Há 20 anos, uma seleção desacreditada, que havia deixado o país longe dos holofotes sem dar uma entrevista sequer, escreveu o seu nome na história do esporte brasileiro ao voltar com um inédito título mundial para o basquete feminino. Foi heroico, histórico e espetacular. A "geração de ouro", comandada por Hortência, Magic Paula e Janeth, desbancou ninguém menos do que os Estados Unidos na semifinal e passou pela China em uma final emocionante na Austrália, em 1994. Dois anos depois, veio a prata olímpica em Atlanta. Se o futuro era promissor, o que se viu foi um declínio, a precariedade de um trabalho na base e a escassez de novos talentos. A regra, no entanto, não se aplica a Érika de Souza. Uma das melhores pivôs do mundo e fundamental para o sucesso do Atlanta Dream na WNBA (foram três finais desde a sua chegada), ela tem uma média de 15,2 pontos, 9,7 rebotes, 1,8 toco e 57,5% de aproveitamento nos arremessos em seu oitavo ano pela liga americana de basquete. Principal arma do Brasil na Copa do Mundo da Turquia, de 27 de setembro a 5 de outubro, a pivô lidera uma equipe que mais uma vez busca conquistar a confiança e o respeito de brasileiros e estrangeiros.
A estreia do Brasil será contra a República Tcheca, no próximo sábado, às 15h15 (de Brasília), com transmissão ao vivo do SporTV e cobertura em Tempo Real do GloboEsporte.com. Os assinantes do Canal Campeão também podem acompanhar os lances pelo SporTV Play.
Assim como em 1994, a seleção brasileira vive hoje uma reformulação. Mas, se para muitos o sonho do bicampeonato mundial parece algo distante, Érika vê um futuro vitorioso para o país. Sem apontar favoritos, a pivô de 1,97m acredita que todos podem garantir o seu lugar no pódio, e com o Brasil não será diferente.
- Sempre entro para ser campeã, não penso em outra possibilidade. Não vamos ficar pensando que há times A, B e C que podem ser melhores do que o Brasil. Se forem, depois eu comento. Mas agora quero ser campeã. Todos podem brigar pelo pódio e nós também vamos brigar - disse a estrela da WNBA, campeã da liga americana pelo Los Angeles Sparks, em 2002.
Estrela da WNBA, Érika, de 32 anos e 1,97m de altura, disputou este ano o All Star Game pela 3ª vez (Foto: Getty Images)
SAIBA MAIS
Este ano, a pivô foi convocada para disputar pela terceira vez o All Star Game pela Conferência Leste, desta vez, como titular, após uma votação popular (foi a quarta entre alas e pivôs com 12 mil votos). Um dos símbolos de uma geração que encantou o país com a prata no Mundial sub-21, em 2003, mas que acabou não vingando pela falta de apoio ao esporte, Érika vive o auge da carreira, aos 32 anos. Ela irá emprestar a experiência para as mais jovens na Turquia, um importante passo rumo a um objetivo maior, os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. Mas ressalta que sem um trabalho nas categorias de base não será possível sonhar com bons resultados no futuro. Para ela, a falta de uma visão empresarial em torno do esporte, assim como nos Estados Unidos, é outra carência que prejudica a evolução da modalidade no Brasil. A pivô que sempre honrou a amarelinha tem como um de suas missões ajudar a desenvolver o basquete no país.
GLOBOESPORTE.COM: Esse é o auge da sua carreira?
ÉRIKA: A cada ano, vivo sensações diferentes. Este ano, fui titular do All Star, situação que eu nunca havia vivenciado antes, as outras duas vezes fui reserva, e isso me deixa sempre motivada. Acho que estou no auge sim e espero ficar por alguns anos, se possível.
Como foi o seu início na WNBA? Passou dificuldades desde sua chegada aos EUA, em 2002, até o seu reconhecimento no mundo do basquete?
Com certeza, todo início é sempre muito complicado. Não falava nada de inglês, não havia saído do eixo Rio - São Paulo. Foi tudo muito difícil mesmo, mas sempre tive anjos que me ajudaram. Naquele time de 2002, eu tinha a Vendrana, que já tinha jogado no Brasil e foi ela quem me deu uma luz naquele começo nos Estados Unidos.
Sobre as meninas que nasceram em 1982 e formaram o grupo "As 82", o que você destacaria dessa época? Foi o momento que você foi apresentada para o mundo?
Não foi à toa que fomos vice do mundo da nossa categoria, foi uma geração muito boa e soubemos aproveitar isso. Além daquela equipe ainda tínhamos a Iziane que preferiu ficar na WNBA, ou seja, acredito que tenha sido a melhor ou uma das melhores gerações de todos os tempos, era realmente muito boa. Eu já tinha ido para a WNBA antes daquele Mundial, então acho que foi lá que eu saí da casca.
Vocês foram vice-campeãs mundiais sub-21, em 2003, na Croácia, e dessas meninas apenas você está até hoje na seleção. O Brasil ainda fez uma boa participação no Mundial de 2006 (quarto lugar), em São Paulo, mas vive atualmente um momento difícil. O que está faltando? O que precisa melhorar?
Fomos vice-campeãs, ganhamos dos Estados Unidos na fase de classificação, mas perdemos na final se não me engano por dois pontos. O que falta no Brasil é cuidarem da base e isso não é segredo para ninguém. Tendo base, o basquete frutifica. Os talentos que nascem são simplesmente porque o Brasil é grande e algo de repente acontece.
Quais as principais diferenças entre o basquete nos EUA e no Brasil? O que você traz da sua experiência lá para ajudar a desenvolver o esporte aqui no país?
Toda a estrutura que eles têm é diferente do mundo todo. Se juntássemos o mundo inteiro não teríamos o que se tem de ginásios e infraestrutura em geral. Não se pode comparar. Não precisa viver nos Estados Unidos nove anos para saber o que se precisa levar para o Brasil, basta passar uma semana aqui dentro de um clube. Aqui, tudo, desde seleções até os clubes e colégios são profissionais, são empresas. No Brasil, temos algumas pessoas que tentam fazer de tudo, mas não conseguem maiores resultados pela falta de cultura e de apoio. Quando entendermos que o basquete feminino dá resultado, que é um ótimo produto, e o tratarmos dessa forma, com certeza vamos ir muito mais longe em relação a tudo, não só dentro das quadras.
Como você vê o basquete no Brasil e a renovação que vem sendo implantada pela seleção brasileira de olho em 2016?
Temos jogadoras com grande potencial que precisam de experiência para estarem preparadas para 2016. Espero que elas tenham a chance de fazerem muitos amistosos de qualidade ate lá.
Como você avalia a sua última temporada pelo Atlanta Dream? E pelo Sport?
No Atlanta, sempre estou crescendo. Pelos números vejo que a cada ano vou melhor. No Sport Recife quero ainda dar mais. Podemos melhorar muito e espero que este ano seja assim.
ÉRIKA: A cada ano, vivo sensações diferentes. Este ano, fui titular do All Star, situação que eu nunca havia vivenciado antes, as outras duas vezes fui reserva, e isso me deixa sempre motivada. Acho que estou no auge sim e espero ficar por alguns anos, se possível.
Como foi o seu início na WNBA? Passou dificuldades desde sua chegada aos EUA, em 2002, até o seu reconhecimento no mundo do basquete?
Com certeza, todo início é sempre muito complicado. Não falava nada de inglês, não havia saído do eixo Rio - São Paulo. Foi tudo muito difícil mesmo, mas sempre tive anjos que me ajudaram. Naquele time de 2002, eu tinha a Vendrana, que já tinha jogado no Brasil e foi ela quem me deu uma luz naquele começo nos Estados Unidos.
Sobre as meninas que nasceram em 1982 e formaram o grupo "As 82", o que você destacaria dessa época? Foi o momento que você foi apresentada para o mundo?
Não foi à toa que fomos vice do mundo da nossa categoria, foi uma geração muito boa e soubemos aproveitar isso. Além daquela equipe ainda tínhamos a Iziane que preferiu ficar na WNBA, ou seja, acredito que tenha sido a melhor ou uma das melhores gerações de todos os tempos, era realmente muito boa. Eu já tinha ido para a WNBA antes daquele Mundial, então acho que foi lá que eu saí da casca.
Vocês foram vice-campeãs mundiais sub-21, em 2003, na Croácia, e dessas meninas apenas você está até hoje na seleção. O Brasil ainda fez uma boa participação no Mundial de 2006 (quarto lugar), em São Paulo, mas vive atualmente um momento difícil. O que está faltando? O que precisa melhorar?
Fomos vice-campeãs, ganhamos dos Estados Unidos na fase de classificação, mas perdemos na final se não me engano por dois pontos. O que falta no Brasil é cuidarem da base e isso não é segredo para ninguém. Tendo base, o basquete frutifica. Os talentos que nascem são simplesmente porque o Brasil é grande e algo de repente acontece.
Quais as principais diferenças entre o basquete nos EUA e no Brasil? O que você traz da sua experiência lá para ajudar a desenvolver o esporte aqui no país?
Toda a estrutura que eles têm é diferente do mundo todo. Se juntássemos o mundo inteiro não teríamos o que se tem de ginásios e infraestrutura em geral. Não se pode comparar. Não precisa viver nos Estados Unidos nove anos para saber o que se precisa levar para o Brasil, basta passar uma semana aqui dentro de um clube. Aqui, tudo, desde seleções até os clubes e colégios são profissionais, são empresas. No Brasil, temos algumas pessoas que tentam fazer de tudo, mas não conseguem maiores resultados pela falta de cultura e de apoio. Quando entendermos que o basquete feminino dá resultado, que é um ótimo produto, e o tratarmos dessa forma, com certeza vamos ir muito mais longe em relação a tudo, não só dentro das quadras.
Como você vê o basquete no Brasil e a renovação que vem sendo implantada pela seleção brasileira de olho em 2016?
Temos jogadoras com grande potencial que precisam de experiência para estarem preparadas para 2016. Espero que elas tenham a chance de fazerem muitos amistosos de qualidade ate lá.
Como você avalia a sua última temporada pelo Atlanta Dream? E pelo Sport?
No Atlanta, sempre estou crescendo. Pelos números vejo que a cada ano vou melhor. No Sport Recife quero ainda dar mais. Podemos melhorar muito e espero que este ano seja assim.
Este ano, o Atlanta Dream venceu o Minnesota Lynx de Damiris por 85 a 82 no "Brazilian Night", em Atlanta, que contou com apresentação de percussão, capoeira e dançarinos de samba, além de outros aspectos da cultura brasileira. Como foi a noite especial?
É uma noite muito especial aqui no Dream, quando o jogo é voltado para a cultura brasileira. tudo gira em torno desse tema e é muito interessante. tivemos danças, músicas, karaokê, sanduíche brasileiro. É uma noite que me sinto em casa, fico muito feliz pela iniciativa deles.
E o Mundial da Turquia, qual a expectativa?
Sempre entro para se campeã, não penso em outra possibilidade. Não vamos ficar pensando que há times A, B e C que podem ser melhores do que o Brasil. Se forem, depois eu comento. Mas agora quero ser campeã.
Você acha que o Brasil pode brigar pelo pódio?
Todos podem e nós vamos brigar.
Como foi ficar de fora da Copa América no ano passado? Foi difícil? O que pesou na sua decisão de pedir a dispensa para ajudar a sua equipe nos playoffs da WNBA?
Sabia que o Brasil tinha totais condições de ganhar, como foi feito. Já no Altanta a situação era bem diferente. Sempre defendi a seleção, em todos os anos, mas ano passado tive que fazer uma escolha diferente e vi que foi acertada.
É uma noite muito especial aqui no Dream, quando o jogo é voltado para a cultura brasileira. tudo gira em torno desse tema e é muito interessante. tivemos danças, músicas, karaokê, sanduíche brasileiro. É uma noite que me sinto em casa, fico muito feliz pela iniciativa deles.
E o Mundial da Turquia, qual a expectativa?
Sempre entro para se campeã, não penso em outra possibilidade. Não vamos ficar pensando que há times A, B e C que podem ser melhores do que o Brasil. Se forem, depois eu comento. Mas agora quero ser campeã.
Você acha que o Brasil pode brigar pelo pódio?
Todos podem e nós vamos brigar.
Como foi ficar de fora da Copa América no ano passado? Foi difícil? O que pesou na sua decisão de pedir a dispensa para ajudar a sua equipe nos playoffs da WNBA?
Sabia que o Brasil tinha totais condições de ganhar, como foi feito. Já no Altanta a situação era bem diferente. Sempre defendi a seleção, em todos os anos, mas ano passado tive que fazer uma escolha diferente e vi que foi acertada.
Varjota Esportes - Ce. / Globoesporte.
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