O assunto eram as conquistas mundiais da Seleção entre 1958 e 1970 - a última capiteanada por Torres, autor do quarto gol sobre a Itália, na final. E a decepção canarinho, nesse meio tempo, ocorreu em 1966, justamente contra Portugal. Os europeus sempre foram acusados de terem sido violentos e, assim, machucado ainda mais um Pelé à meia-bomba. E Eusébio rebateu com relatos de episódios anteriores no confronto entre os países.
- Fiquei triste com Pelé, porque não esperava que batesse até no rosto dos zagueiros portugueses (em duelo pela Copa das Nações, em 1964). Vocês não lembram das maldades dele, não é? Não se pode reclamar. Para levar vantagem, Pelé era muito violento às vezes. Não tiro seu valor nem sua categoria. E sou até mais amigo dele do que ele é de mim, se você quer saber. Cheguei a dizer para ele no jogo: "Ô, Pelé, pelo amor de Deus! Não há Cassius Clay aqui (o legendário boxeador, também conhecido como Mohammed Ali) - contou Eusébio, arrancando risadas constragidas de muitos, mas claramente usando um tom sério.
Eusébio participou de debate sobre o futebol nesta terça-feira na Soccerex (Foto: EFE)
Aproveitando o gancho da discussão precedente sobre a comparação entre craques do passado e do presente, o português leventou outra questão. Novamente, sem papas na língua.- E ainda digo o seguinte: houve um brasileiro melhor do que Pelé. Era Garrincha. Tinha a perna torta assim (indicando com o braço), e outra esticada normal. Como podia fazer aquilo tudo com essas dificuldade? Era um paralítico! E como jogou bola... Muito melhor do que todos nós. Mas como Garrincha era do povo, gostava de outra bebida que não era exatamente a água, ficou marginalizado - lamentou.
No fim, um jornalista português tomou a palavra para uma pergunta e resolveu atacar o próprio Eusébio. Ele disse que o ex-jogador não se destacou mais na carreira por conta de seu "fim melancólico, tomando diversas infiltrações para atuar pelo Benfica". O tom do conterrâneo deixou Eusébio cabisbaixo e calado. Em seguida, a organização do evento desligou o microfone do repórter, que se disse fã do futebol brasileiro e atrasou o debate por cerca de 10 minutos.
Maradona e Messi à frente de Pelé
O argentino Osvaldo Ardilles também desfilou sua tese a respeito da linha do tempo dos melhores. Campeão do mundo em 1978, o meia acredita que a evolução faz com que os atuais sejam sempre mais completos do que os antepassados.
- Pelé foi grande, mas Maradona teve mais dificuldade, pela maneira como o futebol evoluiu, é outra época. Assim como Messi é, para mim, o melhor de todos os tempos. No futuro, vai haver outro jogador ainda melhor, que o superará física e talvez tecnicamente.
O holandês Ruud Gullit é outro a preferir Maradona. Mas argumenta que ter visto e, sobretudo, enfrentado El Pibe, fez a diferença.
- Maradona foi uma das melhores coisas que já aconteceu ao futebol. Não pude ver Pelé, apenas em documentário. Então, é diferente, a comparação é difícil. Para mim, Maradona foi o melhor porque o vi fazer coisas que eu mesmo não pude evitar. No Milan (década de 80), tínhamos um grande time, mas não conseguíamos pará-lo de jeito algum (pelo Napoli) - disse Gullit, que, apesar dos problemas extramcampos do argentino, elogiou sua conduta dentro do grupo.
Globoesporte.com / Varjota Esportres.
Nenhum comentário:
Postar um comentário