Foi suado, sofrido, bem mais difícil do que os mais de 55 mil torcedores no Morumbi esperavam. Mas o São Paulo, com um empate por 0 a 0 com o Universidad Católica, garantiu vaga na decisão da Copa Sul-Americana e, pouco mais de seis anos depois (2.266 dias), voltará a disputar uma final de campeonato. A última foi no dia 14 de setembro de 2006, quando empatou por 2 a 2 com o Boca Juniors, da Argentina, e perdeu a Recopa Sul-Americana.
Assim como havia acontecido no duelo em Santiago (1 a 1), o Tricolor foi amplamente superior ao time do Universidad Católica e só não venceu porque parou nas grandes defesas do goleiro Tosselli. Mesmo assim se classificou graças ao gol marcado fora de casa.
Com a vaga na final, a equipe de Ney Franco aguarda o vencedor do duelo entre Tigre, da Argentina, e Millonarios, da Colômbia, que se enfrentam nesta quinta-feira em Bogotá, após terem empatado em 0 a 0 em Buenos Aires. Se os argentinos se classificarem, o primeiro duelo será na capital argentina e a grande decisão, no Morumbi. Caso os colombianos tenham êxito, o primeiro jogo será no Pacaembu (já que a casa tricolor estará sendo usada para o show da cantora Madonna) e o segundo, em Bogotá.
No Brasileirão, o São Paulo, já com a vaga garantida na fase prévia da Libertadores, despede-se no domingo, em clássico contra o Corinthians, no Pacaembu.
Polêmicas, lances violentos e grandes defesas de Tosselli
O primeiro tempo não foi muito técnico: jogo truncado, discussões, lances violentos e poucas jogadas de perigo. Logo no primeiro minuto, Luis Fabiano obrigou Tosselli a fazer boa defesa em chute de pé direito. A Católica, que em relação ao primeiro confronto teve Cordero e Peralta como novidades nas vagas de Sepúlveda e Pizarro, repetiu a estratégia da semana passada e abusou da violência. Peralta cometeu falta feia em Wellington e levou cartão amarelo. Sem que a arbitragem percebesse, Parot acertou o nariz de Lucas, que precisou deixar o campo com sangramento. A cada disputa de bola, os atletas se estranhavam em campo.
Com esse clima acirrado, o time chileno atingiu seu objetivo de suportar a pressão inicial do São Paulo. A equipe de Martin Lasarte marcava muito forte, principalmente pelo meio. Como Paulo Miranda e Cortez pouco subiam, Lucas e Osvaldo voltavam para buscar a bola no meio e se movimentavam muito para fugir da marcação. Em uma dessas escapadas, Jadson recebeu nas costas da defesa aos 21 e, cara a cara com Tosselli, bateu à esquerda do gol.
A pressão são-paulina era cada vez maior. A partir dos 25, a Católica não conseguiu mais passar do meio-campo. Jadson, novamente como elemento surpresa, recebeu de Lucas e bateu de pé direito, exigindo grande defesa do goleiro. Três minutos depois, Tosselli voou no ângulo esquerdo e evitou gol de falta de Rogério Ceni. Lucas seguia caçado por Parot, mas não se intimidava e continuava buscando as jogadas individuais.
O tempo passava e o nervosismo tomou conta das arquibancadas do Morumbi. Aos 41, Osvaldo recebeu de Jadson e bateu de pé esquerdo. Tosselli defendeu, evitou gol no rebote de Luis Fabiano, que ainda teve nova oportunidade na sobra, mas acertou a rede pelo lado de fora. Em nova polêmica no final, Wellington deu uma entrada fortíssima em Silva, por trás, e recebeu o cartão amarelo. Rogério Ceni deixou a meta, foi até o meio para reclamar e também acabou advertido pelo venezuelano Juan Soto. A confusão continuou após o fim do primeiro tempo. No caminho para os vestiários, Luis Fabiano discutiu com um membro da comissão técnica do time chileno.
Nervosismo no segundo tempo
Os times voltaram sem alterações. A partida recomeçou exatamente como havia terminado em sua primeira parte: o São Paulo jogando e a Católica se defendendo com todas as suas forças. O time chileno voltou ainda mais recuado. As laterais são-paulinas seguiam bloqueadas, e, pelo meio, tudo congestionado. Lucas, em seu primeiro lance individual na etapa complementar, foi acertado por Costa, que levou amarelo. No lance seguinte, foi a vez de Silva ser advertido por derrubar Osvaldo. A torcida fazia sua parte nas arquibancadas e não parava de apoiar em um só instante.
A primeira grande chance perdida surgiu aos 13, quando Osvaldo fez grande jogada pela esquerda e tocou para Jadson, que dentro da área pelo lado direito, chutou por cima, para desespero de Luis Fabiano, que estava ao seu lado. Lucas, para tentar fugir da marcação, deixou a direita e foi para o meio. Ceni, em nova cobrança de falta, assustou Tosselli. Aos 18, após cruzamento de Wellington, Luis Fabiano não aproveitou falha de Martinez e perdeu grande chance.
Do lado chileno, Lasarte mexeu pela primeira vez e tornou a equipe mais ofensiva com a entrada do atacante Ovelar na vaga do volante Silva. A mudança de estratégia se deu pelo passar do tempo e pela obrigação de marcar ao menos um gol, já que o 0 a 0 classificaria o dono da casa. No entanto, faltava qualidade técnica para levar perigo. Tanto que a primeira chance de gol surgiu aos 32, em cabeçada sem perigo de Peralta.
Foi aí que a torcida pediu Paulo Henrique Ganso, e Ney Franco atendeu, sacando Jadson para a entrada do ex-santista. O camisa 8 foi ovacionado assim que entrou em campo. Aos 34, Luis Fabiano teve a chance da vitória nos seus pés. Ele recebeu passe açucarado de Lucas e, cara a cara com Tosselli, chutou em cima do goleiro, em vez de tocar para Ganso, que estava livre ao seu lado e fatalmente marcaria o gol.
No final, a Católica, enfim, se abriu. O time chileno foi ao ataque, dando espaço para o Tricolor, que, no entanto, não sabia encaixar os contragolpes. A pressão foi grande. Até o goleiro Tosselli se lançou à área de Rogério Ceni. Em vão. O empate em 0 a 0 foi suficiente para o São Paulo, que chega à sua primeira final de Copa Sul-Americana.
Varjota Esportes - Ce. / Globoesporte
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