Onze é um número mítico no futebol. O esporte afinal se joga com onze atletas para cada lado, carregando emoções de milhares de apaxionados que gritam, cantam e vibram nas arquibancadas. O Estádio Presidente Vargas recebe, neste domingo, o maior clássico do futebol cearense. É o melhor produto local e que reúne as duas principais torcidas do estado.
No aquecimento do último Clássico-Rei do ano, que define também o campeão cearense, o GLOBOESPORTE.COM reuniu dois grupos de torcedores. De um lado, tricolores; do outro, alvinegros. Em comum, o amor pelo time, a paixão expressada nos gritos e cânticos e o local onde torcem. Espartanos Tricolores e Setor Alvinegro acompanham os jogos de seus respectivos clubes no setor 11 das arquibancadas do PV - isto, claro, em dias em que os dois times não se enfrentam.
Número 11: em cores ou em preto e branco, apenas sinônimo de amizade
Eles fazem questão de dizer que não estão ligados a nenhuma torcida organizada. Parece até discurso combinado, pois também não concordam com cânticos ofensivos às torcidas rivais. Setor Alvinegro - composto por torcedores do Ceará - e Espartanos Tricolores - composto por torcedores do Fortaleza - vão às arquibancadas dos estádios apenas para torcer e vibrar pelo time do início ao fim.
- A nossa intenção sempre foi fazer uma torcida que tivesse mais a nossa cara e que se utilizasse não para ofender o outro time, mas para exaltar as coisas boas do nosso - afirma Tayronne Gomes, estudante e um dos fundadores do Setor Alvinegro.
O movimento (como eles gostam de se chamar) do Setor Alvinegro nasceu deste sentimento de união e amor pelo clube ainda em agosto de 2010, quando o Ceará disputava a Série A do Brasileirão. Inspirados nos torcedores uruguaios e argentinos que cantam do início ao fim da partida, eles já compuseram várias músicas em exaltação do seu time.
- Quando a gente pensou no nome era porque sempre marcávamos de nos encontrar no mesmo setor do estádio, tanto lá no Castelão como aqui no PV - conta Tayronne.
De fato, os amigos se organizaram e, hoje, são facilmente reconhecidos entre outros torcedores alvinegros no PV. O setor 11 do estádio já foi "tomado" por eles, que levam bandeiras, faixa e muita garganta para cantar. Este ano, eles dizem ter vivido um dos clássicos mais emocionantes, quando o Vovô venceu por 1 a 0, com gol de Erivélton nos acréscimos, ainda durante a fase classificatória.
No mesmo setor 11, quem toma conta do local e da festa são os Espartanos Tricolores. Da mesma forma, já são reconhecidos pela torcida do Fortaleza, em dias de jogos do Leão. Faixas, bandeiras e caras pintadas são comuns a esse grupo de amigos que se reúnem pela paixão ao mesmo clube.
- Nós já éramos amigos. Havia alguns meninos que se juntavam para jogar bola e a gente já tinha o costume de assistir aos jogos juntos. Um deles decidiu dar nome ao grupo e aí a gente acabou passando a ser identificados por espartanos, pela garra e pela luta mesmo - afirma Marcella Rodrigues, publicitária e membra do grupo.
Hoje os Espartanos são inseparáveis e continuam a se reunir fora do estádio para celebrar o amor ao time. O grupo resolveu assumir o movimento e se nomearem como tais desde o Campeonato Cearense do ano passado. Em 2012, no primeiro Clássico-Rei do PV, eles também afirmam ter vivido a maior emoção torcendo juntos.
- Foi nosso primeiro Clássico-Rei juntos e o Fortaleza ainda ganhou. Foi perfeito - diz Felipe Sales, em referência ao jogo Ceará x Fortaleza que terminou 2 a 1, o primeiro deste novo PV.
No próximo domingo, as duas torcidas estarão em lados opostos, mas com a mesma vibração por seus respectivos times. Ceará e Fortaleza se encaram pelo título de campeão cearense. Durante o encontro dos dois movimentos, uma pequena disputa de pênaltis acabou dando a vitória aos tricolores por 5 a 4.
No final das contas, o placar foi apenas uma forma de um brincar com o outro, tirar um sarro e aproveitar o que deve ser sempre ressaltado no ambiente do futebol. Apenas um dos dois times vai levantar o troféu após o Clássico-Rei. O certo é que, quando as torcidas mais rivais do estado conseguem se unir e brincar uns com os outros, sem ofensas, a festa fica muito mais bonita e com um troféu que poderia até ser divido em duas partes iguais. De preferência, entre os amigos alvinegros e tricolores que costumam cantar no setor 11 do PV.
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