O tempo do politicamente correto, das frases feitas, parece não ter extinto um tipo de jogador sempre presente nos clubes brasileiros: os badboys. O atacante Adriano, do Corinthians, por exemplo, é o baluarte deste tipo de jogador. Tem um currículo extracampo tumultuado, que acaba influenciando no seu rendimento. Em menor proporção, mas sempre com seu nome estampado nos noticiários dos escândalos, o meia do Sport Marcelinho Paraíba é da linha de Adriano, com uma enorme diferença: continua sendo decisivo em campo.
Principal estrela do Sport desde de 2011, Marcelinho vem levando o vice-líder do Campeonato Pernambucano nas costas e é o artilheiro da competição com 10 gols. Por isso, a torcida não pega no pé do jogador pelos deslizes fora dos gramados. A última de Paraíba aconteceu nesta semana, quando teve sua habilitação apreendida em uma blitz por se negar a fazer o teste do bafômetro.
- Não sou polêmico, infelizmente essas coisas acontecem comigo. Por ser uma figura pública, a imprensa procura noticiar cada passo meu - disse Marcelinho, durante uma coletiva para explicar o caso.
Marcelinho Paraíba não é bem aquele badboy clássico. É adorado pelos jogadores, comissão técnica e funcionários do Sport. Um jogador de grupo, que tem o costume dividir o mérito das vitórias com os companheiros. Também respeita o treinador Mazola Júnior, fazendo questão, uma vez por outra, de elogiar o chefe publicamente. Apesar de ter uma relação instável com a imprensa, prefere o silêncio ao confronto.
- Marcelinho me deu muita força nas horas difíceis, é um cara de grupo, que todo mundo gosta. Faço questão de ressaltar a ajuda dele na minha recuperação - disse o atacante Willians, numa das suas entrevistas sobre a má fase técnica que enfrentou.
Mas apesar de não ser um Edmundo ou um Romário, que tinham o orgulho de carregar o termo badboy no currículo (criaram até um funk), Paraíba tem passado por poucas e boas fora de campo. No final do ano passado, foi acusado de tentativa de estupro em uma festa durante as suas férias, em Campina Grande, na Paraíba. Foi detido, passou um dia preso em uma cadeia pública e espera o desenrolar do processo, que foi devolvido pela promotoria para reformulação.
No clube, apenas um caso deixou a direção desconfortável. Por causa de um atraso, Marcelinho Paraíba recebeu uma multa e alegou cansaço físico para não enfrentar o Central em Caruaru, pela 12ª rodada do Pernambucano. Causou uma confusão e foi de última hora com seu próprio carro até a cidade interiorana para encontrar o elenco. Assunto resolvido entre jogador e clube.
Jael defende Marcelinho Paraíba
Jael defende Marcelinho Paraíba
- Isso tudo é falta do quem não tem o que fazer, é a imprensa sem assunto. Todo mundo é pego em blitz, por exemplo, e ninguém comenta, quando é um cara como Marcelo, aí o mundo cai - reclamou o atacante Jael, sem levar a consideração de que beber e conduzir é contra a lei.
Mas o que o companheiro de Marcelinho reclama é da grande exposição relacionada aos astros futebolísticos. A mesma mídia que cria ídolos, que impulsiona a carreira dos jogadores e os seus salários, que traz patrocínio para o clube, também serve como vigilante comportamental dos atores do espetáculo.
- É isso, somos pessoas públicas e temos que arcar com isso, mas também é muita idiotice da imprensa, não tem o publicar e fica procurando história - frisou, mais de uma vez, Jael.
Com apenas 23 anos, Jael tem a marra que Marcelinho não tem. Tem o estilo dos jogadores da NBA, influenciado pela moda rapper. Tem um olhar direto, desafiador e não se controla com a língua. Fala e fala mesmo. Questionado sobre um lance que ocorreu durante sua passagem pelo Bahia, não economizou palavras.
- Dei um murro naquele mal caráter (se referindo ao gerente de futebol do Bahia). Muita gente me ligou agradecendo pelo que fiz com André Araújo, ninguém gostava dele. Não me arrependo. Destratava, humilhava todo mundo ao redor dele. Mereceu - disse Jael.
A briga fez Jael entrar no hall dos badboys. Na Portuguesa, durante a Série B, deu um soco no atacante Léo, do Paraná, e ficou suspenso por cinco partidas. Apesar das confusões, Jael parece estar mais tranquilo no Leão.
- Sei que uma vez ou outra vão perguntar, vão me questionar, mas já faz tempo, as pessoas vão esquecendo e vai passando. Não sou um cara polêmico, sou tranquilo - afirmou Jael.
O presidente Gustavo Dubeux faz questão de lembrar que as rédeas são curtas no clube e manda um recado a Marcelinho Paraíba e Jael.
- Antes de Jael vir, foi muito conversado sobre esse assunto. Aqui não se admite indisciplina. Então, ele já chegou ciente disso e não tem dado problema. Já Marcelinho, ele não tem feito nada demais. Tem tido problemas pessoais que não condizem com o Sport.
Varjota Esportes - Ce. / Globoesporte
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