Sir Alex Ferguson sempre diria que a melhor forma de participar da janela do mercado de janeiro era do lado de fora, olhando para os clubes que se permitiram ser arrastados para o “caos” de um mês, como descreveu o ex-técnico do Manchester United.
Jürgen Klopp, que persuadiu o Liverpool a pagar a quantia recorde por um defensor de 75 milhões de libras para ficar com Virgil van Dijk em janeiro de 2018, pode permitir-se discordar com o ponto de vista de Ferguson mas, normalmente, os grandes times e os que estão em um bom momento evitam o mercado de janeiro a todo custo.
Van Dijk tem sido um enorme sucesso no Liverpool nos seus 12 meses em Anfield e é, talvez, a exceção à regra que afirma que a janela de inverno é dominada pelo comprar desesperadamente e pelos erros milionários. Tendo embolsado 75 milhões de libras com o zagueiro, o Southampton investiu 19,1 milhões de libras no atacante argentino Guido Carrillo, do Monaco. Depois de apenas cinco partidas na Premier League e nada de gols pelos Saints, ele foi emprestado ao Leganés.
Carrillo é um exemplo do porquê Ferguson e vários grandes clubes e grandes treinadores têm sido tão relutantes em contratar jogadores em janeiro. Os maiores times agora passam meses trabalhando em contratações estudadas, monitorando atletas e indo atrás de informações sobre eles fora de campo. Às vezes, circunstâncias determinam que eles têm que fazer acordos em janeiro, mas, para os gigantes, o foco é a janela de verão.
O Chelsea encarou a tendência neste mês ao acertar com Christian Pulisic, do Borussia Dortmund, que irá se juntar só na próxima temporada, em uma transferência de 58 milhões de libras – o norte-americano segue na equipe alemã emprestado até o meio do ano. Além disso, os Blues contrataram Gonzalo Higuaín, da Juventus, por empréstimo e com opção de compra. Mas há dois motivos para os negócios do Chelsea em janeiro.
Primeiramente, os Blues estão sob ameaça ficarem impedidos de fazer transferências mundiais por conta da contratação de Betrand Traoré, o que poderia acontecer já no próximo verão europeu. Assim, qualquer negócio agora é uma garantia em caso de uma punição da Fifa. Em segundo lugar, o fracasso do clube em se reforçar adequadamente no verão deixou o elenco carente de um goleador, então a contratação de Higuaín decorreu do erro de seis meses atrás. Vale mencionar que Álvaro Morata foi emprestado ao Atlético de Madrid.
O Tottenham não contratou ninguém no último verão, e a falta de profundidade no elenco agora ameaça arruinar sua temporada, com as lesões de Harry Kane e Dele Alli coincidindo com as quedas na Copa da Liga Inglesa e na Copa da Inglaterra. Mas se Maurício Pochettino aumentar seu plantel antes das 23h (locais) de quinta-feira, será porque as lesões forçaram uma atitude do clube. Esse cenário se dá quando os erros são feitos por causa da janela de janeiro, e certamente a semana final disso é um mercado para os desesperados e mal preparados.
Por fim, os jogadores tops estão simplesmente indisponíveis em janeiro, o que é outra razão pela qual os clubes iriam preferir esperar pelo verão, quando os contratos podem estar se encerrando e quando todas as partes têm o tempo para fazer uma decisão bem informada. Se um jogador do mais alto nível está disponível, terá uma razão para tal situação, e esta normalmente é negativa, como uma disputa contratual, questões físicas ou alguma outra coisa que faria soar um alarme na mesa do potencial comprador.
O United contratou Alexis Sánchez 12 meses atrás, com seu contrato no Arsenal perto do fim, e o chileno tem feito pouco para seu antigo clube se arrepender de tê-lo perdido. Quando o Liverpool vendeu Fernando Torres ao Chelsea por 50 milhões de libras em janeiro de 2011, lesões já tinham começado a ter o seu preço, e suas atuações sem empolgar no Stamford Bridge sugeriram que o Liverpool sabia que os melhores dias de seu atacante já tinham ficado para trás.
E enquanto o Liverpool pode ter desperdiçado 35 milhões de libras ao contratar Andy Carroll, do Newcastle, como substituto, eles também acertaram a chegada por 22,8 milhões de euros de Luis Suárez, que tornou-se um astro em Anfield. Mas de novo: por que Suárez estava disponível em janeiro? Porque ele estava cumprindo uma suspensão de sete jogos por ter mordido um adversário, e o Ajax queria ganhar dinheiro em vez do risco de se arriscar a perder os clubes mais ricos por conta da reputação do uruguaio.
Como a janela de janeiro entra em sua reta final, há pouca perspectiva de Liverpool, Manchester City ou Manchester United aumentar os seus elencos. O Chelsea, que se ocupado neste mês por razões já mencionadas, pode ainda permitir que Gary Cahill, Danny Drinkwater e Callum Hudson-Odoi deixem o Stamford Bridge antes do fechamento do mercado, mas é improvável que haja novas chegadas.
Arsenal, confrontado com uma crescente crise defensiva, pode ter que achar um novo zagueiro, mas com o relógio passando, o clube fará bem em achar uma contratação que se prove confiável como Van Dijk. Mas o Liverpool e o City agora fecharam seus elencos devido a intensos recrutamentos nos últimos 18 meses, e nem é provável em fazer negócio para um acerto rápido que resolva um problema a curto prazo.
O United, enquanto isso, tem em Ole Gunnar Solskjaer um técnico interino, que desbloqueou o potencial de um elenco que estava muito abaixo do esperado com José Mourinho. Então, eles podem focar em suas contratações de verão em vez de negociar na base do desespero nesta semana.
Os clubes ocupados serão aqueles com problemas, aqueles na extremidade errada da tabela, que estão preparados em apostar em uma contratação de risco ou um clube maior pagando o preço por um planejamento ruim no último verão. Mas, por fim, Ferguson estava certo. A janela de janeiro não é lugar para um clube que sabe como fazer seus negócios.
Varjota Esportes - Ce. / MSN.
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