(Foto: Gabriel Fricke / Globoesporte.com)
Da Coreia do Sul para a Zona Oeste do Rio de Janeiro. Esse foi o longo caminho percorrido pelo meia Almir quando decidiu deixar o Incheon United, após cinco anos no futebol do país asiático - com uma curta passagem pelo Atlético-MG -, para jogar no Bangu. Conhecido por ter vivido boa fase no Botafogo em 2003, na campanha da Série B, o principal jogador alvirrubro na Taça Rio também já defendeu o Ulsan Hyundai e o Pohang Steelers.
Chamado de "Tanque Brasileiro" pela imprensa local por conta da força física, Almir sofreu com a adaptação ao estilo do futebol, mas virou ídolo no país. Segundo ele, o jogo mais veloz fez com que tivesse que alterar suas características. Mas durante essa passagem, viveu momentos complicados e cômicos. E, para isso, teve de deixar a vaidade de lado.
- Se for vaidoso, não se dá bem. Você tem que respeitar a cultura, tem que virar um coreano - brincou.
Da Coreia do Sul, ficaram as lembranças de uma vida muito diferente da atual, principalmente por conta da comida e da cultura, bastante diferentes do Brasil. A pedido do GLOBOESPORTE.COM, o jogador revirou a memória para relembrar as histórias mais marcantes.
Pipoca ou barata?
- Uma vez estava na praia, vi uns caras vendendo alguma coisa em um carrinho. Logo pensei: "É pipoca, vou lá comprar". Já tinha até pedido, mas na hora em que ia comprar vi que era aquela baratinha de guarda-roupa. E frita. Não comi, não: devolvi. Está maluco? Não tinha muita coragem para comer essas comidas diferentes (risos).
Carne de cachorro
- Tinha acabado um treino e o técnico chamou todo mundo. Ele perguntou alguma coisa, todo mundo começou a levantar a mão. Eu não sabia o que era, achei que devia ser bom. Levantei também. No hotel, disseram que era para saber quem queria carne de cachorro no almoço. Arrumei uma confusão, dei uma desculpa e acabei indo para um restaurante italiano. Nunca comi. O bichinho é criado para abate. Às vezes, na rua, passam carros fechados com os cachorrinhos amontoados. Não dá, não.
Decote do metrô
- Uma vez, no metrô, uma mulher que era chilena, esposa de um turista, estava vestindo uma blusa um pouco mais decotada, pouca coisa. No Brasil, seria perfeitamente normal, nada demais. Mas as pessoas ficavam olhando para ela. De repente, veio uma coreana reclamando, falando alguma coisa que não entendi e puxou a gola da camisa da chilena até que não ficasse mais à mostra.
Almir posa para fotos com fãs coreanos. De acordo com o jogador, o povo é bastante fechado, e é preciso conquistar a confiança deles (Foto: Divulgação)
Cabeça raspada- Uma vez o time, que era considerado grande na Coreia, estava mal no campeonato. Eles tinham investido muito, e o presidente estava revoltado. Um dia ele chegou no treino e mandou todo mundo cortar o cabelo, como punição. Eu falei: "O meu é ruim mesmo, não tem problema, não". Agora, o Leandro Machado (ex-jogador de Inter, Flamengo e Sport) sofreu bastante. Ele tinha o cabelo bom. Achei uma medida bem diferente.
Sem desfeita
- Se você estiver numa mesa com outras pessoas e te derem a comida, você tem que comer. Principalmente, se for o mais velho presente. Se você não come, é como uma desfeita, eles ficam revoltados mesmo. Se bobear, não te convidam mais. Em Hulsan arrumei uma saída: as cozinheiras me adoravam. Eu entrava na cozinha, ficava brincando com elas e saía de lá com um bife com arroz. Bem gostoso, igual ao do Brasil.
Varjota Esportes - Ce. / Globoesporte
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