Estádio Nicolau Alayon, em São Paulo, às 16h40 de domingo, 17 de janeiro. Para muitos brasileiros, o horário já é contagem regressiva para o término de mais um fim de semana. Para quem trabalha no futebol, muitas vezes é o início de mais uma jornada. Ou a metade dela, caso do técnico da seleção sub-20, Rogério Micale, e do observador do departamento de base da CBF Rodrigo Lameira. À tarde, os dois assistiram "in loco" à partida entre Bahia e Flamengo e em seguida rumaram para Mogi das Cruzes para acompanhar, à noite, o duelo entre São Paulo e Rondonópolis. A reportagem do GloboEsporte.com acompanhou esse dia de trabalho.
Perdidos na estrada?
Micale e Lameira não esperaram a disputa de pênaltis entre Bahia e Flamengo, porque tinham de pegar a estrada. Queriam evitar o tumulto de sair junto com a torcida, que compareceu em ótimo número ao Nicolau Alayon, e assim chegar o mais rápido possível em Mogi das Cruzes. A viagem duraria cerca de uma hora. Lameira, que está rodando por São Paulo desde o dia 7 de janeiro, dirige e usa um aplicativo para encontrar o estádio Nogueirão. No pedágio, pede informações sobre a rota.
Rogério Micale e Rodrigo Lameira observam o jogo do Flamengo (Foto: Pedro Venancio)
– Você escolheu o caminho mais longo – diz a moça que faz a cobrança, com tranquilidade.
Risos gerais. Micale lembra da Copinha em que foi campeão pelo Figueirense em 2008. Ele conta que o motorista do ônibus que conduzia aquela equipe se perdia na estrada a todo momento.
– Viemos num ônibus próprio, com um motorista catarinense, e na época não havia Waze ou GPS. Então sofremos um pouco, mas nada grave. Serve como história para contar.
A viagem continua em clima de bom humor. A conversa, em tom amistoso. Mas todos estão com fome, e não há lugar para parar e comer no caminho escolhido. No estádio, uma arena pequena, mas muito bem cuidada, há uma lanchonete. No cardápio, churros e pastel de queijo, carne e pizza, devidamente devorados por todos. Era hora de subir para a cabine, pegar as escalações de São Paulo e Rondonópolis e se preparar para acompanhar o jogo.
Trabalho de formiguinha
Micale, Lameira e outros quatro observadores da CBF acompanham o torneio e produzem relatórios sobre os destaques que viram para abastecer de informações a base de dados da entidade. É um trabalho que muitas vezes envolve jogos em duas cidades diferentes no mesmo dia, viagens constantes, sono trocado e alimentação desregrada, apenas nos horários possíveis. Na Copa São Paulo, maior competição de base do mundo, a demanda se multiplica, pois o torneio é paralelo à Copa Votorantim Sub-15, disputada no interior paulista e também monitorada pelos profissionais, que trocam mensagens a todo momento.
Lameira, 38 anos, é gaúcho de Porto Alegre e chegou a jogar futebol profissionalmente como meia esquerda. Na base, passou pela dupla Gre-Nal. Foi também observador técnico do Flamengo e gerente dos profissionais do São José-RS, clube em que jogou, antes de chegar à CBF em 2015 como observador. Ele destaca a posição de goleiro como a mais bem servida da competição.
– Vi muitos goleiros bons, mas isso não significa que haja carência nas outras posições.
Micale, 46, é também o encarregado de preparar a seleção que disputará as Olimpíadas de 2016 sob o comando de Dunga. O semblante tranquilo e a fala mansa típica do baiano (ele é nascido em Salvador) não se alteram, nem na resposta pausada quando perguntado sobre a ida de Neymar aos Jogos.
– Acho que todo treinador do mundo gostaria de contar com um atleta como o Neymar, mas é uma decisão que cabe ao Dunga. Estamos juntos, mas o poder de decisão final é dele – diz o técnico, que fará mais uma convocação em março e ainda não sabe quando "passará o bastão" em definitivo para Dunga.
Risos gerais. Micale lembra da Copinha em que foi campeão pelo Figueirense em 2008. Ele conta que o motorista do ônibus que conduzia aquela equipe se perdia na estrada a todo momento.
– Viemos num ônibus próprio, com um motorista catarinense, e na época não havia Waze ou GPS. Então sofremos um pouco, mas nada grave. Serve como história para contar.
A viagem continua em clima de bom humor. A conversa, em tom amistoso. Mas todos estão com fome, e não há lugar para parar e comer no caminho escolhido. No estádio, uma arena pequena, mas muito bem cuidada, há uma lanchonete. No cardápio, churros e pastel de queijo, carne e pizza, devidamente devorados por todos. Era hora de subir para a cabine, pegar as escalações de São Paulo e Rondonópolis e se preparar para acompanhar o jogo.
Trabalho de formiguinha
Micale, Lameira e outros quatro observadores da CBF acompanham o torneio e produzem relatórios sobre os destaques que viram para abastecer de informações a base de dados da entidade. É um trabalho que muitas vezes envolve jogos em duas cidades diferentes no mesmo dia, viagens constantes, sono trocado e alimentação desregrada, apenas nos horários possíveis. Na Copa São Paulo, maior competição de base do mundo, a demanda se multiplica, pois o torneio é paralelo à Copa Votorantim Sub-15, disputada no interior paulista e também monitorada pelos profissionais, que trocam mensagens a todo momento.
Lameira, 38 anos, é gaúcho de Porto Alegre e chegou a jogar futebol profissionalmente como meia esquerda. Na base, passou pela dupla Gre-Nal. Foi também observador técnico do Flamengo e gerente dos profissionais do São José-RS, clube em que jogou, antes de chegar à CBF em 2015 como observador. Ele destaca a posição de goleiro como a mais bem servida da competição.
– Vi muitos goleiros bons, mas isso não significa que haja carência nas outras posições.
Micale, 46, é também o encarregado de preparar a seleção que disputará as Olimpíadas de 2016 sob o comando de Dunga. O semblante tranquilo e a fala mansa típica do baiano (ele é nascido em Salvador) não se alteram, nem na resposta pausada quando perguntado sobre a ida de Neymar aos Jogos.
– Acho que todo treinador do mundo gostaria de contar com um atleta como o Neymar, mas é uma decisão que cabe ao Dunga. Estamos juntos, mas o poder de decisão final é dele – diz o técnico, que fará mais uma convocação em março e ainda não sabe quando "passará o bastão" em definitivo para Dunga.
Na Copinha, Micale e Lameira pensam a longo prazo. Como a probabilidade de alguém que disputa a competição ir para as Olimpíadas é pequena, eles procuram jogadores nascidos em 1997 e 1998 para montar a equipe para o Sul-Americano Sub-20 de 2017, no Equador. Em 16 dias de competição, Micale aponta alguns destaques e carências que acompanhou no torneio.
– O Lucas Fernandes, do São Paulo, é um ótimo jogador, faz o time andar. Outro que gostei muito foi o Daniel, goleiro do Palmeiras. Tem muita qualidade. Ainda não vi um atacante que me encantasse. Vi bons jogadores que fazem gols, mas aquele atacante que é bom no um contra um, parte para cima, ainda não vi. Mas estou esperando as fases decisivas, para ver quem se sai bem nos jogos mais difíceis.
Atenção total
Durante as partidas, os dois tiram pouco os olhos do gramados. Conversam entre si, fazem comentários e assistem ao Flamengo fazer 2 a 0 no Bahia no primeiro tempo, mesmo depois de perder um pênalti. O Rubro-Negro, com um time mais velho, era favorito, mas os baianos se recuperaram no segundo tempo e chegaram ao empate.
Em Mogi das Cruzes, viram um São Paulo cheio de reservas golear o Rondonópolis por 4 a 0. E se protegeram, como todos no estádio, do forte cheiro de gás lacrimogênio exalado pelas bombas jogadas pela polícia para dispersar os torcedores que brigavam para invadir o estádio superlotado.
– Isso é terrível. As famílias que vêm ao estádio são reféns desses bandidos travestidos de torcedores. É lamentável.
Depois do jogo, retorno imediato a São Paulo. Era o momento de dormir para acordar descansado para mais um dia de trabalho. E assim será até o 25 de janeiro, quando a Copinha conhecer seu campeão.
Varjota Esportes - Ce. / Globoesporte.
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