Ganso será um dos trunfos do São Paulo em jogo na Bolívia (Foto: Marcos Bezerra/Futura Press)
O São Paulo embarca nesta quarta-feira à tarde para Santa Cruz de la Sierra, cidade boliviana no nível do mar. De lá, na quinta, partirá rumo a La Paz, local do jogo decisivo contra o The Strongest, a 3.600 metros de altitude, palavra tão temida em torneios sul-americanos. Os efeitos da altura no corpo humano e no desenvolvimento do jogo de futebol provocam arrepios nos clubes de outros países.
A preocupação faz ainda mais sentido no Tricolor, que apontou a questão física como fator essencial para ter sido goleado por 4 a 1 pelo Audax, e eliminado nas quartas de final do Campeonato Paulista, no último domingo.
Os jogadores serão os mesmos. Como eles irão resistir diante de toda dificuldade imposta pela natureza local? O São Paulo tem uma estratégia baseada em aspectos fundamentais. Se o time empatar ou vencer, estará classificado para as oitavas de final da Libertadores. Se for derrotado, vai acumular a segunda eliminação em apenas cinco dias.
Veja os pontos mais importantes do plano tricolor para se dar bem nas alturas:
Aeroporto-estádio
O São Paulo chegará a La Paz duas horas e quarenta minutos antes do jogo, num voo que decola de Santa Cruz de la Sierra e tem duração de uma hora. De lá, vai direto para o estádio Hernando Siles. Para se adaptar a uma altitude de 3.600 metros, segundo o fisiologista do clube, Rogério Neves, seria necessário passar de 20 a 30 dias no local, algo totalmente inviável no futebol. Caso contrário, a melhor solução é chegar em cima da hora.
– As alterações começam a ocorrer entre seis e oito horas depois. Com seis a oito horas esperamos estar saindo de lá. Faremos tudo para minimizar os efeitos relacionados. Já fui quatro vezes a La Paz: duas com o São Paulo, uma com o Flamengo e outra com a Seleção. Mas dessa vez será diferente, nunca fomos tão em cima da hora – explicou.
Rogério Neves é fisiologista do clube e ajudou em estratégia de viagem (Foto: www.saopaulofc.net)
Hidratação
Se uma pessoa bebe dois litros de água por dia no nível do mar, em La Paz terá de beber de três a cinco litros. A altitude provoca desidratação, ainda mais em atletas em constante atividade. Mas a hidratação dos jogadores do São Paulo será controlada desde antes da viagem para a Bolívia, para detectar necessidades individuais de complementação.
Oxigênio
Rogério Neves explica que a quantidade de oxigênio em La Paz é exatamente a mesma que há no CT da Barra Funda, no Morumbi, em qualquer ponto paulistano. A diferença é a dificuldade para puxar o ar, fruto da diminuição da pressão atmosférica.
O trunfo para encarar esse problema é um oxímetro, aparelho que mede a saturação de oxigênio no sangue de cada jogador.
– Vamos medir no nível do mar e lá novamente. Em função dessas medições e dos sintomas, poderemos detectar necessidades individuais. Uns sentem mais, outros não sentem nada.
O São Paulo terá oxigênio na beira do campo, caso seja necessário durante a partida, e máscaras no vestiário para quem quiser repor durante o intervalo.
Energia
Quando desembarcarem no aeroporto de La Paz, que, por sinal, fica cerca de 500 metros ainda mais alto que o centro da cidade – ou seja, perto dos 4.000 metros de altitude –, os jogadores serão orientados a não se movimentar muito. Morosamente irão para o ônibus, e depois rumo ao estádio. Tudo para preservar energia.
Estar na altitude significa gastar mais energia. Primeiro porque o metabolismo do corpo aumenta. Depois por conta da hiperventilação, que nada mais é uma sobrecarga respiratória na tentativa de puxar o ar.
– O foco é preservar a gasolina do músculo, o glicogênio muscular. É preciso ter energia no músculo para que ele possa reagir. Para isso tem de estar bem hidratado, além de observações que os jogadores já têm, e que vão se intensificar quando estivermos lá.
Alimentação e frio
O aumento do metabolismo e a preservação de energia têm ligação direta com esses outros dois aspectos. O São Paulo não vai fazer nenhuma refeição em La Paz. Chegará alimentado, com boa dose de carboidrato, responsável pela energia. No local do jogo, apenas a suplementação necessária e tradicional de qualquer partida. A comissão técnica espera que o jogo, às 21h45 no horário de Brasília (20h45 local), seja disputado com temperatura de sete graus e chance de 34% de chuva. O frio faz o metabolismo agir mais rapidamente.
Velocidade da bola
O maior problema de se chegar em cima da hora e minimizar os efeitos físicos da altitude é a falta de familiarização com os efeitos que ela provoca diretamente no jogo.
– Se você chuta uma bola que teria um metro e meio do chão, ela vai no ângulo. A bola sobe por causa da rarefação do ar. Um chute de 20 metros chega ao seu destino num tempo mais curto e com mais velocidade. Ou seja, chega mais forte – detalhou o fisiologista.
Nesse aspecto, resta apelar para preparação mental, concentração, empenho, organização tática... A bola estará com o Patón e seus jogadores para conseguirem a classificação.
Varjota Esportes - Ce. / Globoesporte.
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