Há um tempo, em seu site oficial, o Santos reservava uma seção especial às principais promessas do clube, chamada "Santos do Amanhã". A página vinha com perfis dos três mais badalados nomes das categorias de base do Peixe. O mais velho deles, Neymar, 20 anos, já é uma realidade. O "do meio", Jean Chera, 17, deixou o Peixe brigado com a diretoria em 2011 e passou por Genoa-ITA e Flamengo, sem sucesso. Em 2013, será a chance para o terceiro "santista do amanhã" mostrar o porquê de o Alvinegro ter lhe observado com tanto carinho desde que chegou ao clube, aos oito anos. Trata-se de Gabriel Barbosa, o Gabigol.
Com apenas 16 anos, Gabriel já tem contrato de gente grande, com multa rescisória de 50 milhões de euros (cerca de R$ 136 milhões), a mesma de Neymar até a mais recente renovação do astro - em novembro do ano passado - e idêntica à de outra promessa do clube, Victor Andrade. Para 2013, já há a expectativa até de que passe a treinar com o time principal, ao lado dos "parças" Neymar e Victor. Gabigol, porém, quer dar um passo de cada vez, e tem como primeiro objetivo estar na próxima Copa São Paulo, em janeiro.
- A expectativa (de estar na Copa São Paulo) é muito boa. Venho treinando muito para isso. Se tudo der certo, e o Claudinei (Oliveira, técnico do sub-20) me convocar, espero estar com meus amigos para fecharmos o grupo e saírmos campeões. Quero jogar bem, fazer gols e, depois, quem sabe, se o professor Muricy (Ramalho, técnico) chamar, eu possa chegar ao grupo (principal) - diz o garoto, que jogou a temporada 2012 pelo sub-17 do Peixe, mas vem treinando com os juniores nas últimas semanas.
Claudinei, por sua vez, ainda não divulgou os inscritos do Santos na competição e não descarta dar uma das vagas a Gabriel, a quem faz elogios. O treinador, porém, pede cautela com a promessa do Peixe já que, em 2013, a Copinha voltará a ser sub-20 após três anos limitada a garotos até 18 anos, o que significa que o meia-atacante terá rivais quatro anos mais velhos pela frente - cenário, aliás, parecido com o que Neymar encarou em 2008, ano que disputou o torneio pela primeira vez, aos 15 anos.
- O Gabriel é um jogador com muita qualidade e boa finalização. Tem que evoluir muito taticamente, mas é normal, já que ele esteve (em 2012) no primeiro ano como juvenil. É um menino com um futuro muito bom. Mas é preciso cuidado. O Victor Andrade foi para a Copinha deste ano aos 16 anos, mas a idade-limite era 18. Agora, é sub-20 outra vez. É complicado, até para preservar o atleta de uma lesão. Estamos avaliando (a convocação de Gabriel para a Copinha), mas vamos definir o que for melhor para todos - explica.
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Copinha à parte, não é exatamente ela que fará de Gabriel um rosto conhecido do torcedor santista - até porque ele já é. Enquanto conversava com a reportagem do GLOBOESPORTE.COM, na Vila Belmiro, várias crianças de uma escola de Santos que faziam visita monitorada ao estádio reconheceram o garoto e gritaram por seu nome. Recentemente, em jogo beneficente promovido pelo ex-atacante Serginho Chulapa, Gabigol foi rapidamente identificado pelos jornalistas presentes e logo se viu cercado por microfones. Um assédio que não preocupa o jovem alvinegro.
- Já estou (acostumando), sim. A molecada já me conhece, pede pra tirar foto nos treinos, mas estou tranquilo. Vou continuar fazendo as mesmas coisas, só com um pouco mais de cautela. Não sair tanto, ficar um pouco mais na minha, mas sempre dando atenção para todo mundo - afirma.
Primeiros passos no futebol
Não há como desatrelar o título brasileiro de 2002 conquistado pelo Santos com a vinda de Gabriel para a Vila Belmiro. Afinal, o sucesso dos Meninos da Vila Diego e Robinho fez com que a diretoria voltasse os olhos à base e à caça de promessas - como Neymar, que chegou ao Peixe, em 2003. Em 2004, foi a vez de Gabigol, então com apenas oito anos, desembarcar no litoral indicado por José Ely de Miranda, o Zito, ídolo santista e à época coordenador das categorias de base do Alvinegro.
Antes de ir para o Santos, Gabriel atuava pelo São Paulo. Para treinar no Tricolor, encarava uma rotina nada fácil: eram quatro ônibus por dia (dois para ida, dois para volta) de São Bernardo do Campo, sua cidade-natal, até a capital paulista. E foi justamente em uma partida de futsal contra o Peixe que "Gabigol" chamou atenção, sendo convidado para um teste no Alvinegro - que, por sua vez, deu apoio para Gabriel e família trocarem o ABC pelo litoral. Uma decisão que, na verdade, não foi difícil para ninguém: tanto o meia-atacante como os pais são santistas.
Como o Santos à ocasião não tinha categorias destinadas à faixa etária de Gabriel, o garoto acabou tendo de jogar contra meninos até cinco anos mais velhos. O que não o impediu de mostrar serviço.
- Eles (meninos mais velhos) pensavam que eu era gato (jogador com idade adulterada). Por ser mais novo, sofria bastante (risos). Sempre partia com a bola, para cima. Ia passando, passando... Só me pegavam na porrada mesmo. E perguntavam: "você tem oito anos mesmo, moleque?" (risos) - recorda.
Gabriel foi goleador em todas as categorias pelas quais já passou no Santos. O curioso é que, apesar do apelido Gabigol, ele não é um jogador de área, mas um meia-atacante de velocidade, que joga pelos lados (e que, mesmo canhoto, costuma atuar pela direita). É convocado para as seleções de base desde os 14 anos, e em 2012, teve até o gostinho de treinar algumas vezes com o time principal, nas ocasiões que Muricy Ramalho convidou o time sub-17 para integrar as atividades no CT Rei Pelé - e agradou ao chefe.
Assinar o primeiro contrato profissional com o Santos seria a sequência natural da jovem carreira de Gabriel, mas o São Paulo apareceu na parada e tentou reconduzir o garoto para o Morumbi - interesse revelado pelo pai do jogador, mas que a diretoria tricolor nega. Apesar disso, o coração alvinegro pesou, e Gabigol ficou na Vila Belmiro, assinando o novo vínculo em setembro.
- Sou santista desde pequeno, então chegar aqui foi um sonho. O Santos fez tudo para mim desde pequeno. Não é qualquer clube que aposta em um menino de oito anos. Pelo carinho que tenho por todos, pelos treinadores que me ajudaram, é que quis ficar - valoriza o meia-atacante, que detém 40% de seus direitos econômicos (o Santos é o dono dos outros 60% e tem prioridade na compra da porcentagem do jogador).
Outro sonho
Além de disputar a Copa São Paulo, outro sonho de Gabriel para 2013 é chegar ao time profissional. Se isso ocorrer, Gabigol não estará sozinho, já que mantém contato com vários jogadores do elenco, sejam eles também oriundos da base ou não.
- Tem o Victor (Andrade); o Bill, que é meu parceirão; o Felipe Anderson, que também é da base como eu... O Edu Dracena, sempre que o vejo, ele dá conselhos, uns puxões de orelha (risos)... Sempre tento conversar com eles. O tempo deles não é muito grande, mas estão sempre dando conselhos - contou, sem esquecer de Neymar, a quem já considera mais que um amigo.
- O Neymar já passou de amigo para ser um ídolo. É muito humilde, gente boa... Dá conselhos, está sempre brincando... É um cara muito, muito legal - destaca.
Gabriel garante, no entanto, que a idolatria a Neymar nada tem a ver com o corte de cabelo ousado que ostenta - um tipo de moicano misturado com uma franja. O corte, segundo o garoto, é de estilo próprio.
- Estou sempre mudando um pouco, fazendo coisas diferentes, mas é meu cabelo mesmo, não tem nada do Neymar, não. Ainda não tem um nome, mas daqui para frente, quem sabe tenha (risos) - descontrai.
Ficha técnica
Nome: Gabriel Barbosa Almeida
Posição: meia-atacante
Nascimento: 30 de agosto de 1996, em São Bernardo do Campo (SP)
Altura: 1,76m
Peso: 68Kg
Nome: Gabriel Barbosa Almeida
Posição: meia-atacante
Nascimento: 30 de agosto de 1996, em São Bernardo do Campo (SP)
Altura: 1,76m
Peso: 68Kg
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