Viagem longa, altitude, cilindros de oxigênio, pressão da torcida rival... O Corinthians enfrentou tudo isso, abriu o placar, mas estreou na Taça Libertadores com um empate por 1 a 1 diante do San José, em Oruro, na noite desta quarta-feira. Diante das circunstâncias adversas, a igualdade acabou sendo um bom negócio para o Timão, que somou seu primeiro ponto e aumentou a invencibilidade na competição sul-americana para 15 jogos – não perde desde a traumática eliminação para o Deportes Tolima, em 2011.
O primeiro gol do Corinthians na atual edição da Libertadores não poderia ser mais emblemático. O peruano Paolo Guerrero, ídolo sul-americano, fez nesta quarta, aos 29 anos, sua primeira partida na história do torneio. Na véspera, ele dizia que faria de tudo para marcar e realizar um sonho de infância. El Depredador demorou apenas cinco minutos para cumprir a promessa, com um belo arremate de pé esquerdo.
O San José, pouco técnico, mas muito valente, empatou com o melhor jogador do time – Saucedo. O Timão cansou no segundo tempo e sentiu o cansaço proporcionado pela altitude de 3.700 metros. Ficou bom para todo mundo.
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Do lado de fora do gramado, um grave acontecimento. De acordo com informações da polícia local, um torcedor do San José teria morrido ao ser atingido por um sinalizador. Ainda de acordo com as autoridades bolivianas, cinco torcedores brasileiros teriam sido detidos, suspeitos de terem disparado o artefato.
O Corinthians volta a campo neste domingo, pelo Campeonato Paulista, diante do Bragantino, em jogo marcado para as 16h (horário de Brasília). Pela Libertadores, os comandados de Tite jogam quarta-feira que vem, contra o Millonarios, no Pacaembu.
'El Depredador' cala 'La Temible'
O San José tem uma equipe limitadíssima, mas ao menos sua torcida mostrou ser ativa. Com o Estádio Jesús Bermudez praticamente lotado, a equipe da casa foi muito bem recebida em sua entrada no gramado. Em meio a fogos de artifício, música típica e gritos de “San José, San José”, um mosaico de fogo atrás de um dos gols anunciava que uma torcida especial estava ali: La Temible (A temível).
No entanto, havia dois problemas. O primeiro, a própria equipe do San José, muito inferior ao Corinthians. O segundo – e mais importante: um Paolo Guerrero louco para fazer bom papel em seu primeiro jogo de Taça Libertadores. Ele, sim, é temível. No primeiro lance do jogo, ignorou os efeitos da altitude de 3.700m de Oruro, correu em direção ao ataque, roubou a bola de Luis Torrico e exigiu grande defesa de Lampe.
Obstinado, El Depredador (como Guerrero é chamado no Peru) tratou de calar La Temible logo aos cinco minutos. A jogada ensaiada nos treinos foi perfeita. Passe de Danilo para Fábio Santos e cruzamento para trás. A bola não achou Emerson Sheik, mas foi perfeita no pé esquerdo de Guerrero, que precisou de pouco tempo para realizar seu sonho de infância. Desde garoto, ele assistia a jogos da Libertadores e sonhava marcar um gol na competição.
Cheio de estrela, Guerrero deu ao Corinthians o panorama perfeito. Com a vantagem, os comandados de Tite passaram a administrar a posse de bola e buscar a aproximação entre as linhas para economizar esforço – antes do jogo, os jogadores até precisaram inalar oxigênio de alguns cilindros adquiridos pelo clube.
O pé no freio do Timão permitiu que o San José, mesmo limitado, voltasse a acender sua torcida com alguns chutes de longa distância. Cássio trabalhou em pelo menos um deles, de Saucedo, o “craque” da equipe de Oruro. No fim do primeiro tempo, o melhor jogador do Mundial de Clubes apareceu para salvar um toque de calcanhar de Palacios. Em 45 minutos, a altitude não fez efeito no atual campeão da Libertadores.
El Caballo empata, mas Timão fica satisfeito
El Caballo empata, mas Timão fica satisfeito
Tudo parecia bem demais para o Corinthians, mas era evidente que os efeitos da altitude cobrariam seu preço em algum momento da partida. No segundo tempo, o Timão voltou cauteloso, sem se expor, mas mesmo assim sofreu com a disposição do San José. A maior velocidade da bola proporcionada pela altitude foi traiçoeira com a defesa alvinegra. Paulo André e Gil demoraram a se acertar por ali.
Cássio trabalhou mais, só que não conseguiu evitar que Saucedo aparecesse sozinho no segundo pau para empatar o jogo aos 15 minutos. O cruzamento de Garcia foi “esticado” demais para a defesa alvinegra alcançar. Saucedo, conhecido como El Caballo, levou o estádio de Oruro à loucura.
Depois disso, o Corinthians acordou e tentou aproveitar os espaços deixados pelo empolgado time da casa. Emerson teve a bola do jogo aos 20 minutos, mas conseguiu fazer o mais difícil após passe perfeito de Renato Augusto: acertou a trave. Renato, aliás, ditou o ritmo do duelo desde que entrou na vaga de Jorge Henrique, substituído por causa de dores musculares.
Dois minutos depois, Emerson perdeu outro gol. E Tite perdeu a paciência. O técnico promoveu a entrada de Alexandre Pato, que não teve tempo, nem espaço, para fazer o que sabe. Com o passar do tempo, o empate se tornava mais rentável para o Corinthians. Com o apito final, não dá para dizer que o Timão não saiu satisfeito. Assim como na campanha do título de 2012, a equipe estreou com uma igualdade fora de casa – e agora com 15 jogos de invencibilidade no torneio.
Varjota Esportes - Ce. / Globoesporte
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