O dérbi de número 188 terminou sem pender para nenhum dos lados. Na data exata que marca os 100 anos do clássico campineiro, a Ponte Preta foi superior durante todo o jogo e manteve mais os nervos à flor da pele quando a tensão foi à tona, mas o Guarani foi valente a ponto de não desistir mesmo quando a esperança parecia ser a única saída. Diante de um público decepcionante de pouco mais de 7 mil torcedores, Macaca e Bugre ficaram no empate por 1 a 1 neste sábado à noite, no Estádio Moisés Lucarelli, em Campinas, pela 15ª rodada do Campeonato Paulista. Diego Sacoman fez o gol alvinegro, enquanto Fumagalli empatou. Em toda a história, este é o 62ª empate. O Guarani leva pequena vantagem: 65 a 60.
Cicinho e Bruno Recife disputam bola durante o dérbi deste sábado (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
O empate quebra algumas marcas e perdura outras. Com o resultado, a equipe de Gilson Kleina perde a chance de superar uma marca que já perdurava 28 anos: desde 1984, uma das equipes vencia três dérbis consecutivos. Mesmo assim, a Ponte já não perde do Guarani há quase três anos. Kleina e Renato Cajá, porém, perdem os 100% de aproveitamento que tinham contra o arquirrival.
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Do outro lado, muito a comemorar em um empate com sabor de vitória. Apelidado de "Mister Dérbi" durante a semana, o técnico Oswaldo Alvarez aumentou sua invencibilidade, que agora chega a oito dérbis. O mesmo aconteceu com Fumagalli e Danilo Sacramento, que seguem sem saber o que é derrota neste clássico.
Com o resultado, as duas equipes seguem nas mesmas posições. O Guarani alcança 27 pontos e mantémn o sexto lugar, enquanto a Macaca, com 25, é a sétima. Na próxima rodada, as duas equipes tem a chance de praticamente carimbar a vaga às quartas de final. Na quarta, a Ponte recebe a Portuguesa, às 19h30, no Majestoso. No dia seguinte, o Guarani recebe o Linense, às 19h30, no Brinco.
Psicológico
De tão falado durante a semana, o aspecto emocional entrou em campo logo no primeiro tempo. Irritado pela perseguição da torcida da Ponte, Fabinho empurrou Guilherme e foi expulso, o que gerou um empurra-empurra entre os jogadores dos dois times. Na mesma confusão, Wescley discutiu com Neto e também saiu mais cedo do jogo. A Ponte aproveitou mais a situação, já que o principal puxador de contra-ataques do Guarani tinha sido expulso. Kleina arrumou a defesa no segundo tempo e por pouco não saiu vencedor.
Enrico cai em cima de Domingos no lance do
pênalti (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
Chances para os dois lados
O clima tenso em razão das brigas entre torcedores não entrou em campo, mas, assim que a bola rolou, os jogadores demonstraram um certo nervosismo por tudo que envolve um novo encontro entre Ponte Preta e Guarani. Pressionados por terem a maior parcela nas arquibancadas, os pontepretanos erraram muitos passes no início, o que travou o setor de criação da Macaca. Já o Bugre, muito por conta das conversas de Vadão, deu poucos espaços na defesa e apostou o primeiro tempo inteiro nos contra-ataques.
Mais presente no campo ofensivo, a Ponte foi quem criou a primeira jogada perigosa. Logo aos quatro minutos, Roger limpou a marcação no bico esquerdo da grande área, mas chutou fraco no meio, sem preocupar Emerson. O Guarani respondeu na jogada seguinte. Fumagalli soltou a perna direita e parou em Lauro.
Sem nenhuma dividida perigosa nos primeiros lances, o dérbi esquentou para valer aos 13 minutos. Após lançamento do campo de defesa, Enrico tropeçou em Domingos dentro da área. Rodrigo Braghetto, porém, interpretou o lance como faltoso e assinalou o pênalti, para desespero dos bugrinos. Na cobrança, porém, Guilherme não foi feliz. O lateral repetiu o que fizeram Roger e Renato Cajá contra o Comercial e perdeu, ao chutar no pé da trave direita.
A penalidade desperdiçada pela Ponte deu força ao Guarani. Danilo Sacramento recebeu na entrada da área e emendou um chute no ângulo esquerdo de Lauro, que pulou para espalmar. Aos 22, Fabinho pegou a sobra ne meia-lua e bateu de voleio, para mais uma boa defesa de Lauro.
Aos poucos, a Ponte se recuperou do pênalti perdido por Guilherme. Então sumido em campo, Renato Cajá começou a aparecer mais para o jogo e quase abriu o placar com ajuda de Emerson. O camisa 10 da Ponte entrou na área e chutou de primeira, o goleiro bugrino foi defender, mas soltou a bola para escanteio. Minutos depois, o camisa 1 se recuperou. Roger fintou Neto na entrada da área e soltou o pé direito, para grande defesa de Emerson no chão.
Confusão acaba em expulsões
Se o dérbi até então não estava quente, o cenário mudou a partir dos 34 minutos. Em lance completamente isolado pela ponta esquerda, Fabinho empurrou Guilherme para cobrar um lateral. O pontepretano caiu e a confusão se armou. Após uma grande troca de empurrões entre os jogadores dos dois times, Braghetto decidiu expulsar Fabinho, o causador da encrenca, e o zagueiro Wescley, que discutiu com Neto.
Fabinho recebe o cartão vermelho ainda no primeiro tempo (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
Com um a menos de cada lado, a Ponte cresceu. Uendel fez boa jogada na entrada da área e bateu forte. Emerson espalmou e, na sobra, Bruno Recife quase marcou contra - o goleiro do Guarani evitou o lance bizarro. Aos 39, Enrico puxou contra-ataque peo meio e chutou colocado no ângulo direito, para defesa tranquila de Emerson. Uendel ainda levou perigo novamente no minuto seguinte, mas chute saiu sem direção.
Armado para aproveitar qualquer bobeada do adversário, o Guarani voltou a atacar nos minutos finais. Oziel roubou a bola de Uendel e Fumagalli puxou contra-ataque. Na esquerda, Danilo bateu cruzado, mas nenhum bugrino a empurrou para o gol. Aos 43, Danilo novamente levou o Bugre ao ataque. O meia avançou pela intermediária e soltou uma bomba de canhota, bem defendida por Lauro.
Ponte aproveita espaços e pressiona o Bugre
Assim como fez no primeiro tempo, a Ponte Preta partiu para a pressão logo nos minutos iniciais do segundo. Com o zagueiro Gian na vaga de Uendel, Gilson Kleina prendeu o ataque do Guarani e liberou os alas Guilherme e Cicinho para o apoio. Assim, a Macaca passou a criar boas chances pelas laterais. Aos oito minutos, Guilherme tentou o chute, mas foi prensado. Na cobrança de escanteio, Cajá colocou a bola na cabeça de Gian, que finalizou à direita de Emerson.
A melhor chance, porém, saiu dos pés de Roger. Aos 11, o atacante recebeu linda enfiada de Renato Cajá, ganhou na corrida de Domingos e passou por Emerson. Desequilibrado, o camisa 9 deixou a bola escapar e Neto afastou. Para aumentar a pressão, Kleina tirou Willian Magrão e colocou Caio em campo. Vadão respondeu trocando Bruno Mendes por Emílio.
Com o centroavante experiente em campo, o Guarani deu indícios de que levaria mais perigo aol gol da Ponte. Aos 17, Fumagalli cobrou falta da lateral e encobriu Lauro. A bola, porém, explodiu no travessão, para alívio da Macaca. O lance, porém, foi isolado. Sentindo bastante a ausência de Fabinho para puxar os contra-ataques, o Bugre virou presa da pressão ininterrupta da Ponte.
Mais eficiente do que no primeiro tempo, Roger levou novamente perigo a Emerson aos 20 minutos, ao chutar forte no canto direito, para boa defesa do goleiro. Quando a bola passou, porém, Roger não estava lá para empurrar. Aos 23, Cicinho recebeu lançamento do lado direito e cruzou rasteiro, mas o artilheiro da Macaca chegou segundos atrasado e perdeu a oportunidade de balançar a rede.
Sacoman marca o gol da Ponte no dérbi de sábado
(Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
Descontrole
Sem controle nenhum sobre o meio-campo, Vadão tentou recuperar o espaço com Thiaguinho na vaga de Willian Favoni, volante já amarelado. Mas nem deu tempo de a tática fazer a diferença. No minuto seguinte, a Ponte Preta enfim aproveitou as oportunidades que teve e abriu o caminho da vitória. Renato Cajá cobrou falta pelo lado esquerdo, a bola passou por toda a zaga bugrina e sobrou limpa para Diego Sacoman. De canhota, ele desviou para o gol vazio.
Nem mesmo a vontade excessiva demonstrada pelo Guarani pôde colaborar para que o placar fosse revertido. Aproveitando todos os espaços deixados pelo meio-campo bugrini, a Ponte jogou fácil no segundo tempo e criou chance atrás de outra. Aos 31, Cicinho recebeu de Enrico e bateu forte, mas a bola desviou no zagueiro e foi para escanteio.
De tão confiante, Kleina decidiu tirar Cicinho e colocar o atacante Rodrigo Pimpão, na intenção de aproveitar os contragolpes nos minutos finais. Aos 38, por pouco a Ponte não ampliou. Roger avançou pela esquerda e deixou a bola para Enrico, que arriscou o chute à direita de Emerson.
Fim dramático
Nos cinco minutos finais, Vadão deu sua cartada final para manter a invencibilidade no dérbi: chamou Ronaldo, que perdera a condição de titular. Em seu primeiro lance, o atacante decidiu para o Bugre, ao ser derrubado por Gerson dentro da área. Braghetto, tal qual no primeiro tempo, não teve dúvidas e marcou o pênalti. Fumagalli partiu para a cobrança e bateu alto no canto direito, sem nenhuma chance para Lauro, que até saltou no canto certo, mas não defendeu o chute.
Fumagalli vai até a câmera para vibrar o gol de empate no dérbi (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte / Varjota Esportes - Ce.
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