Com 11 gols em 170 jogos pelo Flamengo, e participações importantes no Carioca de 1991 e no Brasileiro de 1992, o ex-zagueiro Júnior Baiano foi tratado por Vanderlei Luxemburgo como a "vida passada" de Welinton dentro do clube. O treinador apontou semelhanças entre os dois e vê risco de o defensor acabar mais valorizado fora do que dentro do clube. Baiano discordou do comandante flamenguista. Para ele, falta personalidade ao zagueiro.
- Não acho parecido, não. O Welinton tem medo de tentar fazer as coisas. Quando eu era novinho, não tinha medo de nada. Tem bola em que ele pode dominar e dar um passe, mas ele prefere dar o chutão. E quando é preciso dar o chute, ele chuta mais forte ainda (risos). É só chutão, chutão, chutão... Tem de parar com isso - analisou, em entrevista por telefone.
Vale destacar que, apesar da sugestão do ex-atleta, Welinton foi expulso contra o Vasco justamente após evitar um chutão e tentar um toque de efeito no campo de defesa.
O termo "zagueiro-zagueiro", criado por Vanderlei para identificar um defensor que não brinca em serviço e maciçamente atrelado ao ex-vascaíno Odvan, é totalmente contrário às preferências de Baiano. Ele acredita que é preciso jogar, não apenas desarmar. A falta de recursos apresentada por Welinton atualmente, segundo o ex-jogador, deve-se à insegurança e à falta de apoio (veja abaixo o vídeo da expulsão de Welinton contra o Vasco).
- Não adianta ser zagueiro-zagueiro. Certos jogadores só conseguem as coisas quando tentam. Sempre gostei de sair para o jogo e de atacar. Treinava faltas e pênaltis. Zagueiro não pode ser só zagueiro. Tem de saber dar um passe, um drible... Não pode dar chutão, só quando acontece alguma m... Está faltando ao Welinton personalidade. Agora, acredito que também falta apoio ao garoto. Amigos, companheiros e o treinador precisam conversar com ele - cobrou.
A tal possível saída de Welinton, ventilada por Vanderlei Luxemburgo, não é vista com bons olhos por Júnior Baiano. Ele insiste que é preciso apoiar o jovem, atualmente com 22 anos, mas também cobra uma atitude mais incisiva do zagueiro. O ex-jogador também discorda que um eventual empréstimo seria semelhante à sua primeira transferência, do Fla para o São Paulo, no fim de 1993.
Baiano tem três passagens pelo Fla, com 32 gols em 335 partidas
- Ele tem potencial, mas para jogar no Flamengo tem que ter aquilo roxo. As pessoas precisam ajudá-lo, o garoto tem potencial. Acontece muito com o Flamengo de um jogador sair e começar a jogar para caramba em outro clube. No meu caso, acho que não tem nada a ver. Eu não saí para ganhar experiência nem fui emprestado. O negócio foi muito bom para o Fla e melhor ainda para mim. Saí porque era rotulado como violento, pois chegava muito duro nos outros e brigava demais pelos meus amigos. Mas nunca reclmaram das minhas saídas de bola. Eu dominava, driblava e gostava de atacar. Sempre me deixaram fazer isso porque eu tinha qualidade - distinguiu.
Baiano também tratou de enumerar as qualidades que disse observar em Welinton. Além disso, passou algumas dicas para o garoto.
- Ele é um moleque que tem bom passe, velocidade e sabe dominar bem uma bola. Só precisa jogar um pouco mais duro. Com um corpo daquele dá para dividir a bola numa boa e protegê-la. É um jogador com qualidade, mas precisam conversam com ele. O Vanderlei conhece melhor do que eu as qualidades dele. Se está colocando em campo, é porque sabe jogar.
Questionado sobre qual seria sua preferência se estivesse na pele de Welinton, o ex-jogador não titubeou e garantiu que nem pensaria em deixar o Flamengo. Só se esquivou quando perguntado se colocar o Welinton no banco seria uma medida interessante para acalmar a torcida e dar mais tranquilidade ao jogador.
- Se fosse comigo, eu ia querer jogar. Mas aí vai de cada um. Só se aprende jogando. As dificuldades vão passar. Até o Gaúcho que é o Gaúcho (Ronaldinho) passou por dificuldades. Se ele tem de ir para o banco eu não sei, mas o titular daquela zaga, na minha visão, é o Angelim. Aí teriam de optar pelo Welinton, David (Braz) ou pelo Pirulito (Alex Silva).
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