Marcus Vinícius superou problemas cardíacos para encarar 2 mil km rumo a Arapiraca
(Foto: Estevão Baesso/Arquivo Pessoal)
O que move uma pessoa a convencer a família a entrar em um carro e percorrer mais de 2 mil km durante uma semana para seguir o time na Série C do Campeonato Brasileiro? Em parte, a resposta é a própria paixão pelo clube de coração. No entanto, para uma família de Juiz de Fora, o sentimento de superação e de ver o coração do líder da empreitada batendo forte pelo clube foi o que falou mais alto. Com três pontes de safena no peito e muito amor pelo Tupi-MG, clube que busca o acesso à Série B do Brasileiro, um torcedor reuniu a família na última segunda-feira e deixou Juiz de Fora rumo a Arapiraca, em Alagoas, onde o Galo Carijó decide a vaga com o ASA na próxima segunda-feira.
A "jornada" foi ideia de Marcus Vinícius Gabriel, de 43 anos. Após passar por cirurgia no início deste ano, em razão de problemas cardíacos, o sargento do exército decidiu cruzar o país por dois motivos. O primeiro deles é aproveitar a boa campanha do Tupi-MG, que venceu o primeiro jogo das quartas de final da Série C contra os alagoanos por 2 a 0 e pode até perder por um gol de diferença para se garantir na Série B. O segundo é aproveitar ao máximo a vida depois da recuperação.
– Depois da cirurgia, eu nasci de novo. Minha vida mudou. Durante a minha recuperação, antes mesmo do Tupi fazer esta boa campanha na Série C, eu decidi que vou curtir a vida. Sempre acompanhei o Tupi, mesmo à distância. Trabalhava em Amambai (Mato Grosso do Sul), mas sempre estava ligado nos jogos. Agora, não tive como segurar a vontade de ir. Se vier, o acesso vai ser fantástico para o clube e para a cidade toda – comentou Marcus, que não se contentou a ir de carona e é o motorista na expedição a Alagoas.
A longa viagem começou na segunda, de madrugada, quando a Marcus e a família saíram da Zona da Mata mineira em direção ao Espírito Santo. A primeira parada seria em Vila Velha, mas as condições da estrada favoreceram e eles conseguiram chegar a Teixeira de Freitas, cidade que fica no sul da Bahia, onde dormiram. Na terça, a parada foi em Porto Seguro, onde permaneceram até quarta-feira, conhecendo a cidade. Depois de saírem da Bahia, o objetivo era chegar e ficar em Aracaju, no Sergipe, de quinta a sábado, conhecer Maceió no domingo e chegar a Arapiraca na segunda-feira, dia do jogo.
Convencido pelo tio na última quinta-feira a embarcar rumo a Alagoas, Estevão Baesso não titubeou. Ele tinha a ideia de ir para Arapiraca de avião, mas a vontade de Marcus em ir de carro falou mais alto, mesmo com a parte financeira sendo pesada.
– Para a família toda é algo muito legal. Tem sido muito boa a experiência, conhecer lugares novos, gente nova. Certamente vai ser uma experiência cara, principalmente por causa da gasolina. Acho que vamos encher de oito a nove tanques. Além disso, tem presentes, permanência em hotéis e ingressos, que encarecem a viagem – disse o estudante de Direto, de 21 anos, que estima um gasto próximo de R$ 4 mil reais em toda a viagem.
Para controlar a parte financeira, nada melhor que uma mulher com os pés no chão. Esposa de Marcus Vinícius, Juliane Gabriel, de 32, conversou com o GloboEsporte.com por celular disse estar, em tom de brincadeira, preocupada com o valor posterior da ligação em razão do deslocamento. Só que ela não parou por aí. Nos hotéis e pousadas, é ela quem tem pedido desconto na diária e tem se saído bem até aqui.
– Em Teixeira de Freitas nós conversamos com o pessoal do lugar onde ficamos e pedimos um desconto. Dissemos que iríamos para Arapiraca e o pessoal se perguntou: "Por que Arapiraca?". Acabou que o desconto rolou – contou.
Única mulher no carro, Juliane não esconde a alegria de viver o momento com o marido. Porém, para ela, que não gosta tanto assim de futebol, está sendo difícil conviver com três homens que só falam de futebol e do Tupi-MG.
– Falam nisso o dia inteiro. Já escalaram o Tupi de várias formas, comentaram qual a estratégia que o clube deveria usar em Alagoas. Eu, que não entendo muito, já até decorei o que eles falam. Larguei meu trabalho por 10 dias por isso e está valendo muito a pena – contou.
O caçula na viagem é Davi. Os 10 anos de idade, no entanto, não significam que o garoto não saiba das coisas. Durante a viagem, ele vai ter a chance não só de assistir ao time da cidade dele buscar o acesso, mas também de conhecer lugares bonitos e paradisíacos. Perguntado sobre o que foi determinante para que ele aceitasse a aventura, não pensou duas vezes.
– O acesso vai ser muito bom para o Tupi. O jogo é algo muito sério para mim, estou muito tenso, nervoso para ver o time subir. Mas para falar a verdade, não dá pra mentir: vim pelas praias também – finalizou.
Varjota Esportes - Ce. / Globoesporte.
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