Mastrillo, vice-campeão da Copa do Brasil pelo Ceará em 1994, agora batalha para se tornar técnico reconhecido
Natural da Ilha de Itaparica, na Bahia, o ex-volante de Ceará, Fortaleza, Ferroviário e mais outros tantos clubes Francisco de Assis Veiga Mastrillo sempre ouviu os baianos lhe chamarem de o "Falcão da Bahia", pelo estilo vistoso com a camisa 5.
Na calma do seu lar, à sombra do coqueiro, Mastrillo não esquece a bola Foto: Waleska Santiago
Procurando seguir os passos daquele "Rei de Roma", o verdadeiro Falcão, Mastrillo encantou a muitos com o seu belo futebol, ao mesmo tempo técnico e vigoroso, passando por 44 equipes diferentes no Brasil e até no futebol peruano, chegando a atuar na Copa Libertadores.
O Mastrillo que dividia bolas com raça dentro de campo e era tido até como brigão, em alguns momentos, hoje vive sossegado na Lagoa Redonda, um dos bairros bucólicos da grande Fortaleza, onde relembra o que passou e projeta um futuro melhor, agora como treinador profissional.
Cursos
Mastrillo não enveredou pela carreira de técnico de qualquer jeito. Fez vários cursos, inclusive algumas especializações na Holanda, procurando se inteirar sobre as táticas modernas para aplicar em suas equipes.
Mastrillo vestiu as camisas de Fortaleza, Ceará e Ferroviário, formando uma grande rede de admiradores nas três torcidas FOTO: WALESKA SANTIAGO/REPRODUÇÃO
"Muitos ex-atletas acham que por terem sido grandes jogadores, consequentemente, irão ser também grandes treinadores. Isso é uma mentira. Se fosse assim, o Carlos Alberto Torres, que foi o maior lateral-direito que o Brasil já teve, teria sido um excelente treinador, mas ele nunca vingou. O próprio Falcão, de quem herdei o apelido, foi magnífico dentro de campo, mas nunca conseguiu se firmar como técnico. Você tem de se reciclar, fazer cursos", diz o volante, hoje com 47 anos.
Um dos fatos memoráveis da carreira de Mastrillo foi a sua atitude de, no auge, ter adotado um garoto de rua da Avenida Beira Mar durante 15 anos. Salvou o garoto das drogas e hoje o rapaz o agradece pela nova vida.
Vendas
Mastrillo diz que, enquanto aguarda uma proposta como técnico, trabalha também como vendedor, para completar o orçamento. "Se eu fosse esperar apenas pela carreira, minha família teria dificuldades", lamenta.
O futebol como resgate de jovens
O meia Marquinhos Capivara, hoje com 55 anos, adotou como seu ideal de vida tirar os jovens da ociosidade por intermédio de suas escolinhas de futebol.
Conhecimento no assunto ele tem, pois jogou ao lado de vários craques consagrados. Isso aconteceu, por exemplo, na passagem pelo Inter/RS, quando se tornou tricampeão gaúcho nos anos 1980 ao lado de Dunga, Rubem Paz, Mauro Galvão, Luiz Carlos Winck, entre vários outros que se destacaram na época.
Marquinhos jogou até os 39 anos, quando o Ceará abriu novamente as portas para ele, por tudo o que fez na agremiação. Hoje é técnico de base FOTO: LUCAS DE MENEZES
Até no Botafogo/SP ele teve a oportunidade de conviver com estrelas como Raí, Marco Antônio Boiadeiro e Peu, afora outros nomes de peso.
Escolinhas
Logo após encerrar a carreira, aos 39 anos, Marcos Tadeu Rocha de Oliveira, o Marquinhos Capivara, já iniciou o seu trabalho como revelador de valores. Por iniciativa própria, passou a comandar alguns projetos que tiraram garotos da ociosidade com a prática do futebol. E não foram apenas os que viviam na ociosidade, mas também os que estavam em melhores condições e queriam aprender a jogar.
Campeão cearense pelo Ceará em 1989, Marquinhos ganhou fama no futebol cearense, o que o fez ser contratado depois por Fortaleza e ainda pelo Ferroviário. Outros grandes clubes fizeram parte de sua carreira, como o Goiás, em 1987, e os já citados Internacional, Botafogo de Ribeirão Preto, ambos vivendo, então, grande fase.
O meia jogou até na Bélgica. E toda essa experiência, ressalta ele, foi reunida para montar os seus projetos de escolinhas.
Adolescentes
Com o seu jeito comunicativo, Marquinhos Capivara conseguiu virar ídolo e por meio dessa condição, conquistou muitos adolescentes para as suas escolinhas. O atacante Danilo Pitbull, campeão da Série D pelo Guarany/S, é uma das crias dos projetos de Capivara.
Marquinhos já passou seus ensinamentos em vários locais, como no Campo do ASA, na Cidade dos Funcionários, no Barroso, e em várias cidades do interior do Estado, como Redenção e até Aquiraz. Com isso ele completa o seu orçamento. Quando as coisas apertam, ele recorre às vendas de material esportivo.
"Eu gostaria que o Governo do Estado, em vez de abrir o Castelão com jogos oficiais, inaugurasse com uma partida de ex-atletas que se destacaram no local para que as crianças conhecessem sua história", defende.
SAIBA MAIS
ÚLTIMO CAPÍTULO
Com as história de Mastrillo e Marquinhos Capivara, o Jogada encerra hoje a temporada 2012 da série "Vencedores e vencidos"
OBJETIVO
Desde o primeiro domingo de novembro, contamos a história de 14 craques do passado e como eles vivem hoje. A ideia é repetir o projeto em 2013
IVAN BEZERRAREPÓRTER
Varjota Esportes - Ce. / Globoesporte
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