Jogada ENTREVISTA Agora, o jogo dele é outro

Ronaldo Nazário, Conselheiro administrativo do COL
Clique para Ampliar
REUTERS
O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, e o secretário-geral da Fifa Jérôme Valcke se encontraram na quinta-feira para debater entraves da Lei Geral
Clique para Ampliar
VIVIANE PINHEIRO
Equipamento foi apresentado pelo Governo do Estado como um possível local para sediar o sorteio final das chaves da Copa de 2014
Antes de chegar a Fortaleza, Ronaldo conversou com o Diário. Hoje, ele e Jérôme Valcke visitam o Castelão e o Centro de Eventos do Ceará

Em pouco mais de um mês como membro do Comitê Organizador, você já conseguiu conhecer um pouco mais o trabalho do COL?
Na verdade, eu tive bem pouco tempo até agora. Fui apresentado no início de dezembro e pouco depois começaram as férias do Comitê. Mas o que eu posso dizer é que já comecei a tomar conhecimento de tudo. É uma estrutura bem grande e não é fácil. Acho que todos deveriam conhecer a fundo esta estrutura, pois existe muita desinformação. Estou me aprofundando, buscando armazenar conhecimento. A Copa é um aprendizado diário.

Qual é o seu maior desafio pessoal nesta função?

Desde o meu primeiro contato como membro do Conselho de Administração eu disse que meu grande objetivo era fazer uma Copa para os brasileiros e que eu ia batalhar para que todos pudessem se orgulhar ao final da Copa. Em pouco tempo, acho que já conseguimos alguns avanços. Acho que o povo vai se aproximar cada vez mais da Copa e vai se orgulhar dela no futuro.

A percepção de Copa do Mundo entre os brasileiros já está mudando?

Acho que sim. Veja bem: no início do ano passado só falavam do atraso dos estádios. Que não ia ficar nada pronto, que não ia ter Copa em São Paulo, que alguns estádios iam ser entregues na véspera da Copa. Hoje, já tem até arquibancada. Eu vou ter a oportunidade de ver alguns estádios de perto agora, mas pelo que sei, muita coisa está adiantada. Acho que aos poucos o povo está percebendo isso também.

O ano de 2012 é considerado decisivo na organização da Copa do Mundo da Fifa. Os brasileiros podem estar confiantes no sentido de que o torneio passará a ser uma realidade?

Com certeza. Lá atrás, eu falei dessa desinformação, que ajuda a criar uma imagem falsa das coisas... Neste ano já teremos a mascote e o slogan. Alguns estádios estão ficando prontos. Acho que os brasileiros vão começar a sentir que a Copa do Mundo realmente vai ser na nossa porta.

Qual o seu calendário de visitas em 2012 para as sedes?

Não existe um calendário ainda. Vou visitar Fortaleza e Salvador agora. Mas quero visitar as 12 sedes. Há muito o que fazer. Não sei em quanto tempo vou conseguir visitar todas.

O que você espera ver nesta primeira visita? E o que mais vai observar?

Pelo que eu tomei conhecimento, Fortaleza está bem adiantada. Eu lembro que foi em Fortaleza que voltei a jogar pela Seleção, pouco antes da Copa de 2002 e já era um estádio bem bonito. Mas, por mais que a gente tenha uma ideia do que está sendo feito pelas fotos, ao vivo é bem melhor, né?

Como você enxerga o papel de protagonista que Fortaleza recebeu na Copa 2014, apontando uma descentralização da representatividade do futebol brasileiro?

Lembro que a festa do título mundial de 2002 aconteceu no Ceará. As pessoas precisam entender que a Copa é de todos os brasileiros. Se Fortaleza tem um bom estádio e tem condições de receber um jogo de grande importância, por que a Seleção não pode jogar lá? Fortaleza é uma cidade linda, tem atrações turísticas que todos se orgulham, uma rede hoteleira excelente. O Ceará é um dos estados que mais cresce no Brasil. Acho que vai ser bem importante até para dar uma cara de Brasil aos jogos da Copa.

Ronaldo Nazário
Conselheiro administrativo do COL


Lei Geral da Copa segue promovendo discórdia
A Fifa não abrirá mão de ser ressarcida caso algum desastre natural ou problema de segurança afete a Copa das Confederações de 2013 e a Copa do Mundo de 2014. Este foi o recado dado, ontem, pelo secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, em entrevista em Brasília (DF) ao lado do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, e do representante do Comitê Organizador Local (COL), o ex-jogador Ronaldo.

Valcke está no Brasil nesta semana para visitar duas cidades-sede, Fortaleza e Salvador (BA), e fazer novas negociações sobre o projeto da Lei Geral da Copa, que ainda está pendente de votação no Congresso.

Ponto polêmico
A discussão sobre a responsabilidade civil da União em relação ao evento foi o principal entrave para a votação do projeto em dezembro do ano passado.

Uma versão do texto apresentada pelo relator Vicente Cândido atendia a pedidos da Fifa e determinava que o governo brasileiro deveria responder por danos a bens e pessoas "independente de culpa" e por fatos de "qualquer natureza", inclusive os de "força maior". A proposta uniu governo e oposição contra o texto e a votação será em 2012.

Ontem, Valcke reforçou ser objetivo da entidade conseguir essas garantias. "Desastre natural, segurança no país, isso não pode ser responsabilidade da Fifa, tem que ser do governo", retrucou Valcke. O secretário-geral afirmou que é preciso encontrar uma redação que atenda a esse objetivo.

O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, disse que o Brasil vai cumprir apenas o que foi prometido à entidade em 2007, quando foi firmado o acordo para sediar o evento. Ele não quis dizer se isso inclui a responsabilização por eventuais desastres naturais, por exemplo.

Ingressos

Valcke reclamou da negociação com o País em relação à política para a venda de bilhetes para a Copa do Mundo. "Já ouvi muitas coisas malucas em relação aos ingressos", disse. Ele afirmou que é preciso discutir quem terá acessos a preços mais baixos dentro da chamada categoria 4, que prevê bilhetes a cerca de US$ 25,00. Ressaltou ser necessário que este benefício atenda apenas a quem não puder comprar.

A proposta em tramitação no Congresso inclui nessa categoria idosos, estudantes, indígenas e beneficiários de programas sociais. Jérôme, por sua vez, ironizou os constantes pedidos que tem recebido de autoridades brasileiras relativas ao evento. "O Brasil é o país que ganhou cinco vezes a Copa, aí vocês acham que podem pedir, pedir".

Centro de Eventos na trilha do Mundial
Após a visita de uma comitiva da Fifa no último dia 9 de dezembro de 2011, a obra do novo Centro de Eventos do Ceará recebe hoje a visita do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke. O equipamento tem mais 76 mil m² de área construída em um terreno de 17 hectares. Com mais de 91% da obra concluídos, o moderno Centro é apresentado pelo governo estadual como um possível local para sediar o sorteio final das chaves da Copa 2014.

Orçado em quase R$ 500 milhões, o equipamento é o segundo maior da América Latina, com capacidade para abrigar até 30 mil pessoas. Para complementar as obras do Centro, estão sendo priorizados os acessos ao equipamento e a melhoria do tráfego na região através da construção de quatro túneis. 


  DN  /  Varjota  Esportes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário