Após o vice-presidente do Palmeiras, Alexandre Zanotta, dizer à ESPN na última quinta-feira que o clube alviverde acionará o Procon-CE e o Ministério Público para que o Fortaleza volte a vender ingressos do setor visitante do Castelão, a equipe cearense informou que já não há mais bilhetes para os palmeirenses, pois eles foram repassados à torcida do Leão.
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A informação foi dada à reportagem por Marcello Desidério, vice-presidente do Fortaleza, que salientou que cerca de 3 mil bilhetes foram comercializados para os torcedores do Verdão, mas que a carga restante, de cerca de 5 mil entradas, agora é da equipe tricolor, já que o Alviverde não teria feito aviso prévio de que gostaria de contar com 10% do total.
Com a divisão de torcidas que será feita pela Polícia Militar, são agora 3,4 mil ingressos à venda para os fãs do Leão no setor Superior Norte.
"Estou na Arena Castelão neste momento, estamos saindo de uma reunião com o Ministério Público, a Arena e a Federação, realinhando o plano de jogo. Os ingressos que sobraram do setor visitante, no setor Superior Norte, nós estamos destinando à nossa torcida, ao valor de R$ 110 e R$ 55. É direito do Palmeiras recorrer ao Procon, aos órgãos competentes, e vai caber ao Fortaleza, diante do fato concreto, apresentar sua defesa. A gente vai esperar o desenrolar dos fatos, mas as providências já foram tomadas. A carga remanescente, que é agora de 3,4 mil ingressos por conta da separação entre as torcidas, está destinada ao torcedor do Fortaleza, e pelo preço de R$ 110", disse Desidério, à ESPN.
A confusão começou na última quinta, após o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), a pedido do Palmeiras, obrigar o Fortaleza a reduzir os preços de ingressos do setor visitante de R$ 110 para R$ 50, cumprindo o regulamento de competições da CBF e o Estatuto do Torcedor, e o consequente fechamento das vendas por parte do clube cearense, o gerou reação dos alviverdes.
Fortaleza e Palmeiras se enfrentam no domingo, às 16h (de Brasília), pela abertura do returno do Campeonato Brasileiro.
No momento, a venda de bilhetes para os visitantes está paralisada, e o clube cearense avisou que não irá ressarcir valores a quem desejar devolver o ingresso.
Quem já comprou, por sua vez, poderá ingressar normalmente no Castelão.
Veja a entrevista com Marcello Desidério:
ESPN: Como Fortaleza encarou o pedido do Palmeiras e a decisão desfavorável do STJD?
Marcello Desidério: Encaramos o pedido do Palmeiras com surpresa, porque o regulamento da competição é bem claro: compete ao mandante a definição dos preços. A setorização do Castelão é bem clara: nós temos oito setores divididos em dois andares, e o preço praticado pelo Fortaleza é o mesmo que vinha sendo praticado com outros clubes, como São Paulo, Fluminense e Inter. O preço que está sendo praticado pelo Palmeiras está abaixo do que o próprio Palmeiras pagou contra o Ceará, que havia sido de R$ 120 inteira e R$ 60 a meia, no setor Superior Norte. Causou espécie esse pedido, deixou a gente um pouco chocado. O preço dos ingressos está compatível com a realidade do campeonato e está respeitando o setor. A gente também recebeu com surpresa a decisão do STJD, mas a gente respeita. Temos, porém, a convicção de que o tribunal foi induzido ao erro pelos argumentos apresentados pelo Palmeiras, que com certeza não apresentou na inteireza a setorização do estádio, os preços praticados nos outros jogos e todo o contexto fático do caso.
ESPN: Por que a decisão de encerrar venda de ingressos?
MD: Inicialmente, o regulamento da competição prevê que o time mandante só precisa destinar o espaço para a torcida visitante se o clube visitante se manifestar com até três dias úteis de antecedência, requisitando 10% da carga no mínimo. E, ao fazê-lo, tem que pagar esse valor, sob pena de, se não fizer, o clube mandante está liberado, e isso está no regulamento da CBF, a disponibilizar os ingressos para sua própria torcida. A torcida que está presente é a do mandante, abrindo exceção de 10% para os visitantes. O que o Fortaleza fez? Existe uma reunião de providências na Federação Cearense com os órgãos de segurança, e, nessa reunião, estava presente um representante do Palmeiras que veio só para a reunião. O que foi combinado na reunião, e isso está na ata e assinado pelo representante do Palmeiras, é que o Fortaleza estava disponibilizando aquelas ingressos, ressalvando que, se o Palmeiras não se manifestasse naquele prazo, o Fortaleza não ia disponibilizar 10%. Uma vez que o Palmeiras esteve em silêncio, o Fortaleza se entendeu no direito de encerrar a venda do setor visitante. Até porque, com a decisão do STJD, surguiu outro problema: o Estatuto do Torcedor diz que não posso ter, em um mesmo setor, pessoas com ingressos de valores diferentes. Eu já tinha vendido 3 mil ingressos no valor anterior, então não posso colocar outras pessoas no mesmo setor com preços diferentes. Quero deixar claro que estamos perdendo dinheiro. Vamos dizer que eu vendesse os 5 mil ingressos restantes, a uma média de R$ 50 o bilhete. Nisso, o Fortaleza está deixando de ganhar R$ 250 mil! A questão não é dinheiro, mas sim respeito ao regulamento da competição. Tem que haver respeito tanto do Fortaleza quanto do Palmeiras, e cada clube tem que cuidar do que lhe cabe. O clube mandante exerce seru mando conforme o regulamento e o visitante se submete ao regulamento. Quando o Fortaleza foi jogar no Allianz Parque no primeiro jogo, o Palmeiras descumpriu o Estatuto do Torcedor e só colocou os ingressos à venda duas horas antes da partida, sendo que o Estatuto diz que tem que colocar três dias antes. Além disso, tem que haver até cinco pontos de venda, e só havia a bilheteria do estádio. Então, se estamos discutindo o Estatuto do Torcedor e o regulamento do Brasileiro, é importante discutir com franqueza e colocando os fatos de forma clara.
ESPN: O Palmeiras classificou essa decisão como "intempestiva e ilegal". Como Fortaleza se posiciona sobre isso?
MD: Ilegal a decisão não foi, de forma alguma, até porque foi amparada no regulamento da competição e no Estatuto do Torcedor. E intempestiva ela também não foi, haja visto que o Fortaleza já havia avisado ao Palmeiras em reunião que ele tinha prazo para se manifestar sobre os 10%. Então, não tem muito o que falar acerca da situação. Eles estão jogando para a torcida, já que o argumento não se sustenta.
ESPN: No caso do Ministério Público e do Procon ordenaram a retomada da venda de ingressos para os visitantes, como Fortaleza vai agir?
MD: Estou na Arena Castelão neste momento, estamos saindo de uma reunião com o Ministério Público, a Arena e a Federação, realinhando o plano de jogo. Os ingressos que sobraram do setor visitante, no setor Superior Norte, nós estamos destinando à nossa torcida, ao valor de R$ 110 e R$ 55. É direito do Palmeiras recorrer ao Procon, aos órgãos competentes, e vai caber ao Fortaleza, diante do fato concreto, apresentar sua defesa. A gente vai esperar o desenrolar dos fatos, mas as providências já foram tomadas na Arena. A carga remanescente, que é agora de 3,4 mil ingressos por conta da separação entre as torcidas, está destinada ao torcedor do Fortaleza, e pelo preço de R$ 110.
ESPN: Crê que esse clima pré-jogo entre os times nos bastidores vai criar animosidade entre os torcedores?
MD: De forma alguma. Acabamos de alinhar a estratégia de segurança com a Polícia Militar. Quem comprou o ingresso, terá acesso pleno, tranquilo e com conforto, da forma como tudo foi pensado inicialmente. Quem comprou ingresso pode vir tranquilo, não vai ter tela na frente para atrapalhar a visão também. Pode vir tranquilo que será tratado com urbanidade e com segurança, pois a PM garantiu que vai tomar todas as medidas necessárias para isso.
Varjota Esportes - Ce. / MSN.
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