A batalha judicial entre Romário e Vasco chegou ao fim nesta terça-feira com aperto de mãos entre o deputado federal e o presidente Roberto Dinamite e aplausos dos presentes. Após quase três horas de audiência na 48ª Vara Cível, o clube entrou em acordo com o Baixinho para quitar a dívida cobrada pelo ex-jogador, revelado na Colina. Assim, ficou determinado que o Cruz-Maltino irá pagar 120 parcelas de R$ 150 mil, reajustadas a cada mês de janeiro, começando em 2014. O valor total se aproxima da dívida original de 2004, que era pouco menos de R$ 22 milhões. A audiência foi ministrada pelo juiz Mauro Nicolau Júnior. Antes, o acordo era considerado improvável pelas duas partes.
- O importante é que houve um acordo que foi bom para ambas as partes - limitou-se a dizer o mandatário vascaíno, por conta do segredo de Justiça.
O acordo ainda prevê que cada parcela terá uma carência de 120 dias. Caso o prazo expire, o Vasco pagará uma multa de 50% sobre o valor original. Além disso, o contrato de transmissão de televisão foi incluído como uma das garantias ao Baixinho. No entanto, por conta da decisão de se manter sigilo, nenhuma das partes confirmou os termos do acordo.
Num primeiro momento, o Vasco se propôs a pagar R$ 14 milhões, mais 20% de correção, o que chegaria a R$ 16,8 milhões. Além disso, Romário passaria a deter os direitos econômicos de Fellipe Bastos, avaliados em 1 milhão de euros (cerca de R$ 2,7 milhões). Assim, o Baixinho embolsaria os 250 mil euros a serem pagos pelo Internacional na contratação do volante, valor que se refere à dívida do Vasco com o Benfica por ocasião da contratação do jogador, no ano passado. Por isso, era esperada a presença de um representante do clube gaúcho na audiência desta terça-feira, mas ninguém apareceu. Entretanto, a proposta não foi aceita, e as partes passaram a conversar em outros termos.
Romário, que deixou o tribunal sem dar entrevistas, cobrava R$ 58 milhões, cálculo feito com base em salários e direitos de imagem não pagos quando ele ainda defendia o clube nos gramados. No entanto, os advogados vascaínos contestavam o montante, alegando que o ex-atacante recebeu do Vasco - ainda sob a administração do então presidente Eurico Miranda - valores não reconhecidos pela atual gestão. Na confissão de dívida assinada por Eurico, em 21 de maio de 2004, o Cruz-Maltino reconheceu ter de pagar R$ 21.898.000,00 ao Baixinho em 150 parcelas mensais de R$ 150 mil. O documento descreve que a dívida tem origem no contrato de uso da imagem do jogador de 1999 a 2002 e "créditos pessoais do atleta referido, cedidos à credora".
- O acordo é a maneira mais civilizada de resolver essas questões. Ninguém ganhou e ninguém perdeu. O acordo mostrou a grandeza das duas partes - disse um dos advogados contratados pelo Vasco, Silvio Capanema, curiosamente, ex-presidente do Conselho Deliberativo do Flamengo.
Com o acordo, a penhora de parte das cotas de patrocínio e dos direitos econômicos dos jogadores Fellipe Bastos, Eder Luis e Dedé será liberada pela Justiça. O volante Nilton, que se transferiu para o Cruzeiro, também estava na mesma situação que os antigos companheiros. O bloqueio dos direitos federativos, por exemplo, foi o que impediu a negociação de Fellipe Bastos com o Internacional.
- Essa (penhora) é uma questão que ainda vai ser solucionada por completo e essa decisão será anunciada nos próximos dias. Mas está resolvido - explicou outro advogado de defesa do Vasco, Marcello Macedo.
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