de corrupção começaram desde a eleição para as sedes dos Mundiais de 2018 e 2022, em Zurique, em dezembro.
O Catar foi acusado de comprar votos em sua vitória para organizar a Copa de 2022, enquanto quatro dirigentes do comitê executivo da Fifa, incluindo o brasileiro Ricardo Teixeira, foram acusados pelo ex-líder da candidatura inglesa para 2018 de terem oferecido vender seus votos.
Essas denúncias foram negadas pela Fifa nesta segunda-feira, com Blatter dizendo que todos os acusados eram inocentes. Apenas Bin Hammam e Warner seguem sendo investigados pelas acusações de corrupção na eleição presidencial da entidade.
Carlos Alberto Torres citou os ex-jogadores Michel Platini e Franz Beckenbauer como exemplos de personalidades esportivas que já tiveram sucesso em funções de administração do futebol, e que deveriam assumir cargos mais altos.
"O Platini está fazendo um trabalho fantástico lá na Uefa, você vê o sucesso da Liga dos Campeões", afirmou ele, referindo-se ao ex-meia francês que dirige o futebol europeu.
"Temos o Beckenbauer, que organizou com brilhantismo a Copa do Mundo da Alemanha (em 2006). Acho que deveria haver gente nova no comando das entidades", disse.
"Com essas mesmas pessoas por tanto tempo fica um círculo vicioso. Acho que a renovação é boa em qualquer área, não só no futebol, mas em tudo. Essa coisa de a pessoa se eternizar no cargo vai criando coisas complicadas, que levam as pessoas a desconfiar que há corrupção", acrescentou.
"O ideal seria que a coisa fosse realmente bem clara, no sentido honesto. Mas desde o momento que levantam suspeitas, eu não acho nada bom para o futebol."
Em março, um pequeno grupo pouco conhecido chamado Change Fifa (Mude a Fifa) tentou lançar o ex-zagueiro chileno Elias Figueroa como candidato na eleição desta semana da federação internacional, mas o ex-jogador afirmou que não teve tempo para montar uma campanha forte o suficiente para destronar Blatter.
Figueroa, de 64 anos, três vezes eleito o melhor jogador da América do Sul nos anos 1970, disse à Reuters nesta segunda: "Minha ideia era que grandes figuras do futebol tivessem mais presença, aqueles com mais qualificação e mais experiência (no esporte)."
"É uma pena que tudo isso tenha se tornado público, isso suja o futebol.