Amigo de bicampeão, 'Bolinha' vive quatro décadas no esporte da Clube Jornalista João Eudes, o Bolinha, fala em organização do futebol e faz passeio nos 40 anos dedicados ao esporte piauiense através da emissora

A história de Bolina se confunde com a da TV Clube
(Foto: Pedro Santiago/G1)

A história do jornalista esportivo João Eudes se confunde com os fatos que viraram notícia nos 40 anos da TV Clube, emissora afiliada da Rede Globo no Piauí. É uma tabelinha perfeita, daquelas que o atacante fica cara a cara com o gol. Nessas quatro décadas na televisão piauiense, “Bolinha” vivenciou acontecimentos que transformaram o cotidiano dos piauienses. Alguns deram alegria, já outros preferíveis de esquecimento. Com seu estilo único, Bolinha pondera que os próximos 40 anos serão de novos desafios, assim como o ano de 1972 – data em que foi contratado para organizar o setor de esportes do primeiro canal televisivo do Piauí.
- Estava trabalhando na TV Rádio Ceará, apresentando o programa “Craques na Bola e Craques na Escola” e narrando jogos de futebol, quando recebi o convite de implantar no Piauí este novo projeto. A Clube planejava montar uma equipe voltada para o futebol e contratou algumas de pessoas de outros estados e aqui do Piauí. Não pensava ficar por muito tempo, mas houve um entrosamento e já estou há 40 anos na cidade – narra o jornalista.
A década do surgimento do departamento de esportes da TV Clube é a famosa ‘época de ouro’ do futebol local com a explosão do Tiradentes, o Amarelão da PM. Era o Piauí em evidência nacional. Em dias de jogos, estádio lotado e algumas curiosidades, claro, narradas por Bolinha.
- Me lembro que o Albertão tinha um sistema de som muito bom para a época. E nos dias de sábado, principalmente, as mocinhas e os jovens iam com as melhores roupas ao Albertão para desfilar no estádio. Depois do jogo, iam para as noitadas (risos). O futebol aquecia a cidade e o Tiradentes, de certa forma, não decepcionou. Inclusive outros times, como o River e o Flamengo se espelharam nele – relembra o jornalista.
O tempo passou e castigou o futebol, carro-chefe das transmissões esportivas. Após as glórias alcançadas pelo Tiradentes nos anos 70, a construção do estádio Albertão, os jogos da Seleção Brasileira no Piauí, veio o marasmo de quase duas décadas. De acordo com Bolinha, 2013 promete ser o ano de “novos rumos” e a volta de uma organização na administração do futebol.
- O futebol piauiense parece que implodiu após a queda do Tiradentes. Deixamos de formar jogadores e times inversamente proporcionais ao crescimento da cidade. Uma decadência muito forte. Chegamos ao ponto dos anos de 2010 e 2011 ficarmos abaixo do fundo do poço, comparo com o pré-sal – ironiza Bolinha, completando que a situação volta a se reencontrar.
Conheci Sarah desde pequena e ninguém falava nela. Vimos o seu potencial e começamos a depositar confiança em seu trabalho'
João Eudes, o Bolinha
Emoção nos 40 anos
Cobertura de jogos importantes, como os da Seleção Brasileira no Piauí nos anos de 1989, contra o Paraguai, e 1991, contra a Argentina. Participação na Copa do Mundo de 1998, na França, fazendo matérias especiais para os telejornais da Clube. Repórter, comentarista, narrador, apresentador e editor. O currículo de Bolinha é invejável e fica até difícil de encontrar algo mais marcante. Contudo, uma recente conquista mexe com os sentimentos do jornalista: a medalha de ouro da judoca piauiense Sarah Menezes nas Olimpíadas de Londres em 2012.
- Foi algo que me deixou muito emocionado. Até hoje quando me lembro da cena da medalha ainda bate uma emoção muito forte. Conheci Sarah desde pequena e ninguém falava dela. Vimos o seu potencial e começamos a depositar confiança em seu trabalho. Mas que isso, sentimos a necessidade de falar em judô devido à organização da modalidade. Foi uma amizade grande, de reconhecimento de um esforço – lembra João Eudes.
Nas palavras de Bolinha, Sarah é exemplo de inovação nesses 40 anos. Período onde o futebol regrediu, mas outros esportes, como o judô, atletismo, natação e badminton nasceram.
- Passei por tudo isso. Vi muitos fatos passarem, se transformarem e regredirem. Assim como a vida – resume o jornalista.
Amizade bicampeã mundial
E foi com os conselhos de um bicampeão mundial que Bolinha aprimorou os conhecimentos táticos do futebol. Quem diria, mais Bolinha e Carlos José Castilho, mais conhecido como Castilho, goleiro da Seleção nas conquistas de 1958 e 1962 moraram juntos em Teresina.
- Foi uma passagem dele como treinador do Tiradentes. Ele estava com medo de demorar pouco no clube. Na época, existia uma alternância de treinadores muito grande. Fizemos uma amizade muito forte e sólida. Foi com ele que aprendi muito em termo de tática de futebol. Quando o Castilho ia mudar alguma coisa no esquema tático dele discutia comigo – conta Bolinha.
Novos desafios
Jogamos o esporte para cima e o torcedor entendeu a mensagem
João Eudes, o Bolinha
Para Bolinha, três mudanças foram provocadas na sociedade piauiense desde a sua inauguração: a profissionalização do mercado da comunicação; os costumes da sociedade, através das telenovelas; e a força no esporte.
-O futebol e as outras modalidades sempre tiveram espaço e força nos nossos programas. Jogamos o esporte para cima e o torcedor entendeu a mensagem. Tivemos uma falha de não transformar o futebol em mercadoria e o torcedor teme evitado de ir ao estádio. É uma brecha que não podemos abrir, temos que organizar para voltar à recuperação – argumenta Bolinha.
E o que vem pela frente nas próximas quatro décadas? João Eudes avalia que há necessidade de animar e colocar a juventude cada vez mais dentro do esporte, com uma participação direta.
- Este é um trabalho da sociedade, autoridades, dirigentes, clubes, federações e cronistas esportistas. Ou seja, temos que fazer um trabalho para revelar bons valores. Para isso, temos que ter a mesma força de vontade de 40 anos atrás – finaliza.   



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