A vitória do Friburguense por 3 a 1 sobre o Macaé na noite desta quarta-feira, pela Copa Rio, pode ter sido o palco de mais um caso de injúria racial no futebol brasileiro. Divulgada nesta quinta, a súmula assinada pelo árbitro José Waldson de Matos Modesto conta que, logo nos primeiros minutos do segundo tempo, um grito de "Macaco quer banana" veio da torcida do time de Nova Friburgo. O alvo seria o jogador Bruno Alves, camisa 10 do Macaé.
No documento, José Waldson diz que foi avisado das ofensas pelo quarto árbitro da partida e que, imediatamente, informou ao delegado e aos dirigentes da equipe mandante – no caso, o Friburguense. De acordo com o árbitro, uma força-tarefa foi organizada para identificar o autor do insulto, mas ele não foi encontrado. Vale lembrar que, no momento do grito, o Macaé vencia a partida por 1 a 0.
Relato do árbitro José Waldson cita injúria racial na partida da Copa Rio (Foto: Reprodução)
O supervisor de futebol do Frizão, José Siqueira, o Siqueirinha, estava no Estádio Eduardo Guinle no momento e narra o que viu. Siqueirinha foi um dos responsáveis por tentar achar o torcedor.
– No Eduardo Guinle, nós temos o vestiário dos times e temos o da arbitragem. Embaixo, tem essa área onde ficamos para acompanhar o jogo bem de perto. Aí eu estou vendo o quarto árbitro discutindo com o Josué (Teixeira, técnico do Macaé), que ficava gesticulando que não pode e tal. Não estava entendendo, porque não estava acontecendo nada no campo. Nisso, fui até o vestiário do quarto árbitro e perguntei a um dos gandulas o que que houve. Aí ele disse: "Parece que chamaram o número 10 de macaco." Eu pensei: "Está de sacanagem!" No primeiro momento, busquei identificar. Inclusive, falei com o Valtinho (presidente do Macaé), que estava bem perto de onde sairam os gritos. Perguntei se tinha visto alguma coisa, e ele disse: "Escutei, mas não vi nada" – relata Siqueirinha.
SAIBA MAIS
Temendo possíveis punições, o supervisor lembra o recente caso do Grêmio (que foi expulso da Copa do Brasil depois que uma torcedora foi flagrada chamando o goleiro Aranha, do Santos, de macaco) e afirma que é contra tal pena.
– Não tinha como, no momento, saber quem fez e quem não fez. Isso agora faz parte da mídia. Infelizmente, você vê que tem vários casos, e nós somos totalmente contra. Mas tem que ser avaliado até que ponto o clube tem a ver com isso. Na decisão do Grêmio, por exemplo, eu sou contrário. Falamos muito de punição com os clubes, mas não vemos campanha em relação ao preconceito. E as punições que são tomadas são de perda de mando de campo, portões fechados. Mas eliminação... Olha, eu fico doido. Não sei o rumo que isso pode tomar.
Bruno Alves teria sido o alvo das ofensas citadas pelo árbitro (Foto: Tiago Ferreira/Divulgação)
Confira, na íntegra, o relato do árbitro na súmula:
"Aos 07 (sete) minutos do 2º tempo, após cobrança do arremesso lateral, onde a bola saiu para o time do canto, fui chamado pelo 4º árbitro, srº Wandemberg de Araújo Farias Alves, que me relatou o seguinte fato, "Ouvi de parte de um torcedor posicionado na arquibancada do lado da torcida do Friburguense, a seguinte frase, quando o atleta número 10 (dez), srº Bruno Alves de Souza da equipe visitante, mantinha a posse a bola, "Macaco quer banana". Cabe ressaltar que o 4º árbitro não viu fisicamente o torcedor e sim escutou a tal palavra. Imediatamente solicitei que comunicasse o fato ao policiamento do jogo, ao delegado da partida e aos dirigentes da equipe mandante. Observei a presença de dirigente da equipe mandante na tentativa de identificar o infrator, fato que infelizmente não aconteceu até o término da partida. Cabe ressaltar que o tal fato foi presenciado por todo o componente no banco de reserva da equipe do Macaé Esporte F.C."
Varjota Esportes - Ce. / Globoesporte.
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