Benecy Queiroz e o supervisor de futebol do Cruzeiro (Foto: Washington Alves / Light Press)
Benecy Queiroz é um dos funcionários mais antigos do Cruzeiro. Atuando no clube mineiro desde a década de 1970, ele já exerceu diversas funções, até sendo treinador por algumas partidas. Atualmente é o supervisor de futebol, cuidando, principalmente, da logística e dos trâmites burocráticos da Raposa. No último domingo, ele confirmou que no futebol existe a famosa mala preta, citando uma tentativa de comprar um árbitro em Minas Gerais, em uma das cinco passagens do técnico Enio Andrade no clube. A entrevista foi concedida à emissora de televisão Rede Minas.
Segundo ele, entretanto, a tentativa não foi bem sucedida, já que o árbitro não cumpriu com o combinado e não favoreceu o Cruzeiro na partida em que aconteceu a situação. O dirigente não citou contra qual time e em que ano o fato ocorreu.
- Só vou citar um caso específico, não falo o nome, aqui em Minas Gerais. O treinador era Ênio Andrade. E nós, através de indicação de uma pessoa, achamos que compramos um juiz. E o juiz falou: "olha, fique tranquilo que o time do adversário não sai do meio de campo". Então, nos 45 primeiros minutos, ele deu muita falta só no meio de campo. Então, falei com ele: "é, o negocio, acho que vai dar certo". Só que, por azar nosso, o adversário chutou uma bola do meio de campo, o goleiro, eu posso falar o nome, Vitor, no ângulo e gol. E o juiz, então, o que foi que ele fez? Continuou dando falta só no meio. Só no meio. Só no meio. E uma hora, antigamente podia entrar dentro de campo, eu falei: "Velho, eu paguei você, vê se você dá o pênalti". Ele falou assim: "manda o seu time lá para frente que eu dou o pênalti". Aí falei com o capitão: "olha, manda todo mundo para frente, temos que empatar o jogo". Aí foi para frente, toda bola ele dava falta contra o Cruzeiro. Eu cheguei à conclusão de que eu empreguei um dinheiro errado.
A situação ocorreu entre 1989 e a década de 1990, período em que Ênio Andrade treinou a Raposa em cinco oportunidades. Entretanto, o goleiro Vitor, citado na declaração do dirigente, fez a última partida com a camisa da Raposa em 1984. Benecy disse que a situação ocorre, principalmente, com times de menor expressão, que aceitam dinheiro para vender partidas.
- São coisas difíceis de você responder. Efetivamente que existe a mala branca, existe a mala branca. Todos nós sabemos que times menores aceitam. Não digo que é suborno, tá? Porque se a gente partir do raciocínio que é suborno, os clubes não pagariam bicho, prêmios tão altos para ganhar.
O Cruzeiro disse que não irá se pronunciar sobre a entrevista concedida pelo supervisor de futebol do clube. Citado por Benecy Queiroz, o goleiro Vitor Braga, que também teve passagens pelo Vasco, negou que tenha se envolvido em alguma situação parecida e que essa prática não condiz com a história do clube mineiro.
- Eu tomei um susto quando me ligaram a respeito dessa alegação do Benecy. Comecei a forçar a cabeça pra lembrar, e depois ouvi o comentário que foi em 89, na época de Ênio (Andrade). Eu não trabalhei com o Ênio. Eu saí em 85, joguei só até o meio de 85. Em 89, eu trabalhava no Catar, como auxiliar técnico. Eu estou meio surpreso com tudo isso. Isso não é prática do Cruzeiro. Eu convivi no Cruzeiro, eu tinha maior carinho e paixão pela minha carreira, pelo futebol, pela coisa limpa do futebol. Eu jamais vi algum comportamento desse no Cruzeiro. Se eu tivesse visto, também não daria apoio a isso. Com toda a honestidade, do fundo do coração.
Varjota Esportes - Ce. / Globoesporte.
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