Nadadora brasileira com maior número de participações em Olimpíadas, Joanna Maranhão anunciou sua aposentadoria nesta sexta-feira (27). Através de suas redes sociais, a pernambucana de 31 anos se mostrou grata pela carreira que construiu e agradeceu a todos que participaram de alguma forma dela. É a segunda vez que Joanna anuncia sua aposentadoria, sendo a primeira em 2013.
O anúncio foi feito na véspera da competição que leva seu nome e terá verba inteira destinada a seu trabalho contra pedofilia e abuso infantil. Ela não deixa a natação totalmente, já que vai seguir dando aulas e trabalhando com o esporte fora das águas.
A carreira conta com quatro participações em Olimpíadas, sendo o melhor resultado individual, um quinto lugar em Atenas, além de oito medalhas de jogos pan-americano. A nadadora não foi notícia apenas dentro das piscinas. Em 2008 ela revelou que havia sofrido abuso sexual na infância do seu treinador e passou a lutar pela causa e pelo empoderamento feminino no esporte. quatro anos depois, Joanna foi a inspiração para a lei homônima à ela e que dispõe sobre crimes de pedofilia.
“E é chegada a hora de encerrar um ciclo de tantos anos. Por 17 primaveras defendi as cores do Brasil nos mais diversos campeonatos internacionais. A menina que caiu na água aos 3 e encontrou ali sua essência, sua plenitude, seus maiores pesadelos e também seus maiores sonhos, nem nos mais belos prognósticos se imaginaria tendo a honra de representar o Brasil em 4 Jogos Olimpicos.
À todos que estiveram comigo nessa jornada: meu muitíssimo obrigada.
À meus treinadores (exceto um): vocês tiraram o melhor de mim, por todos os ensinamentos, treinos, desafios, conforto nos centésimos que faltaram e abraço nos momentos de alegria: toda minha gratidão.
À comunidade aquática: aproveitem o futuro, aproveitem a oportunidade de serem ouvidos, de viverem um esporte democrático onde a competição começa e se encerra na piscina. Que fora dela sejamos dignos do verdadeiro valor do atletismo. Não desperdicem a chance de escrever uma nova história nas páginas da natação brasileira. Chega de segredos, chega de retaliação, chega bajulação. Que o resultado na piscina, e apenas ele, diga quem será ou não convocado, quem será ou não contemplado.
À natação feminina eu faço um pedido: destruam todos os recordes que ainda existam em meu nome. Façam com que o quinto lugar de Atenas seja uma feliz lembrança em minha memória, e que eu (e Piedade Coutinho onde quer que esteja) possamos nos emocionar com o melhor resultado da natação feminina do Brasil em jogos olímpicos no pódio!
E pra quem disser que seu tempo já passou, ou que você tá velha demais: treine o dobro e mostre que, quem persevera por 11 anos pra melhorar tempo de 400 medley, não desiste por sistema nenhum.”
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