Suíça, Costa Rica e Sérvia serão os 3 primeiros rivais da Seleção Brasileira na Copa da Rússiaa partir do próximo dia 17 de junho, mas um adversário extra pode dificultar um pouco o sonho de conquistar o hexacampeonato mundial em 2018: o clima.
Apesar de as previsões meteorológicas apontarem para temperaturas mais amenas do que as normalmente encontradas nessa época do ano em Moscou e região, precaução nunca é demais, principalmente em uma competição tão importante quanto uma Copa do Mundo.
A reportagem do HuffPost Brasil conversou com dois especialistas na área da saúde esportiva – Vinícius Martins, ex-médico do Palmeiras, e Diego Leite de Barros, fisiologista do Hospital do Coração e diretor técnico da DLB Assessoria Esportiva. Ambos apontaram importantes aspectos que a Seleção terá que observar para driblar o imprevisível adversário na luta pela sexta taça de campeão do mundo.
Problemas respiratórios são o foco
Vinícius Martins, que encabeçou o departamento médico do Palmeiras por 10 anos – entre 2007 e 2017 –, informou que são vários os pontos que necessitam de atenção especial para os atletas não sofrerem com o clima em terras russas.
"Na verdade é algo bem complexo. O frio aumenta os problemas respiratórios, diminui o rendimento, a capacidade aeróbia da pessoa. [O jogador] Precisa encontrar um meio de o organismo aumentar o metabolismo, produzir mais energia para compensar essa perda", explicou.
Filho de Turíbio Leite, que trabalhou 25 anos na comissão da Seleção Brasileira, Diego Leite de Barros, fisiologista do Hospital do Coração e Diretor da DLB Assessoria Esportiva, endossou a análise do colega e pontuou outras questões importantes.
© Reprodução/Linkedin Diego Leite de Barros alerta para importância do aquecimento correto.
"O importante é a adaptação do organismo ao exercício. Elevar a temperatura corporal, a frequência cardíaca e a respiratória gradativamente, pois, se sair do repouso para o exercício rapidamente, o corpo sente e o você fica mais suscetível às lesões musculares."
Soluções simples para o clime na Rússia
Vinícius Martins crê que a comissão técnica da Seleção é vai escolher os métodos mais adequados e eficazes no combate ao clima que a equipe poderá encontrar durante a Copa da Rússia, mas aceitou citar o que faria se coubesse a ele tais decisões.
"O ideal é usar roupas adequadas, como luvas, bermudas térmicas e aquelas blusas que seguram o calor por baixo do uniforme, pois, quando diminui essa troca com o meio ambiente, também diminui o consumo do energia", explicou.
© Cesar Greco/Palmeiras/Divulgação Vinicius Martins (à esquerda) trabalhou uma década no departamento médico do Palmeiras.
"Também é importante estar bem hidratado e procurar melhorar a umidificação do ambiente. Tudo isso ajudará a prevenir rachaduras na boca, lesões na córnea, crises de broncopneumonia, coriza e até contraturas musculares", complementou.
Além dos pontos observados por Martins, o alongamento foi apontado por Diego Leite de Barros como fundamental para evitar surpresas desagradáveis.
"Em estádios como os da Copa, é normal ter um campo reduzido dentro do vestiário, e é lá que deve ser feito um treino de aquecimento de uns 30 ou 40 minutos, sob temperatura controlada. Depois, quando subir ao campo, o aquecimento é o normal, por mais uns 10 minutos. O ideal é priorizar os movimentos usados no esporte e as musculaturas mais exigidas", aconselha.
Barros não acredita que a Seleção tenha muitos problemas para se adaptar rapidamente. "Quando se diz que o jogador não está acostumado, primeiro precisa ver o local em que ele joga. Como a maior parte dos atletas da Seleção atua na Europa, é possível que essa adaptação já esteja sendo feita", comentou. "Além disso, em alguns lugares eles já atuam em condições semelhantes", concluiu.
Mas, afinal, como estará o tempo na época da Copa?
Apesar de todo o receio em torno do possível clima frio, a previsão do tempo para as cidades-sede da Copa da Rússia não é de temperaturas tão baixas assim.
Nas sedes localizadas ao oeste russo, casos de São Petesburgo e Kaliningrado, a estimativa é que, no horário dos jogos, o termômetro varie entre 18 e 20ºC.
Já nas cidades que ficam ao Sul do país - Socchi, Volgorado e Rostov (palco da estreia brasileira contra a Suíça) -, a temperatura pode chegar à casa dos 30ºC.
Em Rostov, boa parte do ano tem os termômetros registrando cerca de 10ºC e clima chuvoso, mas, no verão, a temperatura média sobe até 26ºC.
O temor, em ambos os casos, é novamente em relação à baixa umidade do ar, que demandará maior atenção da comissão técnica para que isso não venha a não causar problemas respiratórios nos atletas.
Varjota Esportes - Ce. / MSN.
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