Andrés Sanches em evento em Barueri
(Foto: Leandro Canônico/Globoesporte.com)
Andrés Sanches, diretor de seleções da CBF, foi contratado por Ricardo Teixeira no final do ano passado. Sua função, além de comandar desde a base até o time principal do Brasil, era ser uma espécie de voz da entidade, já que seu antigo presidente pouco se pronunciava. Durou pouco. Com a renúncia de Teixeira, Sanches ainda não sabe se terá a mesma força com José Maria Marin.
Especula-se nos bastidores da CBF que o atual presidente pretende ter mais diálogo. Não só com os clubes e as federações, mas também com a imprensa. De qualquer maneira, Andrés Sanches segue com o pensamento de que a saída de Ricardo Teixeira foi terrível para o futebol brasileiro. E que esse não era o momento para uma mudança tão grande no comando da entidade.
- Não sabia. Nem imaginava que seria assim. Fiquei muito surpreso. Além disso, fiquei triste e preocupado, porque foi uma mudança drástica demais às vésperas da Copa do Mundo. Mas ele decidiu o que achava ser melhor para vida dele – comentou o ex-presidente do Corinthians.
Durante entrevista exclusiva para o GLOBOESPORTE.COM, Sanches afirmou também que pretende ajudar Marin da mesma maneira que ajudaria Teixeira. Também disse não se sentir pressionado e que colocou o cargo à disposição porque foi o ex-presidente da CBF que o contratou. Falou ainda sobre a situação de Mano Menezes na Seleção Brasileira. Por ora, segundo ele, nenhuma mudança prevista.
- O Mano sabe que teve erros e acertos. Sabe que tem de melhorar e vai melhorar. Ele pode ter mil defeitos, mas burro ele não é – acrescentou Andrés Sanches.
Confira, então, a íntegra do bate-bola com o diretor de seleções da CBF, realizado em uma sala de reuniões em um hotel de Barueri, na Grande São Paulo. No local, houve um encontro da Associação Brasileira de Executivos do Futebol (Abex).
O Mano sabe que teve erros e acertos. Sabe que tem de melhorar e vai melhorar. E ele pode ter mil defeitos, mas burro ele não é"
Andrés Sanches
GLOBOESPORTE.COM: Quando o Ricardo Teixeira deixou o comando da CBF, o senhor disse que o futebol brasileiro perdia muito e que era preciso ter cuidado com as pessoas de fora do futebol. O que quis dizer com isso?
Andrés Sanches: Quem tem que ficar no domínio do futebol são as pessoas que vivem no futebol. Agora não pode vir alguém de fora querer dar palpite. Os presidentes de clubes, de federações e o presidente da CBF têm uma função importante neste momento de transição. E o Marin sabe disso. Temos de discutir o que queremos do futebol depois da Copa do Mundo.
Mas quem são as pessoas de fora do futebol que querem interferir?
Não me obriga a falar, pô. Todo mundo sabe quem são. É um monte de gente que quer aproveitar a visibilidade do futebol.
Eu não sei quem são essas pessoas...
Mas não sou eu quem vai dizer para você.
A saída do Ricardo Teixeira da CBF (interrompe)
Foi uma turbulência para o futebol brasileiro.
O senhor sabia que ele ia sair?
Não sabia. Nem imaginava que seria assim. Fiquei muito surpreso. Além disso, fiquei triste e preocupado, porque foi uma mudança drástica demais às vésperas da Copa do Mundo. Mas ele decidiu o que achava ser melhor para vida dele.
Comenta-se muito que, com o Marin no comando, o senhor estaria “a perigo”. Foi por isso que colocou o cargo à disposição?
Eu não estou ameaçado coisa nenhuma. Em nenhum momento me senti assim. Só coloquei o cargo à disposição porque houve uma mudança de comando e quem me chamou para o trabalho saiu. Mas o Marin conversou comigo e disse que gostaria que eu continuasse meu trabalho. Vou ajudar no que for preciso.
Algumas federações estão pressionando o Marin por novas eleições e para reclamar da hegemonia paulista no comando da CBF. Qual sua opinião?
Eu acho que é o direito deles, mas este momento é de união, já que estamos à porta da Copa do Mundo. O futebol brasileiro já teve um baque muito grande com a saída do Ricardo Teixeira e não pode ter outro. O estatuto diz que é o Marin o novo presidente e temos de apoiá-lo da melhor maneira.
E quanto a essa reclamação sobre a hegemonia paulista? (nove dos 19 cargos da entidade são ocupados por pessoas ligadas à FPF)
Somos todos, acima de tudo, brasileiros. Tem de acabar com essa palhaçada. Gente competente e incompetente tem em todos os lugares do país. Na hora certa, as coisas vão mudar, mas agora não tem nada a ver falar disso.
Andrés Sanches diz que Mano teve erros e acertos
(Foto: Leandro Canônico/Globoesporte.com)
Mas o senhor acha certo esse movimento de pressão sobre o Marin?
É ruim para o futebol brasileiro. Temos de sentar para discutir o que queremos de mudanças e pensar nelas depois da Copa do Mundo.
Sobre Seleção: o Mano foi criticado por ter colocado o Ronaldinho Gaúcho na lista de 52 nomes para as Olimpíadas. Gostou da lista?
O Mano tem as opções técnicas e táticas dele. Ele convoca quem quer.
Mas o senhor não acha que faltou o Kaká?
É engraçado. Tempos atrás ninguém queria o Kaká na Seleção Brasileira. As coisas mudam muito rápido. O que é preciso que as pessoas entendam é que jogadores como Kaká, Robinho, Ronaldinho Gaúcho podem ser convocados a qualquer momento. Eles não precisam mais de testes.
O Mano mesmo reconhece que a Seleção Brasileira não está bem. O senhor acredita que essa consciência já é um avanço?
O Mano sabe que teve erros e acertos. Sabe que tem de melhorar e vai melhorar. E ele pode ter mil defeitos, mas burro ele não é. Fez experiências, viu quem pode vestir a camisa da Seleção e agora vai montar o time dele e formar um grupo.
E o seu trabalho como diretor de seleções da CBF, já engrenou?
Aos poucos está tudo indo bem. Estou aprendendo muito.
Varjota Esportes - Ce. / Globoesporte
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