O Flamengo conquistou há uma semana seu terceiro título da Copa São Paulo de juniores ao vencer o Corinthians nos pênaltis, depois de 2 a 2 no tempo normal. A euforia tomou conta da garotada, e até de torcedores, que esperam por futuros craques no time profissional. Mas é bom ter paciência e tomar cuidado. A transição não é fácil, nem todos estão preparados. E quem fala com certa experiência é o meia Adryan, de apenas 21 anos, emprestado pelo clube ao Nantes, da França. O jogador era o camisa 10 do Rubro-Negro campeão da Copinha de 2011, ganhou destaque, fama e chances entre os profissionais. Emprestado pela terceira vez, dá conselhos aos mais novos e faz uma autocrítica sobre não ter correspondido em pouco tempo a uma enorme expectativa.
Adryan tem contrato com o Flamengo até 2018. Carregou nas costas o número 10, e logo as comparações com grandes ídolos começaram a aparecer. Jogar bola era uma diversão, e ele tratou como tal. Acha que poderia ter sido mais profissional quando, de fato, virou profissional. Aponta erros, acertos e diz o que gostaria de fazer de pudesse voltar no tempo.
- Se eu pudesse voltar no tempo, faria tudo completamente diferente. Me cuidaria mais com relação a tudo. Treinos, alimentação e dedicação. Acho que faria tudo diferente e bem melhor do que eu fiz. Sei que errei nesses quesitos. E achei que tudo ia acontecer e fui levando, levando... A verdade é que você tem que se preparar, por mais que seja diversão jogar bola. Não acho que levei na brincadeira, mas poderia ter levado mais a sério. Só um pouquinho mais a sério. Poderia ter sido um pouco mais profissional, mas eu era novo. É normal. Conselho que poderia dar para essa garotada é manter o foco, eles devem estar com uma vontade danada de jogar no profissional. Dentro de campo eles devem fazer as coisas com personalidade e sem medo - afirmou Adryan ao GloboEsporte.com.
Comparações sempre foram inevitáveis. Até quando chegou na França, o diário "L'Equipe" o chamou de "novo Zico". No Brasil, também não passou longe desse tema. E o desempenho em campo não seguiu a expectativa. Não só de Adryan, mas como de toda uma geração que teve oportunidades e acabou saindo da Gávea. O único remanescente no Fla do time campeão de 2011 da Copinha é o goleiro César. Na época, a competição era sub-18, e hoje é sub-20.
Adryan comemora gol pelo Fla (Foto: Ivo Gonzalez /Globo)
- Isso nunca me incomodou tanto (comparações). Não percebia o quanto essas comparações eram grandes. Depois que eu saí foi que a ficha caiu. Antes não ligava, mas creio que isso não tenha me atrapalhado. Na minha ocasião, na ocasião de outros não sei. No meu caso, minhas falhas me atrapalharam. Depois amadureci. Foi bom ter sido emprestado. Futebol é assim - disse o brasileiro, para depois fazer uma análise sobre seus ex-companheiros:
- No profissional cada um teve seu tempo. A questão foi mais a regularidade nos jogos. Isso atrapalhou bastante, era um jogo muito bem e outro muito mal. Acho que as coisas acontecem no seu tempo, tivemos muito destaque na Copa São Paulo e na base. E apesar da pouca idade, o momento pedia aquilo (subir para o profissional). Não foi nada forçado. Não fomos porque tínhamos que subir. Subimos porque estávamos bem e pintou a oportunidade. Concordo que tem que preparar o jogador, a cabeça dele. Não é fácil jogar no Flamengo, mas não foi imprudência. Cada um seguiu seu caminho, todos têm talento e são novos.
Na França, Adryan procura deixar para o passado erros e frustrações. Superou um início irregular e começa a ganhar espaço no Nantes. Vem jogando com mais frequência, diz ser fluente no idioma e traça como objetivo conseguir uma vaga na Liga Europa - a equipe está na nona colocação, com 32 pontos, quatro a menos do que o Caen, quarto na tabela. Voltar ao Brasil ou seguir na Europa? O futuro ele deixa em aberto, só quer ter mais chances para jogar com frequência.
- Falando do clube, foi perfeito. Tem uma estrutura sensacional, e os profissionais sempre tentam ajudar. Falavam em inglês comigo enquanto eu não sabia o francês. E isso foi muito importante, e muitos jogadores são africanos, bem descontraídos como os brasileiros. Estou muito feliz com essa temporada. Comecei como titular, depois tive uma queda e acho que foi por conta da adaptação. Fiquei sem ser convocado em apenas dois jogos, um por lesão e outro por cartão vermelho. Estou bem regular nos jogos. Não faço partidas como no Flamengo, quando era muito novo, e jogava uma muito bem e outra muito mal.
Enquanto comemora o bom momento, o jovem menospreza uma lista publicada pela revista “France Football”, que o colocou na seleção dos piores do Francês ao lado dos também brasileiros Lucas Silva (Olympique de Marselha) e Brandão (Bastia).
- A gente sabe como funciona aqui na Europa. Eles fazem diversas listas e se o jogador ficar se preocupando com cada uma delas, vai perder o foco. Eu estou exclusivamente focado em treinar e jogar bem para ajudar o Nantes sempre. Felizmente, é o que tem acontecido. Estamos em nono e eu tenho conseguido melhorar meus números a cada jogo, fazendo gols e dando assistências importantes.
Antes de chegar na França emprestado mais uma vez pelo Flamengo, Adryan teve passagens por Cagliari, da Itália, e Leeds, da Inglaterra. No futebol inglês, alega que problemas financeiros e de relacionamento com o presidente do clube afetaram seu desempenho.
Varjota Esportes - Ce. / Globoesporte.
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