Celso Roth não gostou da pauta da entrevista coletiva por ele concedida ao fim da tarde desta terça-feira. À frente de uma sala de conferências do Olímpico abarrotada de jornalistas, o treinador do Grêmio esperava falar sobre o próximo jogo, no domingo, contra o Cruzeiro.
Mas praticamente todas as perguntas voltaram-se ao caso de Mário Fernandes, que no dia anterior recusou apresentar-se à Seleção. O que levou o técnico a, com gestos, expressões faciais e respostas, demonstrar insatisfação com os repórteres.
- Obviamente, o que ele falou comigo é nosso. E minha opinião está externada pelo clube. O problema é pessoal, e quando é pessoal, acaba aí. Só isso - disse, na primeira pergunta, para emendar na resposta da segunda:
- De novo, quando é problema pessoal, acaba onde? No pessoal. Eu não tenho que achar nada. A carreira é dele, a decisão é dele, junto com seus familiares, com seu procurador. O Grêmio tem feito, e fez, e tomou uma atitude interessantíssima de renovação de contrato. O Mário continua, continua a vida, temos um jogo importante no domingo e estamos nos preparando para isso.
Roth mostrou-se preocupado com a repercussão. E bastante crítico na análise da cobertura do caso pela imprensa.
- O que me preocupa é a repercussão, não a coragem do jogador. Se ele não estava se sentindo bem, falou. É só isso. Teve repercussão, veio aqui gente (repórteres) que não está acostumada a vir. Não cabe a mim julgar a decisão dele. A opinião pública, como sempre, opina sobre tudo. É um problema pessoal, e é isso que vocês não estão entendendo. Não existe o respeito de ninguém. Se ele não está se sentindo bem, é melhor que diga em vez de ir e se sentir desconfortável, desequilibrado. Se não, a repercussão seria que ele foi, que não rendeu bem, que é jovem. Mas é importante respeitar. Está bem, foi um choque, é só ver a plateia que temos aqui. Mas temos de respeitar.
Diversas respostas foram curtas, para reiterar a insatisfação:
- É bom isso né, a gente não diz nem fala, mas "se comenta". A vida continua, o Mário está prestando bons serviços ao Grêmio. (rebatendo um repórter que atribuiu opiniões sobre o jogador a terceiros)
- Pensei que tinha terminado, mas parece que não. (descontente com mais uma pergunta)
- É um jogador absolutamente normal, como está sempre. (descartando desdobramentos do caso no vestiário)
Ao fim, entretanto, ele admitiu que a dimensão do caso se tornou maior porque é o segundo episódio envolvendo Mário Fernandes - assim que chegou ao Grêmio, em 2009, ele fugiu por um mês do clube.
- Óbvio que uma segunda vez tem uma dimensão maior. Sabemos disso. Mas ele tem os seus direitos. Como cidadão e como atleta profissional. Esse é o ponto que eu acho que é importante. Se dá a repercussão pelo histórico, pela reincidência. Dizer não à Seleção Brasileira dá uma repercussão mundial, sim. Mas ele tem seu direito.
Globoesporte.com / Varjota Esportes.
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