A Taça Libertadores conquistada em 1989 é um motivo de orgulho para a torcida do Atlético Nacional, mas as provocações constantes dos rivais, que colocam aquele título sob suspeita, não são fáceis de aturar. Nos clássicos contra o Independiente Medellín, grande rival local, os Verdolagas ouvem repetidamente os versos "Pablito te la compro", em referência a uma suposta influência de Pablo Escobar na conquista continental - nunca comprovada. E é tentando se livrar de vez desta sombra que o time comandado por Ronaldo Rueda entra em campo nesta quarta-feira, diante do Independiente del Valle, às 21h45 (de Brasília), em Medellín. O SporTV transmite ao vivo, e o GloboEsporte.com acompanha em Tempo Real.
Embora tivesse à sua disposição naquele elenco jogadores que viriam a se tornar lendas do futebol colombiano, o Atlético Nacional ainda convive com as suspeitas de que Escobar teria mandado comprar árbitros para que o clube conquistasse a América. A realização do jogo decisivo contra o Olimpia na capital Bogotá, e não em Medellín, alimentou ainda mais as provocações dos rivais, que dizem que a partida trocou de lugar para preservar os árbitros da influência de Pablo. A versão oficial, porém, é que o Atanasio Girardot não tinha capacidade suficiente (34 mil pessoas) para abrigar um jogo daquele porte. Foi no Nemesio Camacho, diante de 50 mil fãs, que os Verdolagas conseguiram seu título mais importante.
- Não se pode negar que Pablo Escobar tinha ingerência sobre a equipe e colocava dinheiro no clube. Mas dizer que ele influiu no torneio é algo que ninguém sabe, mas também ninguém duvida. Houve suspeitas, a final foi em Bogotá... São várias coisas. O time ganhou e foi nos pênaltis. E creio que se Pablo tivesse comprado a Copa, não teria sido tão sofrido para que o time tivesse conseguido - afirma André Viveros, repórter do jornal "El Tiempo".
Mas até mesmo a disputa de pênaltis que consagrou o time Verde Paisa também é vista como suspeita pelos rivais. As más línguas afirmam que nenhum dos jogadores do Olimpia quis ser o responsável pela derrota do Atlético, por medo de ser assassinado antes de deixar a Colômbia. A decisão ocorreu nas disputas alternadas, depois de Ever Hugo Almeida (Olimpia) e Alexis García (Atlético) desperdiçarem seus chutes e o placar ficar em 4 a 4. A partir dali, os paraguaios, que batiam primeiro, conseguiram errar quatro cobranças seguidas, com Gabriel González, Jorge Guasch, Balbuena e Sanabria. E, ainda assim, o Atlético Nacional errou três vezes, com Felipe Pérez, Gildardo Gómez e Luis Carlos Perea, antes de Leonel Álvarez marcar e dar o título aos colombianos.
- A Copa de 1989 é um orgulho para o Atlético Nacional e para a Colômbia. Temos apenas dois títulos, esse e o do Once Caldas, em 2004. É um orgulho. O tema Pablo Escobar é algo falado pelos rivais de Medellín, América, Millionarios. Para o Atlético Nacional é um orgulho, tanto que vão fazer homenagens aos jogadores que foram campeões da Copa. E foi este time do Atlético Nacional que representou a Colômbia nas eliminatórias e classificou para a Copa de 1990, em um dos melhores times que o país teve - diz Viveros.
Erros de arbitragem polêmicos, como expulsões de adversários e impedimentos não marcados para o Atlético Nacional, existiram, mas o que alimentou mesmo as suspeitas foram as declarações do assistente Juan Antonio Bava à revista "El Gráfico" anos depois. O argentino, que trabalhou na goleada do Nacional por 6 a 0 sobre o Danubio do Uruguai, nas semifinais, revelou que foi ameaçado de morte na véspera da partida - na metodologia que Pablo tornou famosa para resolver seus problemas: Plata o Plomo (dinheiro ou chumbo)?
- Em 1989, na Colômbia, em um jogo de semifinal da Copa Libertadores da América jogavam Nacional de Medellín e Danubio de Montevidéu. Esse jogo seria dirigido por Carlos Espósito, e os auxiliares éramos Abel Gnecco e eu. Um dia antes, entraram no hotel uns caras, todos com metralhadoras na mão. Abriram a porta do quarto onde estávamos, nos ofereceram dinheiro e ameaçaram de morte a nós e nossas famílias. Nos disseram que Nacional devia ganhar e falaram: "O dinheiro está aí, se quiserem pegar, pegam". E para que não restassem dúvidas, repetiram: "Ou o Nacional ganha ou vocês estão mortos!". Espósito então me disse: "Juan, isto é uma barbaridade, não sei o que fazer". Eu respondi: "Eu sim. Se faltarem cinco minutos e Nacional não estiver ganhando, entro no campo e faço um gol no ângulo". Obviamente, nenhum de nós pegamos um peso sequer e, além disso, não houve necessidade nenhuma, pois o Nacional ganhou por 6 a 0 - afirma Bava em seu relato.
- Em 1989, na Colômbia, em um jogo de semifinal da Copa Libertadores da América jogavam Nacional de Medellín e Danubio de Montevidéu. Esse jogo seria dirigido por Carlos Espósito, e os auxiliares éramos Abel Gnecco e eu. Um dia antes, entraram no hotel uns caras, todos com metralhadoras na mão. Abriram a porta do quarto onde estávamos, nos ofereceram dinheiro e ameaçaram de morte a nós e nossas famílias. Nos disseram que Nacional devia ganhar e falaram: "O dinheiro está aí, se quiserem pegar, pegam". E para que não restassem dúvidas, repetiram: "Ou o Nacional ganha ou vocês estão mortos!". Espósito então me disse: "Juan, isto é uma barbaridade, não sei o que fazer". Eu respondi: "Eu sim. Se faltarem cinco minutos e Nacional não estiver ganhando, entro no campo e faço um gol no ângulo". Obviamente, nenhum de nós pegamos um peso sequer e, além disso, não houve necessidade nenhuma, pois o Nacional ganhou por 6 a 0 - afirma Bava em seu relato.
NARCOS INVADEM O FUTEBOL COLOMBIANO
A relação do clube com Pablo Escobar estava muito além daquela Taça Libertadores. Embora jamais tivesse tido uma ligação oficial com o Atlético Nacional, sem ocupar cargos, é senso comum na Colômbia que foi com o dinheiro de um dos traficantes mais famosos do mundo que foi possível construir um elenco tão competitivo, que contava com nomes como Higuita e Andrés Escobar. O investimento no futebol era uma forma de juntar uma das paixões do traficante ao sucesso dos negócios.
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Familiares de Escobar afirmam que sua torcida nos tempos de infância era para o Independiente Medellín, mas que o investimento dele se deu no Atlético Nacional por ter encontrado maior abertura. A estratégia ao se aproximar dos donos dos clubes de futebol atingia três objetivos desejados por Pablo: lavar dinheiro vindo da venda de drogas, aumentar sua influência junto à população amante do esporte e ganhar prestígio na alta sociedade colombiana - uma vez que as equipes pertenciam, antes da década de 1980, a famílias ricas do país.
Escobar, inicialmente, era visto como "empresário" (Foto: AFP)
Esta prática se tornou comum entre os traficantes, que passaram a buscar diferentes times para seus investimentos - gerando a expressão "narco-fútbol". Desta forma, criou-se um cenário ainda maior de rivalidade - e guerra - entre os dois principais cartéis de venda de drogas na Colômbia: o de Medellín, comandado por Escobar, e o de Cali, liderado pelos irmãos Miguel e Roberto Rodríguez Orejuela. Enquanto Pablo tentava fortalecer o Atlético Nacional - e também o Independiente de Medellín, em menor escala -, os Rodríguez Orejuela conseguiram fazer de um time de pequena expressão se tornar um gigante no país: o América de Cali.
Supostamente com o dinheiro do narcotráfico, a equipe teve poder econômico para contratar jogadores cobiçados no mercado sul-americano e até na Europa, como Julio César Falcioni, Roque Alfaro e Ricardo Gareca. Desta forma, conquistou cinco títulos nacionais consecutivos (1982, 1983, 1984, 1985 e 1986) e foi vice-campeão da Taça Libertadores em três anos seguidos (1985, 1986 e 1987).
- A chegada de dinheiro quente serviu para pagar bem aos jogadores daqui e trazer estrangeiros. Com isso, o futebol também crescia - afirmou em um documentário o técnico Francisco Maturana, comandante do Atlético Nacional na Libertadores de 1989, que nega qualquer influência de Pablo na arbitragem e prefere exaltar a qualidade de sua equipe.
Filho do traficante, Juan Pablo Escobar, que hoje vive em Buenos Aires, nega a influência do pai no futebol colombiano. Há um ano, quando lançou no Brasil seu livro sobre a vida do pai, Juan afirmou ao GloboEsporte.com que Escobar era torcedor do Deportivo Independiente de Medellín e que não usava seu poder no país para comprar jogos para o Atlético Nacional, maior rival do DIM.
- Nada disso é verdade. Já ouvi muito essas histórias. Meu pai não interviria no esporte dessa maneira, a esse extremo. Não utilizava sua violência para isso. É claro que ele foi responsável por centenas, milhares de assassinatos. Veja bem. Falar de um morto a mais não mudaria muito seu "currículo", não se trata disso. Diziam que ele havia comprado a Libertadores de 1989. Os paraguaios (do Olimpia) sempre acreditaram que ele era torcedor do Nacional, porque queriam justificar sua derrota, colocando a responsabilidade em meu pai. Não tenho porque ocultar essas coisas. Meu pai é responsável direto por histórias muito mais graves, essa (influência) seria uma besteira, não é o caso. Nunca foi dono de nenhuma equipe. Era fanático, gostava, assistia às partidas, escutava pelo rádio, mas nunca foi dono de jogadores, nada disso. Os gols que erraram uns, os pênaltis que erraram outros, meu pai não tinha a mão tão larga para interceder nisso. Se apoiasse o Nacional seria como defender um rival. Nacional x Independiente é como Boca Juniors x River Plate. São da mesma cidade e são rivais de morte. Isso é uma incoerência. Creio que se fala nisso porque não aceitam as derrotas - afirmou o filho de Pablo Escobar.
ASSASSINATO DE ÁRBITRO DEIXA MANCHA
A rivalidade entre os cartéis logo intensificou o mercado das apostas e acabou gerando em tragédia naquele mesmo ano de 1989, meses depois da conquista do Atlético Nacional na Libertadores. Em uma partida entre o Independiente de Medellín e o América, em Cali, o assistente Alvaro Ortega anulou um gol do time da cidade Paisa nos minutos finais, e o Independiente perdeu por 2 a 1. Ortega também foi escalado para o jogo de volta, em Medellín. Depois de um empate sem gols, foi morto a tiros quando ia para um restaurante - em um ato que, anos mais tarde, seria assumido por Popeye, um dos capangas mais famosos de Pablo Escobar.
A morte de Ortega fez com que o Campeonato Colombiano fosse cancelado, e nenhum dos clubes fosse consagrado campeão. Como sanção, os clubes do país foram vetados de participarem da Taça Libertadores do ano seguinte - com uma exceção: o Atlético Nacional de Medellín, campeão da edição anterior. E no torneio continental de 1990, a influência de Escobar se faria presente nos campos mais uma vez. Depois de perder por 2 a 0 para o Nacional em Medellín, o Vasco entrou com um recurso junto à Conmebol pedindo a anulação da partida por cotna de denúncias do árbitro Daniel Cardellino, que relatou ter recebido ameaças de morte, além de uma oferta de US$ 20 mil na véspera do jogo. A confederação preferiu anular a partida e realizá-la novamente em um campo neutro, no Chile - onde os Verdolagas venceram por 1 a 0.
ESPORTE ESCANCARA O NARCOTRÁFICO
O narcotráfico começou a ganhar força na Colômbia no fim dos anos 1960, quando marinheiros começaram a criar rotas para a exportação de maconha. Na década seguinte, a cocaína começou a se popularizar no país e no mundo, aumentando muito o lucro da venda de drogas. Surgiram, então, "empreendedores" nas classes mais baixas, dispostos a explorar este mercado - como Pablo Escobar.
Edificio Mónaco: local onde Escobar passou o maior tempo foragido (Foto: Jorge Natan)
Inicialmente, estes "empreendedores" eram vistos como empresários "mágicos", que conseguiam criar verdadeiras fortunas em pouco tempo. Como a Colômbia vivia uma dura crise econômica com inflação alta, a capacidade destes homens de geração emprego foi vista com bons olhos. Os narcotraficantes compravam propriedades e tentavam diversificar seu mercado para esconder as atividades ilícitas - e foi aí que o futebol também entrou em seu radar
Naturalmente, havia suspeitas sobre o enriquecimento rápido destes homens, que começavam a ganhar popularidade - a ponto de serem apontados como desenvolvedores, também, do futebol local. Mas ninguém conseguia comprovar que o dinheiro vinha de atividades contra a lei. Mas o esporte teria papel fundamental para que os "narcos" começassem a ser desmascarados.
Naturalmente, havia suspeitas sobre o enriquecimento rápido destes homens, que começavam a ganhar popularidade - a ponto de serem apontados como desenvolvedores, também, do futebol local. Mas ninguém conseguia comprovar que o dinheiro vinha de atividades contra a lei. Mas o esporte teria papel fundamental para que os "narcos" começassem a ser desmascarados.
Em 21 de outubro de 1983, o ministro da Justiça Rodrigo Lara Bonilla falou publicamente sobre sua suspeita de que equipes de futebol da Colômbia vinham sendo controladas por narcotraficantes: Atlético Nacional, Millionarios, Santa Fe, Independiente Medellín, América de Cali e Pereira. Esta foi a primeira vez que Pablo Escobar e outros homens considerados empresários foram tratados como suspeitos de cometerem crimes. Na época, Escobar havia concretizado seu sonho político, chegando ao congresso nacional, mas precisou renunciar diante da pressão - e depois de vir à tona um episódio em que fora detido em 1976, justamente por tráfico de drogas. Nove meses depois, Rodrigo Lara Bonilla foi assassinado a tiros, dentro de seu carro. Mas ali Pablo começou a deixar os holofotes de empresário para se tornar um foragido.
O futebol também teve papel importante em outro aspecto político envolvendo o narcotráfico. O primeiro preso a ser extraditado para os Estados Unidos por envolvimento com o tráfico de drogas foi o ex-presidente do Atlético Nacional, Hernán Botero - que ajudaria na lavagem de dinheiro dos narcos. Esta prisão levou Pablo e outros traficantes a declarar guerra ao governo, criando um grupo chamado de "Os Extraditáveis". Ali foi o início da guerra entre os grupos paramilitares e as forças oficiais, que deixou a Colômbia mergulhada em medo por anos.
Este clima, naturalmente, também se manteve no mundo do futebol. Diversos dirigentes foram assassiandos entre as décadas de 1980 e 1990, a começar pelo próprio Hernán Botero. Eduardo Dávila (Unión Magdalena), Ignacio Aguirre (Tolima) e José Bellini (ex-presidente da Federação Colombiana e do América de Cali) foram algumas das vítimas. Na década de 1990, um dos grandes medos dos torcedores era ver o nome de seus clubes aparecerem na lista Clinton - relação feita pelos Estados Unidos de empresas suspeitas de envolvimento com narcotraficantes - como ocorreu com o América de Cali, que enfrentou sanções econômicas por isso.
Este clima, naturalmente, também se manteve no mundo do futebol. Diversos dirigentes foram assassiandos entre as décadas de 1980 e 1990, a começar pelo próprio Hernán Botero. Eduardo Dávila (Unión Magdalena), Ignacio Aguirre (Tolima) e José Bellini (ex-presidente da Federação Colombiana e do América de Cali) foram algumas das vítimas. Na década de 1990, um dos grandes medos dos torcedores era ver o nome de seus clubes aparecerem na lista Clinton - relação feita pelos Estados Unidos de empresas suspeitas de envolvimento com narcotraficantes - como ocorreu com o América de Cali, que enfrentou sanções econômicas por isso.
CAMPOS IMPULSIONAM MITO DO "ROBIN HOOD PAISA"
Apesar de ser considerado o responsável por milhares de assassinatos e o principal causador da guerra em que a Colômbia esteve mergulhada no final do século passado, Pablo Escobar também possui fãs. Com origens pobres, o traficante fez questão de ajudar pessoas necessitadas de diversas formas: a mais famosa delas através do programa "Medellín sin Tugurios" (algo como "Medellín sem favelas").
Com esta política, que surgiu antes dele chegar ao congresso, Escobar tentou levar mais cidadania à periferia da cidade - que possui muitas áreas altas, com casas construídas em morros. Além de asfaltar ruas e pintar casas, estava entre as medidas de Pablo o fomento à prática esportiva.
Escobar construiu ou reformou em Medellín pelo menos 15 campos de futebol, que hoje pertencem à prefeitura. Com seu poder econômico e político, conseguia fazer obras nos locais sem ser interrompido - ganhando a simpatia do povo, que por muitas vezes gostava mais de Pablo do que dos governantes.
O primeiro campo em que Escobar fez intervenções fica no município de Envigado, na região metropolitana de Medellín, onde Pablo morou na infância. O traficante mandou instalar dois postes com refletores para que o futebol pudesse ser praticado à noite, além de ter pintado as marcas do campo. Hoje com grama sintética, este local é utilizado em jogos entre veteranos famosos do futebol colombiano.
Desta forma, o futebol ajudou a construir o mito do "Robin Hood Paisa", em uma referência ao personagem que rouba dos ricos para dar aos pobres. O município de Envigado, por exemplo, conseguiu se desenvolver bastante por conta dos negócios de Escobar - que tinha diversos empregados moradores da área. O famoso bairro que construiu na periferia de Medellín ainda tem seu nome e uma pintura com seu rosto logo na entrada. Também segue lá a igreja erguida em homenagem ao Menino Jesus de Atocha, do qual ele e a mãe eram devotos.
Com tanta influência e apoio nas camadas mais populares da cidade, Pablo também conquistou amigos no futebol. Existem relatos de que jogadores famosos da seleção colombiana, como René Higuita, disputavam partidas festivas no presídio de La Catedral - erguido pelo próprio traficante depois de um acordo com o governo colombiano, em 1991. O famoso goleiro já admitiu que era amigo de Escobar, deixando claro que o narco mais famoso da Colômbia dividiu (e ainda divide) muitas opiniões. O único consenso é que seu nome está ligado para sempre ao futebol do país.
Varjota Esportes - Ce. / Globoesporte.
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