Um campeonato deficitário, com calendário apertado, baixo nível técnico e que não tem nenhum retorno financeiro efetivo aos clubes - ao contrário disso, faz muitos deles saírem no prejuízo.
Esse é o Campeonato Cearense 2018, que teve sua primeira fase encerrada no último domingo, 25. Com ela, os participantes conheceram o balanço financeiro após nove jogos disputados. O resultado não é nada positivo.
Levantamento feito pelo O POVO mostra que, das 45 partidas realizadas na fase inicial do Estadual, 29 tiveram despesas maiores do que as receitas - 64% dos jogos tiveram prejuízo.
Dos 10 clubes participantes, seis terminaram a primeira etapa do campeonato com saldo negativo. Os times literalmente pagaram para jogar.
Apenas Fortaleza, Iguatu, Ceará e Ferroviário não saem da primeira fase “no vermelho”. A arrecadação, porém, ainda é baixa (ver quadro). Para o Ceará, por exemplo, é fácil constatar que disputar o Estadual não é rentável.
O Vovô embolsou R$ 40.598,47 na primeira fase inteira, o que não corresponde sequer a 3% da folha salarial do elenco alvinegro em um mês, que gira em gorno de R$ 1,4 milhão.
Nem mesmo o Fortaleza, que foi o clube que mais lucrou, pode dizer que saiu ganhando. Os R$ 111.611,14 não pagam um mês de salário do técnico Rogério Ceni, que recebe cerca de R$ 150 mil mensalmente do Leão.
Levando-se em conta os borderôs de todos os jogos feitos até aqui, o balanço é positivo: lucro de R$ 183.778,93. Porém, isso só acontece devido ao Clássico-Rei, que foi um ponto fora da curva num campeonato praticamente falido. O duelo entre o Vovô e o Leão gerou R$ 192.930,60 de renda líquida.
Sem considerar o encontro entre Ceará e Fortaleza, que o Vovô venceu por 2 a 0, o balanço de todos os outros 44 jogos é negativo: R$ 9.151,67 no prejuízo. Ou seja, o duelo entre Ceará e Fortaleza é a única coisa que impede que o Estadual seja deficitário.
O total de receitas ao final das 45 partidas soma o montante de R$ 1.156.892, enquanto as despesas totalizam R$ 973.113,07.
A rodada que mais deu prejuízo foi justamente a primeira: concluídos os cinco jogos, o rombo foi de R$ 45.423,99. A segunda rodada com maior déficit foi a 5ª, nos dias 27 e 28 de janeiro, logo após a chacina no bairro Cajazeiras.
O fracasso financeiro é reflexo do esvaziamento dos estádios cearenses. A média de público do campeonato é de 2.502 pagantes por partida. Não é difícil constatar que o Estadual, no formato em que é feito hoje, está defasado.
O que é preciso é que os responsáveis pelo campeonato tomem medidas para que o torneio possa ser atrativo e lucrativo aos clubes, de forma que eles não sejam obrigados a pagar para jogar, e, principalmente, aos torcedores, que estão cada vez mais longe das arquibancadas.
Se nada for feito, a tendência é a deterioração de um cenário que já se apresenta caótico e que tende a se tornar insustentável em curto prazo.
A dúvida é se tais mudanças agradam a quem é responsável por fazê-las.
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