Longe
do elenco, mas - ele garante - sem se sentir isolado. Jobson continua sua saga para superar problemas e mantém a
esperança de retornar aos gramados ainda neste Campeonato Brasileiro. As
chances, no entanto, parecem quase nulas: ele ainda se recupera de uma grave
lesão na coxa direita (um rompimento no músculo) e admite que sequer conversou
com o técnico Oswaldo de Oliveira desde a sua volta.
A rotina
de Jobson é um treino diário sob o sol das 13h30m, acompanhado apenas de algum
membro da preparação física, e com pouco contato com os outros jogadores.
Recentemente, voltou ao gramado para continuar seu trabalho de
recondicionamento. A ideia de voltar a jogar vai além de uma realização
pessoal. Servirá também para acabar com a tristeza de seus familiares e ter a
oportunidade de atender aos pedidos de seu filho, de três anos, que lhe diz:
"Papai, gol, papai".
Jobson destacou sua relação com
Anderson Barros (Foto: Raphael Marinho/Globoesporte.com)
Jobson
não quis falar sobre sua ausência em um treino no dia 17. Disse que
atualmente declina mais facilmente a convites para sair e que, aos 24 anos,
"não pode ficar bebendo à noite, porque no outro dia você não
aguenta". Com contrato com o Botafogo até 2015, após empréstimos a Bahia e
Barueri, ele admite que sua relação com o presidente Maurício Assumpção está
desgastada dos dois lados. Confira abaixo a entrevista com Jobson:
Relação
com Maurício Assumpção
-
Pessoalmente, não o vi ainda, mas por telefone já conversamos. Quando estava em
Brasília, conversei com ele. Inclusive, na última vez, antes de chegar, falei
que queria voltar, queria jogar e ajudar. Mas não cheguei a vê-lo, não. Acho
que a relação está normal. Ele pode ter desgastado comigo, assim como eu
desgastei com ele. Mas não penso nisso. Penso no meu futuro, que tenho que
jogar e mostrar sequência no meu futebol.
Relação
com Anderson Barros
- As
pessoas falam que não me dou bem com o Anderson, mas ele só faz me ajudar, me
ajuda muito. Ele que me trouxe para cá, que me ajudou. Não tenho nada contra o
Anderson. A gente pode ter alguma briguinha, discussão normal, como todo mundo.
Até com jogador a gente tem, mas muito pelo contrário. O Anderson olha para
minha cara e já sabe do que eu preciso.
Encontros
com o psicanalista Roberto Hallal
- Ele é
um grande amigo, além de um grande profissional. Peguei um carinho enorme por
ele, pela família dele, pelo Robertinho, que já trabalhou aqui. É um cara
fundamental na minha vida, aprendi muito com ele, quis encontrar de novo, me
senti bem, passei algumas coisas com ele e estamos aí. Ele acredita em mim,
isso é muito bom, ele torce por mim, é um grande botafoguense, me deu conselhos
e está disponível para mim quando eu quiser.
Eu admiro
muito o Adriano.
Acho que
as pessoas que querem falar dele podem falar, mas eu acho que ele é admirável,
pela origem que ele nunca esquece. Favela é favela, não tem essa"
Jobson,
sobre o rubro-negro Adriano
Tristeza
dos familiares
- Minha
mãe mora no Pará. Meu filho mora em Brasília. Eu estava em Brasília, inclusive
sexta-feira vou lá para ver meu filho. É só tristeza. Até meu filho sente, diz
que está com saudade de o pai dele fazer gol, tem três anos e já fica falando:
“Papai, gol, papai”. Quando a gente passa por um momento difícil, com certeza,
todos passam por isso. Inclusive, um familiar meu me ligou, me dando o maior
apoio e me fez chorar. Meu tio me fez chorar, me elogiou de uma forma de ser
uma pessoa guerreira. Independentemente de qualquer coisa, que sou um guerreiro
que saiu do Pará. Me deixou para cima. E eu senti ali que tem pessoas que
gostam de mim, que realmente sofrem também. Penso nas pessoas que gostam de mim
realmente, que torcem por mim, e espero neste ano ainda poder jogar. Se não, no
ano que vem dar uma sequência e ir para frente no meu futebol.
Treinos
no Engenhão
- Treino
todo dia, às 13h30m. O sol é bom porque me ajuda a emagrecer mais rápido
também, apesar de eu não estar acima do peso. É todo dia uma hora e meia
treinando, na luta e na vontade. Semana passada teve um treino em que eu
treinei em cima, no campo. Dei uns tiros lá no campo, já me senti bem melhor,
bem leve, sem nenhuma dor na perna, e vou esperar.
Relação
com Oswaldo de Oliveira
- O
Oswaldo nunca falou comigo. Já falei com todo mundo, menos ele.
Lesão na
coxa direita
- Na
realidade, (o músculo) rompeu mesmo. Foi uma lesão grave, mas graças a Deus eu
conheço um fisioterapeuta que era do Brasiliense. Nesse tempo que eu fiquei em
Brasília, me cuidei lá, tratei bastante da perna. Inclusive, eu cheguei, fiz um
novo exame e não deu nada. Estou em um processo de início de pré-temporada. O
que o Anderson passou para mim foi isso. Não estou em um ponto de chegar a
treinar separado. Não sei se é isso, mas o que eu estou fazendo é cumprir todo
dia, fortalecendo a perna, não estou sentindo nada. Ainda não trabalhei com
bola, mas espero que essa semana já volte. O Anderson é que me passa tudo. Ele
me passa um e-mail, e eu cumpro todos os horários.
Jobson pede sequência de jogos
para fazer evoluir
seu futebol (Foto: Agência O Globo)
seu futebol (Foto: Agência O Globo)
Sentimento
sobre situação no clube
- Eu não
me sinto isolado. Eu acho que, só de estar aqui de volta, com certeza ainda
acreditam em mim. Inclusive, foi opção minha. Esse momento que estou passando
foi opção minha, porque eu quis sair. O Oswaldo deu até a declaração de que ele
queria também. Eu quis sair, quis ir para outro lugar. Depois não deu certo
para eu ficar, eu quis sair de novo e hoje, às vezes, eu pago também pelo preço
de mudança de clube. Acho que eu tenho que ter uma sequência. Não só nesse fim
de ano, mas no ano que vem eu tenho que ter uma sequência, jogar muito mesmo.
Porque todo mundo me elogia, fala um monte de coisas, então eu tenho que ter
uma sequência para manter e para ir para frente no meu futebol.
Última
chance no Botafogo?
- O povo
é que fala como chance, mas para mim eu não vejo como chance. Eu sou daqui até
2015. Então, eu tenho que jogar aqui. A partir do momento em que eu não for
mais daqui, tudo bem. Mas estou aqui.
Tentativa
de mudar a imagem
- A
polêmica sempre vai para o lado da gente, que já tem um passado. Sempre vão
aparecer muitas tentações para você cair na polêmica, então você tem que saber
desviar. Estou treinando todo dia, me cuidando, dormindo, me alimentando,
descansando, mais nada. Fico na concentração, na internet, jogando videogame,
durmo para caramba, desço para comer alguma coisa, ligo para os familiares, e a
rotina continua. Sempre vai ter convite para sair, hoje para mim tem, só que eu
sei dizer um "não" muito fácil agora. Agora não vou, não é momento,
não quero. Sei que, se começar a fazer gol, (os convites para sair) vão
aparecer de novo. Mas agora eu já estou preparado para dizer "não".
Acho que,
quanto mais a idade vai chegando, você tem que se cuidar mais ainda. Não pode
ficar bebendo à noite, porque no outro dia você não aguenta"
Jobson,
que tem 24 anos
Saída do
Barueri
- No
Barueri todo mundo sabe. Não fiquei porque não cumpriram comigo o que eu falei.
No início, falaram um monte de coisas, eu fui todo empolgado, depois não era
aquilo que eu falei. Financeiramente e em outras partes também. Não me
beneficiei, preferi não ficar. Mas não cumpriram. Prefiro não falar, não
comentar muito. Mas eles não têm nada para falar de mim, de indisciplina nem
nada, mas prefiro não entrar em muitos detalhes.
Saída do
Bahia
- Não foi
que eu não fiquei, foram eles que não quiseram mais. Mas no Bahia tive uma
passagem maravilhosa, e tenho saudade também. E tenho certeza de que muita
gente, quando eu pedi para voltar para lá, quis também. Mas isso não é o caso.
Agora, é pensar para frente. Não sei por que não quiseram ficar comigo. Não sei
explicar o que foi. A torcida bota você como ídolo. Estava bem, tinha o
respeito de todo mundo. Mas eu acho que o Bahia vai ficar e, se um dia eu puder
jogar lá, vai ser bom também.
Cabeça
diferente
- Graças
a Deus, pararam de falar muito sobre aquele episódio de doping comigo, daquela
situação, e eu tenho que apagar isso. Depende de mim, eu tenho que jogar.
Espero que melhore em 2013 e nesse fim de ano, se der para jogar, eu quero
jogar, com certeza. Mas espero que em 2013 eu já comece com o pé direito e
pegue uma sequência quieto em um lugar, porque o tempo passa para todo mundo.
Tenho 24 anos, agora estou começando a sentir também. Está na hora de dar a
volta por cima. Acho que, quanto mais a idade vai chegando, você tem que se
cuidar mais ainda. Não pode ficar bebendo à noite, porque no outro dia você não
aguenta. Não é a mesma coisa de 18, 19 anos. Você, com 24 anos, tem que pensar
em se cuidar mesmo.
Semelhanças
com Adriano?
- Eu
admiro muito o Adriano. Acho que as pessoas que querem falar dele podem falar,
mas eu acho que ele é admirável, pela origem que ele nunca esquece. Favela é
favela, não tem essa. Não vejo semelhança em nossas histórias, porque o Adriano
para mim é um ídolo. Acho que não tem como comparar muito. Compara em polêmica,
se o pessoal quiser comparar.
Recado
para os torcedores
- Eu
agradeço aos que torcem por mim, que eu sei que muitos ainda torcem, não
desistiram. Espero que eu consiga jogar neste ano. Se não der, no ano que vem
quero ajudar de novo. E pode acreditar em mim que eu ainda vou conseguir ser
aquele Jobson de 2009 e 2010.
Varjota Esportes - Ce. / Globoesporte
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