A passagem de Jefferson Sobral pelo Los Angeles Lakers foi meteórica e durou pouco mais de dois meses, mas as quatro partidas que o ex-ala de 36 anos disputou pela tradicional franquia da Califórnia, durante a pré-temporada de 2002/03, foram suficientes para fazer do irmão mais novo de Marta e Leila, vice-campeãs olímpicas com a seleção feminina, em Atlanta 1996, o primeiro brasileiro companheiro de Kobe Bryant. Mesmo que pequena, a experiência ao lado de um dos maiores nomes do basquete americano proporcionou ao hoje pastor da Igreja Batista Ministério Colheita, em São Caetano do Sul, e técnico da equipe do Ballers, atual campeã da Liga Amadora de Basquete do ABC, momentos marcantes. Mas um em especial ficará para sempre guardado na memória do ex-jogador.
- Naquela época era inimaginável um brasileiro estar na mesma quadra que Kobe ou qualquer outro jogador da NBA. O Nenê abriu as portas, e quando fui jogar nos Lakers já era um sonho realizado. Mas lembro bem de quando Phil Jackson, o técnico mais vitorioso da história da NBA, me chamou no banco e mandou eu entrar em quadra pela primeira vez. "Pode ir?. No lugar de quem?", eu perguntei. Ele respondeu: "Do Kobe". Lembro que parei e fiquei pensando: "Como assim no lugar do Kobe?". Enquanto caminhava para a mesa para anunciar minha substituição, fiquei imaginando como iria falar aquilo para os mesários. Pior, como falar para ele que iria entrar no seu lugar. (risos). Enfim, são momentos que ficam marcados para sempre. O Kobe é uma lenda, não tem muito o que falar. Só posso lhe agradecer por ter me permitido jogar ao seu lado por alguns instantes - contou Jefferson, em homenagem ao ala dos Lakers, que se despede das quadras contra o Utah Jazz, em Los Angeles, nesta quarta-feira.
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Jefferson disputou quatro partidas ao lado de Kobe pela pré-temporada de 2002/2003 da NBA (Foto: Arquivo pessoal)
Não deve ter sido nada fácil para um menino nascido em Santo André, que sempre sonhou se tornar jogador de basquete, controlar as emoções ao se deparar com um dos maiores jogadores de todos os tempos. Jefferson até tentou, mas logo no primeiro treino comandado por Phil Jackson deixou seu lado de fã falar mais alto e não conseguiu esconder o deslumbramento por fazer parte da equipe tricampeã da NBA.
- Era meu primeiro treino com aqueles jogadores incríveis, uns 20 superatletas como Kobe, Shaquille, Robert Horry, Devean George, Derek Fischer, entre outros. Todos enfileirados. Lembro que ao ver o Devean George grudado no Kobe e o marcando superbem, achei que seria difícil para o Kobe conseguir se livrar da marcação e fazer a cesta. Até que do nada, num lance inusitado, ele jogou a bola na tabela e deu uma enterrada daquelas sobre o cara. Aquela jogada me espantou e na mesma hora eu fiquei me perguntando onde estava. Foi impressionante, são imagens que ficam gravadas na nossa memória para sempre - lembrou o ex-jogador.
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Marcar Kobe definitivamente era um problema para qualquer jogador, mas Jefferson queria viver aquela experiência de perto. Na pele. Ainda em fase de teste, quase um calouro, o brasileiro não sabia como chegar à estrela da companhia. Até que um certo dia, justamente na véspera de ser dispensado pela cúpula do Los Angeles Lakers, o ala de 2,02m tomou coragem e desafiou o companheiro para uma brincadeira de um contra um. Kobe aceitou. Jefferson reconhece que apanhou feio, mas o resultado no dia em que vestiu pela última vez o uniforme de treino dos Lakers foi o que menos importou para o brasileiro.
- Nem preciso dizer o placar final, né! (risos). Ele ganhou fácil de mim, mas ver a atitude humilde do maior astro do basquete americano da época realizar um sonho de menino foi o que mais valeu. Acho que aquela lição foi fundamental não só para a minha carreira, mas para a minha vida toda como ser humano - afirmou.
Jefferson ao lado de Phil Jackson, técnico dos Lakers na curta passagem do jogador por Los Angeles (Foto: Arquivo pessoal)
A convivência de Jefferson com aquele timaço que acabara de conquistar o tricampeonato da NBA foi pequena, pouco mais de sessenta dias, mas o suficiente para o brasileiro minimizar uma lenda de que Kobe Bryant e Shaquille O'Neal eram desafetos.
- Existia muito respeito entre eles. As pessoas falam muito. Eram dois superastros que se respeitavam demais, um mais reservado, que era o Kobe, o outro uma criança gigante, o Shaq, superbrincalhão - disse o futuro advogado, que está no sétimo período de Direito.
Aos 36 anos, Jefferson divide seu tempo entre as aulas na Faculdade Anhanguera, em Santo André, os cultos na Igreja Batista Ministério Colheita e a rotina de treinos e jogos do Ballers, que segue invicto na luta pelo bicampeonato da Liga Amadora de Basquete do ABC com 10 vitórias em 10 partidas.
Antes de se aposentar em 2012, quando defendeu o Tijuca Tênis Clube na temporada do NBB, Jefferson atuou por Santo André, Palmeiras, Vasco Barueri, Vasco e Araraquara. Ainda fez exibições pela famosa equipe do Harlem Globetrotters e disputou algumas Ligas de Verão e pré-temporadas por Milwaukee Bucks, Denver Nuggets, Seattle Supersonics, Cleveland Cavaliers e Washington Wizards.
Varjota Esportes - Ce. / Globoesporte.
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