Times do NE abrem mão de jogar em casa para lucrar com o Santa Cruz-PE Equipes deixam de jogar em casa e mandam seus jogos em João Pessoa. Time potiguar recebeu o equivalente a quatro folhas de pagamento por isto


jogar fora de casa mesmo quando você é o mandante da partida. Normalmente isto acontece quando o clube sofre algum tipo de punição, mas na Série D do Campeonato Brasileiro isto nem sempre é verdade. Neste domingo, o Santa Cruz do Rio Grande do Norte repetiu o que o também potiguar Alecrim já tinha feito e aceitou jogar contra o Santa Cruz de Recife em João Pessoa, capital da Paraíba. Enfrentou 219 km de estradas, percorridas de ônibus em três horas, para jogar diante de uma torcida 100% pernambucana e hostil.
O motivo de tudo isto, óbvio, é financeiro. Os times cederam a uma “proposta tentadora” do clube pernambucano, bem mais estruturado e que disputa com o Sport o título de maior torcida de Pernambuco. Tentando desesperadamente sair da incômoda Série D, o Santa Cruz de Recife ofereceu até R$ 200 mil aos times mandantes que aceitarem jogar contra ele em João Pessoa. Em troca, o time recifense fica com a renda total do jogo.
torcida do santa cruz em joão pessoa (Foto: Phelipe Caldas)Torcedores do time pernambucano invadiram a capital paraibana (Foto: Phelipe Caldas)
Para se ter uma ideia, o Santa Cruz potiguar manda seus jogos no Estádio Iberê Ferreira de Sousa, o Iberezão, que tem capacidade para 5.013 pessoas e está localizado na cidade que batiza o time. Na competição nacional, o Santa-RN já fez dois jogos no local e teve uma renda acumulada de apenas R$ 12.255. Foram 474 pagantes no primeiro jogo contra o Porto-PE e 583 pagantes no “clássico” contra o Alecrim.
Agora, em apenas uma partida eles desembolsaram R$ 200 mil, dinheiro suficiente para pagar quatro folhas de pagamento do time potiguar.
Nosso maior salário não passa de R$ 2 mil, mas ainda assim seguimos na liderança"
Jackson Jaedson
- A questão financeira pesou, claro. Somos um clube de pequeno porte que tenta sobreviver neste conturbado mundo do futebol. Não é fácil manter um time de futebol profissional e neste momento da competição não tínhamos como abrir mão desta oferta que gira em torno de R$ 200 mil – declara Jackson Jaedson, diretor de futebol do clube potiguar.
Líder do Grupo A3, o Santa Cruz do Rio Grande do Norte corria o risco de perder a liderança para o xará mais famoso caso perdesse a partida, o que acabou não acontecendo, já que a partida terminou em 0 a 0. O resultado deixou os pernambucanos na vice-liderança.
- Futebol é decidido nas quatro linhas. Temos uma folha que gira em torno de R$ 50 mil, três ou quatro vezes menor do que o do Santa Cruz-PE. Nosso maior salário não passa dos R$ 2 mil, mas ainda assim seguimos na liderança – declara.
Quem não gostou muito da ideia foi o técnico do clube, Paulo Moroni, que criticou duramente a qualidade do Estádio Almeidão, local da partida na cidade de João Pessoa. Moroni foi técnico do Botafogo-PB na primeira parte do Campeonato Paraibano de 2011 e mandava seus jogos no estadual justamente no Almeidão.
- Fiquei impressionado. O campo do estádio hoje está bem pior do que era na minha época. Só tem buraco e lama. Ninguém gosta de abrir mão de jogar em casa, principalmente se a outra opção é um campo tão ruim como este. Mas temos que respeitar as decisões da diretoria – frisou.
A propósito, não apenas o técnico conhece bem o local da partida contra o Santa Cruz de Recife. Outros cinco jogadores que estiveram em campo pelo time potiguar já jogaram no clube da capital paraibana: Genivaldo (goleiro que se transformou no principal ídolo da torcida pessonese no primeiro semestre); Rafinha, Rogerinho, Geriel e Cristiano Tiririca.
Rendas
Pelo lado do Santa Cruz, ninguém fala abertamente sobre o dinheiro desembolsado para jogar em João Pessoa. Mas o fato é que estas seguidas manobras farão com que o time pernambucano jogue apenas na primeira fase até sete vezes diante de sua torcida. Quatro vezes no Arruda, em Recife, e mais três em João Pessoa e a transferência do jogo com o Guarany de Juazeiro se confirmar.
A empolgação da torcida pernambucana, no entanto, caiu bastante entre a primeira e a segunda partida na capital paraibana. Contra o Alecrim, o Santa levou para João Pessoa 13.126 torcedores pagantes, para uma arrecadação de R$ 265.370. Desta vez, no entanto, o público foi de “apenas” 4.129 torcedores, para uma renda de R$ 85.290.
Mas se depender do vigilante Jerônimo Santana, de 37 anos, o time coral vai sempre ter um bom público o acompanhando na campanha da Série D. Seja em João Pessoa ou até mesmo na lua.
- Nós amamos o Santa Cruz. E em nome desta paixão, nós vamos até ele for. Se o Santa jogar na lua eu estarei lá para vibrar com ele – declarou aos gritos, devidamente posicionado na Arquibancada Sombra do Almeidão, a postos para a partida que estava próxima de começar.
torcida do santa cruz em joão pessoa (Foto: Phelipe Caldas)Torcida organizada do Santa Cruz também viajou para João Pessoa (Foto: Phelipe Caldas)        
   
   Globoesporte.com

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