No campo havia três gerações de talentos. De Zico, Tita, Adílio, Mozer e Junior, heróis daquele espetacular Flamengo dos anos 80, à juventude de Vinicius Junior e Lucas Paquetá que começam a pavimentar na Europa trajetórias que têm tudo para se tornarem histórias de sucesso.
Mas, entre craques do passado, do presente e do futuro uma atuação em particular chamou a atenção no Jogo das Estrelas. Aos 36 anos, em uma idade que ainda poderia estar exibindo todo o seu talento em um grande clube daqui ou de fora, o imperador Adriano mostrou que o futebol, definitivamente, não faz mais parte de sua vida.
Por favor, vamos esquecer de vez essa história de que ele pode voltar a jogar. Vamos deixar de lado essas especulações que a cada início de temporada ressurgem na mídia. Adriano não dá mais, como ficou claro na quinta feira, nem para jogar pelada. O que dirá para vestir profissionalmente a camisa de algum time.
O carinho da torcida por ele - especialmente dos rubro-negros - continua o mesmo. A cada vez que tocava na bola, nas poucas vezes em que o fez, era ruidosamente saudado pelas arquibancadas do Maracanã. Um reconhecimento nada mais justo para quem foi decisivo, ajudou o clube a conquistar seu último Brasileirão, em 2009 quando comandou a surpreendente arrancada final ao lado do genial Petkovic, outro aliás que abrilhantou, com seu toque refinado, a festa de Zico.
Mas a reverência da torcida foi só o que lembrou o passado vencedor do Imperador. As pernas não respondem mais, o gol perdido com a meta escancarada, a queda patética ao chão quando tentou dar um passe de letra foram os sinais mais evidentes do ocaso. Mas não os únicos: as mãos cobrindo o rosto a cada jogada errada e o mau humor com que recebeu a brincadeira do comentarista Alex Escobar que queria presenteá-lo com a camisa do Inacreditável FC mostram que mesmo num jogo de brincadeira, em que todos se divertiam, Adriano sofria com a bola e por causa da bola.
Adriano teve e tem tudo o que quis. Muito rapidamente conquistou na Europa a fama, a riqueza, carros, mulheres e todo tipo de luxos. Sobre ele, em defesa dele, em uma das inúmeras vezes em que chutou o balde na carreira, Pelé lembrou que era, naqueles tempos, apenas um menino de quem não se podia exigir a maturidade de um homem feito. O imperador ganhou em dois ou três anos na Itália o que o Rei levou anos suando a camisa para acumular. E isso lhe foi fatal, o fez, na prática, desistir muito cedo do futebol, perder a graça de jogar, se desestimular. Não foi o único, não será o último.
Adriano não joga desde 2014 quando o Athletico-PR fez a última aposta em sua recuperação. Não deu certo. Atuou apenas quatro vezes, três pela Libertadores e uma pelo campeonato Paranaense. Balançou a rede uma única vez. E nem vale tratar depois disso da experiência quase amadora no Miami United em 2016. Sua carreira de alto nível, na verdade, terminou bem antes, em 2010, quando deixou o Flamengo, As passagens que se sucederam, pela Roma e o Corinthians, onde chegou carregado de expectativas, foram pífias tanto nos números (oito jogos em cada um e apenas três gols marcados) quanto no desempenho físico e técnico.
Não consta que o mau estado de espírito que demonstrou no Jogo das Estrelas seja a tônica do comportamento cotidiano de Adriano. Ao contrário, muito já se falou da felicidade que ele exibe quando está descontraído e longe dos holofotes, no seu habitat de origem, a Vila Cruzeiro, cercado de amigos – e, convenhamos, também falsos amigos. Por mais que essas relações já lhe tenham trazido problemas, inclusive com a polícia.
O que fica claro é que o império de Adriano, onde ele quer reinar, não é mais o Maracanã, mas a comunidade da Penha. Os rolés de moto, as rodas de pagode, os bailes funks, as mesas das biroscas valem muito mais do que a rotina de treinos, concentrações, horas a bordo de aviões de um canto a outro do Brasil. E ele tem todo direito de pensar assim. Sempre, aliás, teve o direito de fazer suas escolhas e lidar com seu futuro. Esqueçam, portanto, de Adriano. Ou melhor, que se cultive na memória o que ele foi, sua técnica, sua força, seus gols, seus títulos. É muita coisa. É o que nos resta!
Feliz 2019, leitores.
Mas a reverência da torcida foi só o que lembrou o passado vencedor do Imperador. As pernas não respondem mais, o gol perdido com a meta escancarada, a queda patética ao chão quando tentou dar um passe de letra foram os sinais mais evidentes do ocaso. Mas não os únicos: as mãos cobrindo o rosto a cada jogada errada e o mau humor com que recebeu a brincadeira do comentarista Alex Escobar que queria presenteá-lo com a camisa do Inacreditável FC mostram que mesmo num jogo de brincadeira, em que todos se divertiam, Adriano sofria com a bola e por causa da bola.
Adriano teve e tem tudo o que quis. Muito rapidamente conquistou na Europa a fama, a riqueza, carros, mulheres e todo tipo de luxos. Sobre ele, em defesa dele, em uma das inúmeras vezes em que chutou o balde na carreira, Pelé lembrou que era, naqueles tempos, apenas um menino de quem não se podia exigir a maturidade de um homem feito. O imperador ganhou em dois ou três anos na Itália o que o Rei levou anos suando a camisa para acumular. E isso lhe foi fatal, o fez, na prática, desistir muito cedo do futebol, perder a graça de jogar, se desestimular. Não foi o único, não será o último.
Adriano não joga desde 2014 quando o Athletico-PR fez a última aposta em sua recuperação. Não deu certo. Atuou apenas quatro vezes, três pela Libertadores e uma pelo campeonato Paranaense. Balançou a rede uma única vez. E nem vale tratar depois disso da experiência quase amadora no Miami United em 2016. Sua carreira de alto nível, na verdade, terminou bem antes, em 2010, quando deixou o Flamengo, As passagens que se sucederam, pela Roma e o Corinthians, onde chegou carregado de expectativas, foram pífias tanto nos números (oito jogos em cada um e apenas três gols marcados) quanto no desempenho físico e técnico.
Não consta que o mau estado de espírito que demonstrou no Jogo das Estrelas seja a tônica do comportamento cotidiano de Adriano. Ao contrário, muito já se falou da felicidade que ele exibe quando está descontraído e longe dos holofotes, no seu habitat de origem, a Vila Cruzeiro, cercado de amigos – e, convenhamos, também falsos amigos. Por mais que essas relações já lhe tenham trazido problemas, inclusive com a polícia.
O que fica claro é que o império de Adriano, onde ele quer reinar, não é mais o Maracanã, mas a comunidade da Penha. Os rolés de moto, as rodas de pagode, os bailes funks, as mesas das biroscas valem muito mais do que a rotina de treinos, concentrações, horas a bordo de aviões de um canto a outro do Brasil. E ele tem todo direito de pensar assim. Sempre, aliás, teve o direito de fazer suas escolhas e lidar com seu futuro. Esqueçam, portanto, de Adriano. Ou melhor, que se cultive na memória o que ele foi, sua técnica, sua força, seus gols, seus títulos. É muita coisa. É o que nos resta!
Feliz 2019, leitores.
Varjota Esportes - Ce. / O Lance.
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