A história do mineiro Thiago Galhardo, do Inter, artilheiro do Campeonato Brasileiro

 



 
© Ricardo Duarte/Internacional Galhardo é o artilheiro do Brasileirão, com nove gols

Na visão de milhões de brasileiros, conquistar um emprego estável se torna o objetivo que vai garantir tranquilidade no restante da vida. Há mais de uma década, o mineiro Thiago Galhardo não pensava dessa forma. Aprovado num concurso da Petrobras em 2008, ele deixou a histórica São João del-Rei, sua terra natal, mas não se apresentou à estatal. Quis, na realidade, lutar pelo sonho de ser jogador profissional ao dar início a uma carreira ainda incerta.

Depois de muitas idas e vindas, ele finalmente atingiu o status que sempre desejou: hoje, é o artilheiro do Campeonato Brasileiro, com nove gols – marcou mais um neste sábado, no empate por 1 a 1 entre Internacional e São Paulo –, e um dos principais jogadores do Colorado, que luta pelo título nacional, algo que não vem desde 1979. Até chegar ao ápice, porém, a trajetória do mineiro foi de muitos percalços.

Ironicamente, Minas não viu seu filho ilustre brilhar. A única experiência no futebol do estado foi na base do Athletic, clube que disputa o Módulo II do Campeonato Mineiro, com participação na Taça BH de 2005 e em campeonatos na própria São João del-Rei. “Ele se destacou muito nos campeonatos da cidade e no futebol de salão. Sempre foi um menino que tinha intensidade de marcação, bom passe e finalização, além de ser dedicado em campo. Era um menino comprometido, da mesma forma que é no Internacional hoje. Ele tem superação muito grande, marca, toma bola. É oportunista, pois faz gol de pênalti e de cabeça. É um jogador muito inteligente”, conta Fábio Mineiro, de 32 anos, amigo do jogador e atual gerente de Futebol do alvinegro do Campo das Vertentes.

Várias desilusões, no entanto, colocaram a carreira em risco. A primeira delas foi a reprovação num teste feito no Atlético na década passada. Em seguida, um sério problema no joelho o tirou de cena por quase um ano, em 2008, aspecto que o fez se preparar para o concurso na Petrobras. “Ele se mudou de São João para ir trabalhar, mas logo apareceu o teste no Bangu. Ele não demorou nem 15 minutos para ser aprovado. Viram potencial nele logo de cara”, lembra o pai de Thiago, Moacir Rocha, de 61, que por vários anos trabalhou com categorias de base na cidade mineira.



 
© Arquivo pessoal Ainda criança, Thiago Galhardo se destacou nas categorias de base do Atlhetic, de São João del-Rei, e no futebol de salão. Como profissional, não atuou em nenhum time de Minas Gerais, iniciando a carreira no Bangu

Desaprovação paterna

Justamente por conhecer bem os rumos do futebol, Moacir logo desaprovou a escolha do então jovem de 21 anos. “No início, fui contrário à ideia de trocar o certo pelo duvidoso, mas a mãe dele deu apoio. Ele começou sua trajetória de altos e baixos. Mas, de 2016 para cá, ele começou a ter ascensão até atingir o ponto máximo, que foi a contratação pelo Inter”, lembra.

Enquanto Moacir permaneceu em Minas, a mãe, Valéria Galhardo, se mudou para o Rio de Janeiro para acompanhar o filho. Advogada, ela hoje ajuda o atleta a direcionar sua carreira. Enquanto isso, o pai vê de longe os voos altos do jogador. “Sou o torcedor número 1. Nós conversamos antes e depois dos jogos. Eu sempre digo para ele os acertos e erros para que ele se desenvolva ainda mais”, conta.

O começo de Thiago Galhardo no Bangu foi animador, com boas atuações que chamaram a atenção no país. Em seguida, o Botafogo o contratou para a disputa do Brasileiro e da Copa Sul-Americana em 2011. A partir daí, ele rodou por Comercial-SP, América, Remo, Cametá-PA, Brasiliense, Madureira, Coritiba, Red Bull Brasil, Ponte Preta e Albirex Niigata-JAP. Por fim, as boas passagens por Vasco Ceará o ajudaram a ganhar mais status no país.

Seu irmão, Gabriel Galhardo, de 26 anos, também seguiu carreira no futebol. O último clube do volante foi o Nova Iguaçu-RJ.



 
© Arquivo pessoal Thiago Galhardo ao lado dos pais, Moacir e Valéria. O pai trabalhou com categorias de base por vários anos e a mãe, que é advogada, ajuda o jogador a direcionar sua carreira

Nova Postura

Para Fábio Mineiro, Galhardo assumiu nova postura na carreira que o ajudou a ter melhor rendimento: “Ele mudou muito o foco, colocou prioridade de cuidar do corpo fisicamente, ficou um cara mais família. E isso tem sido fundamental. O profissionalismo fora de campo tem feito ele se destacar dentro”.

O amigo considera que o jogador tomou o rumo na hora certa: “Ele vacilou um pouco no começo. O Thiago praticamente não teve base, depois foi para o Botafogo. Só jogava o Estadual. Ele não teve regularidade. Com a idade mais avançada, a pessoa aprende com os erros. Ele aprendeu muita coisa nesse período”.

Seleção

O sucesso no Inter é muito comemorado por Moacir. “Só tenho a agradecer pela carreira. E todo esse prestígio nacional é fruto do trabalho dele, da persistência e da vontade”. O próximo passo, de acordo com o pai, é que o jogador vista a amarelinha da Seleção. “É um sonho que carregamos. A gente entende que ele tem condições de ser convocado pelo Tite. É preciso sonhar todos os dias. Havia uma expectativa de ele ser convocado, mas o Tite disse que a concorrência era grande. É preciso continuar trabalhando para ter uma convocação no futuro”. 

 

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