Tudo o que for escrito sobre Neymar corre o risco de soar repetitivo: show, dribles, golaço, toque de letra, chapéu... Mais uma vez, o craque fez tudo isso. Sob o comando dele, o Santos venceu o rebaixado Palmeiras por 3 a 1, de virada, e se despediu do Campeonato Brasileiro com a boa atuação em um clássico estadual. O resultado parece até detalhe perto da atuação de Neymar – dois gols, uma assistência e novo espetáculo para os mais de 11 mil torcedores na Vila Belmiro. Do outro lado, o Verdão se despede da Série A com mais uma derrota.
Neymar deixou de lado o moicano e apresentou um penteado diferente, meio estranho, na saideira da temporada 2012. A cabeça mudou, mas os pés não. Graças aos gols dele, o Santos termina o Brasileirão com 53 pontos, em posição intermediária, mas abaixo das expectativas de quem buscava vaga na Taça Libertadores.
O craque só não conseguiu bater o recorde de Serginho Chulapa. Terminou o ano com 43 gols pelo Santos, dois a menos que Chulapa em 1983 – o ex-centroavante continua sendo o maior artilheiro em uma única temporada após a era Pelé.
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O Palmeiras acumulou mais um revés no Brasileirão. São 22 derrotas em 38 jogos, uma campanha que culminou no rebaixamento com duas rodadas de antecedência. Com apenas 34 pontos, o time de Gilson Kleina termina na 18ª colocação, sem reação alguma. Há muito trabalho pela frente para reconstruir uma equipe ferida, mas que tem a Taça Libertadores no primeiro semestre do ano que vem.
Agora, as duas equipes entram em férias e se reapresentam no início de janeiro. A primeira competição de 2013 é o Campeonato Paulista.
Neymar apanha e devolve: na bola
Dois gols, uma assistência, uma bola na trave e um chute desviado quase em cima da linha. O camisa 11 do Santos mandou no primeiro tempo e enlouqueceu os alvinegros que compareceram em ótimo número a Vila Belmiro – todos para vê-lo, claro. Depois de cumprir suspensão contra o Corinthians, Neymar voltou com muita fome. Mas antes de dar seu show, ele precisou ser “acordado” pelos palmeirenses.
Já rebaixado e sem mais responsabilidades, o Verdão surpreendeu com um golaço de Maikon Leite logo aos três minutos, após lançamento preciso de Barcos. Maikon jogou no sacrifício, já que se ainda recupera de lesão, mas soube aproveitar bem a avenida deixada por Juan pelo lado esquerdo da defesa santista. No lance seguinte, idêntico ao do gol, o atacante exigiu grande defesa de Rafael.
Do lado alviverde, foi só. Quem estava na Vila Belmiro queria mesmo ver Neymar, que apanhou bastante. Nada que assuste o craque santista. Aos 12, o primeiro ato do espetáculo: o atacante recebeu lançamento de Patito Rodriguez, deu um corte seco que fez o goleiro Raphael Alemão trombar com Maurício Ramos e só rolou para Victor Andrade, de carrinho, empatar a partida. Aos 20 anos, Neymar fez a alegria do pupilo de 17, que comemorou muito o gol.
O paraguaio Adalberto Román não sossegou enquanto não conseguiu tirar o astro de campo. Com uma pancada fortíssima no tornozelo, o zagueiro finalmente fez Neymar ser atendido e deixar o gramado por alguns minutos. Se o palmeirense soubesse o que viria pela frente, não teria mexido com o santista. No lance seguinte da volta ao campo, Neymar castigou Román: recebeu de costas para o paraguaio e caiu ao ser puxado: pênalti bobo cometido, expulsão e o provável fim da passagem do paraguaio pelo Palmeiras. Na cobrança, o craque fez 2 a 1, aos 22 minutos.
Com um a menos, o Palmeiras recuou e assistiu ao show do Peixe. Se Neymar foi o personagem principal, Patito fez bem o papel de coadjuvante. Em uma de suas melhores partidas com a camisa do Santos, o argentino foi “clone” do craque, já que caiu pelo lado esquerdo do ataque – normalmente ocupado pelo camisa 11. Aos 39 minutos, Neymar estava na área, como um autêntico centroavante, esperando pelo cruzamento. Um toque seco decretou o 3 a 1. Em três jogos no ano, o astro castigou o Verdão com cinco gols.
A torcida se divertiu com o show, tanto que a Vila Belmiro parecia mesmo uma sala de espetáculos. Torcedores registravam cada lance de Neymar. No pênalti, dezenas de flashes vindos das arquibancadas documentaram mais um capítulo do belo futebol do craque santista. Mas um setor não se esqueceu de que é preciso pensar em 2013: no intervalo, um grupo de torcedores pediu a volta de Robinho, outro ídolo, e um time para “gritar ‘É campeão’”.
Ritmo de férias
Gilson Kleina tentou arrumar a combalida defesa do Palmeiras com a entrada do zagueiro Luiz Gustavo na lateral direita, mas sem efeito. O segundo tempo foi de um time só, o Santos, que passou boa parte do tempo no campo de ataque tocando bola para um lado, para o outro, e irritando os palmeirenses. As jogadas de efeito de Neymar continuaram, mas desta vez o clima esquentou.
O craque santista não costuma ligar para a irritação do rival, por isso manteve seu estilo de jogo, representado num toque de letra para Bruno Peres e num chapéu em Correa. As pancadas, então, aumentaram. Artur e Maurício Ramos se irritaram, Márcio Araújo esboçou uma discussão, mas nada que fizesse o resultado mudar. Só a expulsão de Alan Santos e a saída de Arouca, machucado, esfriaram a festa na Vila Belmiro.
O Palmeiras não conseguiu esboçar uma reação, nem mesmo quando os dois times ficaram com dez jogadores. O único bom lance foi com Maikon Leite, que chutou para boa defesa de Rafael e logo depois de machucou. Solitário no ataque, Barcos não conseguiu aumentar sua artilharia na temporada, que parou nos 28 gols.
Nos 20 minutos finais, o ritmo já era de férias. Os santistas celebravam mais um jogo memorável de Neymar, mas lembrando que 2013 precisa ser bem melhor para o time voltar à Taça Libertadores e disputar os grandes títulos. Os palmeirenses, em minoria, cantavam sem parar, mas não se esqueceram de pedir mudanças na diretoria, no time, na estrutura... Foi o último suspiro do gigante na Série A do Campeonato Brasileiro deste ano.
Varjota Esportes - Ce. / Globoesporte
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