Acabou o maior trauma de Cristiano Ronaldo e de Portugal.
Neste domingo, a equipe lusa venceu a França por 1 a 0 e conquistou pela primeira vez o título da Eurocopa. O gol, já no segundo tempo da prorrogação, saiu dos pés do reserva Éder, o herói improvável, que entrou no lugar de Renato Sanches para tentar brigar na frente depois que Payet "quebrou" Cristiano Ronaldo e o tirou de campo logo aos 24 do primeiro tempo, fazendo o craque deixar a partida na maca e chorando.
Um tento que calou o Stade de France com ampla maioria de torcida francesa. Um gol traumático para os anfitriões, que dificilmente será esquecido. E um gol histórico para os visitantes, que, com certeza, nunca irão se esquecer do disparo fatal de Éder.
Tento de um time valente, que jogou três prorrogações durante o torneio continental: contra Croácia, nas oitavas, contra Polônia, nas quartas, e agora contra os Bleus, na decisão. Triunfo de uma equipe que joga feio, mas se despede invicta e com a taça.
Agora, os portugueses fazem parte do rol dos campeões, que tem Alemanha (3), Espanha (3), França (2), União Soviética, Itália, Tchecoslováquia, Holanda, Dinamarca e Grécia.
As lágrimas de Cristiano, marca da decisão há 12 anos, desta vez misturaram dor pelo joelho destruído e a alegria de enfim acabar com a triste memória da derrota para a Grécia em casa, em 2004, quando o então garoto CR7 foi aos prantos no Estádio da Luz, em Lisboa, sendo consolado pelo técnico Luiz Felipe Scolari.
Agora, o craque se consolida de vez como mito, tornando realidade o que vinha dizendo ser seu sonho desde que a competição da Uefa começou, no dia 10 de junho: conquistar um título com a seleção portuguesa.
A taça se junta à sua gigantesca coleção, que inclui, a nível pessoal, três Bolas de Ouro de melhor do mundo (com grande possibilidade da quarta em breve), e, com clubes, três Ligas dos Campeões, dois Mundiais de Clubes, três Ingleses e um Espanhol, entre diversos outros trofeus.
Maior que Lionel Messi, seu grande "rival"? Essa é uma discussão que irá até o fim dos tempos. O fato é que agora CR7 tem um título por Portugal, algo que La Pulga nunca conseguiu pela Argentina, com dois vices de Copa América e um de Copa do Mundo.
Méritos também para o técnico Fernando Santos, que entendeu as limitações de seu time e soube montar um esquema para segurar o poderoso ataque francês.
Entre outros destaques da conquista portuguesa, aparecem também o zagueiro brasileiro naturalizado luso Pepe, com um Eurocopa impecável, o volante William Carvalho, "monstro" na marcação, meia Renato Sanches, de apenas 18 anos, e o lateral esquerdo Raphael Guerreiro, negociado recentemente com o Borussia Dortmund.
Além dele, Éder, o herói que terá seu nome entoado para sempre em Portugal.
Acaba também o trauma de enfrentar a França tanto no Stade de France como em Eurocopas. Até hoje, os lusos haviam perdido todos os jogos contra os Bleus no estádio de Saint-Denis ou que foram válidos pelo torneio continental.
Agora, com status modificado, Portugal muda sua atenção para a Copa do Mundo. As eliminatórias começam no dia 6 de setembro, contra a Suíça, fora de casa. No grupo, também estão Hungria, Letônia, Andorra e Ilhas Faroe.
Cristiano Ronaldo e cia. também terão a oportunidade de disputar a Copa das Confederações, em 2017, como representantes da Europa. As outras seleções classificadas são Rússia (sede), Alemanha (campeã do mundo), Chile (América do Sul), México (América do Norte), Austrália (Ásia) e Nova Zelândia (Oceania) - o representante africano só sai no ano que vem.
Conquistar a Copa do Mundo é um sonho possível? Para quem tem o mito Cristiano Ronaldo no time, além de um elenco disposto a ir "às armas", como diz o hino nacional, por seu país, nada é impossível.
10 MINUTOS DE PRESSÃO LOUCA
Inspirados pela Marselhesa, os franceses formaram seus batalhões e partiram para cima de Portugal desde o apito inicial do árbitro Mark Clattenburg no Stade de France.
A primeira chance veio com o meia Sissoko, disparando uma forte bomba da meia-lua, após a bola sobrar de presente nos seus pés.
No lance seguintem, o artilheiro Griezmann foi acionado na corrida pela esquerda, ganhou dos marcadores e chutou forte, mas para fora.
A pressão dos Bleus era incessante, com muitos cruzamentos procurando o grandalhão Giroud. Na zaga lusa, Pepe e Fonte tiravam do jeito que conseguiam.
Aos 9, porém, o gol quase saiu. Pepe escorregou e entregou de presente para Payet. O meia deu belo cruzamento e achou Griezmann, que cabeceou no ângulo, com estilo. Com um lindo salto, o goleiro Rui Patrício fez ótima defesa a mandou pela linha de fundo.
Logo em seguida, no escateio, Patrício teve que trabalhar de novo para defender cabeçada forte de Giroud, no meio do gol. Bem posicionado, agarrou sem dar rebote.
O DRAMA DE CRISTIANO RONALDO
Na sequência, porém, aconteceu algo que iria mudar o rumo da partida.
Com uma entrada forte, Payet lesionou acertou o joelho esquerdo e lesionou o craque Cristiano Ronaldo, que urrou de dor. O árbitro, porém, nem falta marcou.
CR7 tentou ficar em campo de toda forma. Foi atendido duas vezes pelos médicos, teve o joelho imobilizado. Mas não deu... Saiu de maca, chorando.
A partir daí, o nível da partida veio abaixo de maneira gritante.
Sissoko ainda tentou mais duas vezes para a França, a primeira aos 21, com uma bomba que desviou e foi para escanteio. Depois, aos 33, outro chute forte, defendido por Patrício.
Portugal visivalmente sentia a ausência de seu melhor jogador e capitão. Quaresma, que entrou no lugar de Ronaldo, pouco conseguia fazer. Renato Sanches, a esperança, parecia perdido. A bola "queimava" no pé...
Em um momento de descontrole, Cédric revidou a entrada de Payet em Ronaldo, atingindo as costas do francês com seu joelho. Desta vez, falta. E cartão amarelo.
Ainda assim, os lusos levaram o 0 a 0 para o intervalo.
PAYET, O VILÃO, DEIXA O CAMPO
O segundo tempo começou ainda em ritmo lento, com os times mais cautelosos e sem se arriscar tanto no ataque. Talvez ainda efeito da saída de Cristiano.
Aos 12 minutos, uma substituição chamou a atenção: Didier Deschamps tirou Payet, que fazia bom jogo, e colocou Coman em seu lugar. Logo na sequência, Griezmann recebeu do próprio Coman na corrida e bateu rasteiro, para defesa tranquila de Rui Patrício outro vez.
Portugal era só marcação, segurando a pressão francesa do jeito que dava. Nas arquibancadas, os torcedores da casa, em ampla maioria, empurravam o time à frente aos berros.
Aos 20 minutos, a melhor chance do jogo: cruzamento da esquerda de Coman, Griezmann sobe bonito e o estádio todo já grita gol, mas a bola sai raspando o travessão em sua cabeçada. Um erro incrível do artilheiro da Eurocopa, conhecido por não perdoar os arqueiros.
COMAN ELÉTRICO E BOLA NA TRAVE
O jovem Coman era quem mais tentava pela França. Caindo pelos dois lados, dava bons dribles e cruzamentos perigosos. Aos 29, enfiou ótima bola para Giroud, que disparou de perna esquerda. Rui Patrício, mais uma vez, fez excelente defesa.
A 10 minutos do fim, Portugal resolveu ameaçar pela primeira vez. Primeiro, Nani cruzou, a bola mudou de direção e quase entrou no gol de Lloris, que tirou de tapa. No rebote, João Mário deu belo voleio, mas o arqueiro gaulês desta vez agarrou firme.
A penúltima chance clara veio, outra vez, com Sissoko, um dos melhores em campo. Quase nos acréscimos, ele mandou um míssil da intermediária e exigiu ótima defesa de Rui Patrício.
Já nos acréscimos, os deuses do futebol mostraram que queria mesmo a prorrogação, depois que Gignac recebeu na área, deixou Pepe sentado e bateu no canto. Caprichosamente, a bola bateu na trave e passou na frente de Griezmann, que não chegou. Em seguida, a defesa lusinata afastado, e a partida teve que ir mesmo para o tempo extra.
PRORROGAÇÃO E TÍTULO PORTUGUÊS
Quem deu o primeiro susto do tempo extra foi Portugal. Aos 4 minutos, Pepe cabeceou cruzamento com perigo e a bola passou tirando tinta da trave de Lloris. No entanto, a arbitragem já havia paralisado o lance por impedimento do defensor.
A França, porém, ainda era melhor, e apostava na velocidade de Coman e Griezmann para tentar complicar a defesa lusa. Pepe e Fonte, no entanto, seguiam fazendo jogo seguro.
Portugal, por sua vez, tentava cavar escanteios ou faltas próximas à área para conseguir ameaçar. Numa dessas, o gol quase saiu aos 13 minutos, depois que Quaresma bateu escanteio e Éder foi no alto para testar firme. A bola quicou no chão e foi defendida por Lloris, não sem antes provocar um verdadeiro "ataque cardíaco" nos torcedores dos Bleus.
No segundo tempo, os lusos ficaram muito perto do título logo aos 2 minutos. Em cobrança de falta da entrada da área, o lateral Raphael Guerreiro bateu com perfeição e tirou de Lloris, mas a bola explodiu no travessão. No rebote, a zaga anfitriã afastou.
No lance seguinte, porém, os guerreiros de Fernando Santos, em sua terceira prorrogação na Euro, seriam recompensados com o gol da vitória. Éder, meio sem jeito, foi carregando a bola pela intermediária e, sem a marcação apertar, arriscar de longe. O chute seco, forte, acertou o canto do goleiro francês, que pulou e não chegou. Explosão da torcida portuguesa.
O gol do título! Portugal campeão da Euro pela primeira vez.
FICHA TÉCNICA
PORTUGAL 1 x 0 FRANÇA
PORTUGAL 1 x 0 FRANÇA
Local: Stade de France, em Saint-Denis (França)
Data: 10 de julho de 2016, domingo
Horário: 16h (horário de Brasília)
Árbitro: Mark Clattenburg (ING)
Auxiliares: Simon Beck e Jake Collin (ambos ING)
Cartõesamarelos: Rui Patrício, Cédric, Raphael Guerreiro, William Carvalho e João Mário (POR); Pogba, Matuidi e Umtiti (FRA)
Data: 10 de julho de 2016, domingo
Horário: 16h (horário de Brasília)
Árbitro: Mark Clattenburg (ING)
Auxiliares: Simon Beck e Jake Collin (ambos ING)
Cartõesamarelos: Rui Patrício, Cédric, Raphael Guerreiro, William Carvalho e João Mário (POR); Pogba, Matuidi e Umtiti (FRA)
GOL
PORTUGAL: Éder, aos 4 do segundo tempo da prorrogação
PORTUGAL: Éder, aos 4 do segundo tempo da prorrogação
PORTUGAL: Rui Patrício; Cédric, Pepe, Fonte e Raphael Guerreiro; William Carvalho, Adrien Silva (João Moutinho), Renato Sanches (Éder) e João Mário; Nani e Cristiano Ronaldo (Quaresma) Técnico: Fernando Santos
FRANÇA: Lloris; Sagna, Koscielny, Umtiti e Evra; Sissoko (Martial), Matuidi e Pogba; Payet (Coman), Griezmann e Giroud (Gignac) Técnico: Didier Deschamps
Varjota Esportes - Ce. / Globoesporte.
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