Na trinca de reis das Laranjeiras, Peter Siemsen nada decide e só o Flu perde Presidente não esclarece destino de crise gerada por queda de braço entre Fred e Levir, e clube encara série de decisões cercado de muito mais dúvidas que certezas

Coletiva Peter Siemsen - Fluminense Fred (Foto: André Durão)Peter arregaça as mangas antes de coletiva - Fluminense Fred (Foto: André Durão)
Que rei sou eu? Um presidente que convoca coletiva após grave crise com o maior ídolo da história contemporânea de seu clube, mesmo em boa maré de vitórias, e diz: “Quero esclarecer logo que o objetivo da entrevista não é apresentar nenhuma decisão a vocês”. Abre a entrevista esclarecendo que não haverá esclarecimento, uma postura não condizente com a postura que se espera de um comandante de milhões de seguidores.

Que rei sou eu? Um ídolo, o maior da história contemporânea de um clube, que ao ser confrontado pelo novo treinador, mesmo não apresentando o nível que o elevou a tal posto, deixa seu clube e milhões de seguidores em segundo plano às vésperas de uma série de decisões.

Que rei sou eu? Um técnico sem identificação com o clube, que de cara agrada a milhões de seguidores. Mas desde o começo do trabalho esquece que tato não é só um grande ponta da história contemporânea do clube e peita o quanto pode o outro segundo rei, com respaldo do terceiro monarca.
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Na trinca de reis das Laranjeiras, ao contrário do que versa seu hino, perde o Fluminense – perde o reino todo. Fred, ao lado de outros medalhões, foi demonstração fundamental de força de Peter Siemsen no rompimento com a antiga parceira. Parece, porém, ter ficado caro. Mas quão custoso é formar um ídolo? Arregimentar torcedores Brasil afora? Contar com um jogador que recebe carinho até de torcedores rivais? A resposta cabe ao departamento financeiro, ninguém nega. E a decisão de cortar na carne, se for o caso, do presidente.

E não foi, até o momento, o que o presidente Peter tem feito. Por mais dura que seja a separação, se ela for necessária, deve vir da caneta do comandante. Ao dizer que vai “aguardar a reflexão”, Siemsen mais uma vez se esquiva de fazer valer a coroa, independentemente do veredicto. 

Fred tem enorme influência nas Laranjeiras, para bem ou para mal. De funcionários a jogadores. Da opinião sobre contratações de atletas e treinadores. De brigas com as organizadas. Tem um espaço que lhe foi sendo paulatinamente cedido e que, a bem da verdade, também teve mérito de conquistar. O capitão sempre contou com o apoio da maior parte da arquibancada, de polêmicas com facções ao fardo pelo 7 a 1 na Copa. Agora, para sua surpresa, o jogo tem virado, como uma crise dos sete anos futebolística. 

Levir Culpi, por sua vez, é um “cascudo” do futebol. Há pouco tempo, passou por situação semelhante com Ronaldinho Gaúcho no Atlético-MG. Saiu vitorioso. Não parece razoável imaginar que os seguidos recados e as constantes substituições não tenham respaldo da direção. O bom momento vivido pelo Fluminense, invicto há 12 jogos (10 com ele) e chegando a finais, leva boa parte da torcida para seu lado. 

levir culpi fred fluminense (Foto: Nelson Perez / FluminenseFC)

Como pano de (nem tão) fundo, surgem as eleições presidenciais do fim de ano. Dinheiro se faz necessário para a finalização do tão sonhado e esperado Centro de Treinamento. O CT é considerado o supertrunfo do pleito, mas para isso precisa ser entregue. Sem patrocínio master, o montante da venda de Gerson é generoso, mas não eterno. A arrecadação com sócios e a venda de camisas podem ser insuficientes. O alívio do salário de Fred na folha é muito bem visto por alguns setores do clube, principalmente os com pretensões políticas. Resta saber se trocar ídolo por cimento vale o desgaste.

A gestão Siemsen, como de resto qualquer outra, tem erros e acertos. Mas existe algo que a caracteriza: a saída conturbada de personagens importantes. Muricy Ramalho, Emerson Sheik, Abel Braga e Conca são exemplos de figuras de peso que, de alguma forma, deixaram as Laranjeiras carregando alguma rusga, com a direção e/ou no coração dos tricolores. 

Fred, que parecia acima do bem e do mal olhando-se de uma perspectiva histórica maior, agora corre o risco de levar certa mancha para seu merecido lugar no panteão tricolor.

Levando-se ainda em consideração o retrospecto da dança de técnicos nas Laranjeiras, não é um absurdo imaginar que, em pouco tempo e alguns resultados adversos, o Flu venha a ficar sem os dois. Paciência não tem sido o forte da casa. A média de permanência é baixíssima: desde 2000, apenas cinco meses.

Homens realizados no futebol, caberia a Fred e Levir se acertarem com uma conversa serena, a dois. Seria a melhor solução para o Fluminense.  A questão é: interessa à diretoria do Fluminense? 

A decisão é – ou deveria ser – do presidente Peter Siemsen.

*O artigo em questão não traduz, necessariamente, a opinião do GloboEsporte.com; é de responsabilidade de seu autor. 

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