A atmosfera na arquibancada parecia de um estádio de futebol. De pé, torcedores brasileiros entoavam o coro: "olêêê, olê, olê, olêêêê! Bigooooode!". Mas o local em questão era o Centro Olímpico de Tiro, em Deodoro, e o homenageado pela torcida não era nem do Brasil. Abdullah Alrashidi, do Kuwait, disputou na tarde deste sábado a final da modalidade skeet de tiro esportivo e foi abraçado pelo público durante toda a prova. Após a conquista da medalha de bronze, retribuiu ao carinho com acenos e beijos.
– Hoje, pude ver como são as pessoas no Brasil. Eu amo o Brasil. Eu amo os brasileiros. Eles me ajudaram. Hoje, senti-me do Brasil. Não do Kuwait. Estou muito feliz. Várias pessoas do Brasil e do Kuwait acreditaram em mim e me mandaram mensagem. Estou muito feliz. Muito obrigado – destacou o atirador de 52 anos, que achou engraçado ser apelidado de "bigode".
– Está pequeno agora. Hoje, está um bigodinho (risos). Antes, era maior (com a mão, mostra o tamanho do bigode anteriormente). Muito obrigado a todos os brasileiros – acrescentou o atirador, que diz não torcer pelo Arsenal apesar de usar a camisa do time inglês na final deste sábado.
No momento da cerimônia de premiação, a bandeira do COI estava no lugar da bandeira do Kuwait. Abdullah Alrashidi não olhou para as bandeiras que estavam no mastro. Ficou de cabeça baixa enquanto tocava o hino da Itália, do medalhista de ouro Gabriele Rossatti.Na Olimpíada Rio 2016, Abdullah Alrashidi compete como Atleta Independente Olímpico. O Kuwait foi suspenso pelo Comitê Olímpico Internacional em outubro do ano passado por causa de interferências do governo local em entidades esportivas. Abdullah e mais sete atletas do país foram liberados para disputar os Jogos como independentes. No último dia 10, o atirador Fehaid Al Deehani, também do Kuwait, foi o primeiro atleta independente a ganhar uma medalha de ouro na história da Olimpíada.
– Qualquer um que não vê a sua bandeira é como a morte. Trabalho em meu país e meu país me ajuda há muito tempo. Preciso da minha bandeira. Isso seria o melhor para mim. Mas o que eu posso fazer? Temos problemas no meu país, mas eu espero no futuro ganhar uma nova medalha e ver a bandeira do Kuwait – comentou o atirador.
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Esta é a sexta Olimpíada de Abdullah Alrashidi, o Bigode. Desde 1996, compete nos Jogos Olímpicos, mas nunca colocou no peito uma medalha da competição. Fim de jejum bastante comemorado por ele.
– Este foi o melhor momento para mim com esta medalha de bronze. Algumas pessoas podem pensar que é preciso o ouro. Eu não preciso do ouro. Eu preciso de uma medalha olímpica. Tenho em casa outras medalhas, como de mundiais. Já disputei outras Olimpíadas, mas não tinha uma medalha olímpica. Agora eu tenho uma medalha olímpica – destacou.
O brasileiro Renato Portella foi o representante do Brasil na modalidade skeet masculino. O atirador de 53 anos terminou na 22ª colocação.
Varjota Esportes - Ce. / Globoesporte.
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